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Por O Globo, com agências internacionais — Tel Aviv

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, condicionou nesta quinta-feira qualquer negociação que envolva uma suspensão da guerra com o grupo terrorista Hamas à manutenção pelo Exército israelense do controle sobre o que chamou de "pontos-chave" da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito.

Em um discurso durante a cerimônia de formatura de oficiais das Forças Armadas de Israel, Netanyahu afirmou que aprovaria uma proposta de acordo com o Hamas que seguisse quatro princípios: permitir que Israel atinja todos os seus objetivos; impedir o contrabando de armas do Egito através do Corredor Filadélfia e da Passagem de Rafah; libertar o maior número de reféns na primeira fase de um eventual acordo; e proibir que integrantes dos grupos armados retornem ao norte do enclave palestino.

— Não permitiremos o contrabando de armas do Egito para o Hamas, principalmente através do controle do corredor de Filadélfia e da passagem fronteiriça de Rafah — disse Netanyahu, sem especificar se o acordo seria permanente.

O corredor de Filadélfia é uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito. Israel demarcou essa faixa de cerca de 100 metros de largura durante a segunda ocupação de Gaza, até sua retirada unilateral do território palestino em 2005. A passagem de Rafah é o único acesso a Gaza que não tem fronteira com Israel e está fechada desde que as tropas israelenses lançaram uma grande ofensiva terrestre no início de maio.

Invasão de Israel em Rafah: vídeo mostra momento em que tanque destrói letreiro 'Eu amo Rafah' — Foto: Reprodução
Invasão de Israel em Rafah: vídeo mostra momento em que tanque destrói letreiro 'Eu amo Rafah' — Foto: Reprodução

O impacto da imposição israelense nas negociações não está claro. O Gabinete de Netanyahu indicou que uma delegação liderada pelo Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, está a caminho do Cairo para continuar as conversas com os mediadores — Egito, Catar e EUA são os principais intermediários entre o governo israelense e o Hamas. Uma delegação enviada ao Catar, liderada pelo chefe do Mossad, David Barnea, retornou do Catar recentemente. Barnea esteve reunido com o premier do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, durante a viagem.

Mais cedo, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, afirmou que os negociadores fizeram progresso, mas que um cessar-fogo ainda é uma realidade distante.

— Os sinais são mais positivos hoje do que nos últimos meses, [mas] ainda há quilômetros a percorrer antes de fecharmos [um acordo], se formos capazes de fechar — disse Sullivan, durante uma entrevista coletiva, acrescentando que autoridades americanas estavam na região para trabalhar nos detalhes da negociação.

Em seu discurso, Netanyahu também voltou a fazer um aceno aos defensores de uma postura linha-dura contra o Hamas. O premier prometeu que as Forças Armadas continuariam a operar em Gaza até alcançar todos os seus objetivos, que listou: a eliminação do controle do Hamas na Faixa de Gaza, o retorno de todos os reféns, a frustração de qualquer ameaça futura a Israel a partir de Gaza e o retorno dos israelenses deslocados às suas casas no sul e norte.

— Há quem pergunte quanto tempo a campanha continuará — disse Netanyahu, citado pelo jornal Times of Israel. — Digo duas palavras: até a vitória. Até a vitória, mesmo que demore.

Sanções contra extremistas na Cisjordânia

Paralelamente nesta quinta-feira, os EUA anunciaram novas sanções contra extremistas israelenses acusados de incitar à violência na Cisjordânia ocupada. O Departamento de Estado informou em um comunicado que as sanções alcançariam três indivíduos e cinco entidades israelenses ligadas a atos de violência contra civis.

Entre as organizações sob embargo americano foi incluída a Lehava, descrita como a "maior organização extremista violenta de Israel", com mais de 10 mil membros.

— Encorajamos fortemente o governo de Israel a tomar medidas imediatas para responsabilizar essas pessoas e entidades. Na ausência de tais passos, seguiremos impondo nossas próprias medidas para responsabilizá-los — declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Os Estados Unidos, embora apoiem a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, têm advertido repetidamente Netanyahu sobre o risco da escalada de tensões na Cisjordânia, sede da Autoridade Nacional Palestina.

Colonos israelenses observam carga humanitária destinada a Gaza espalhada por estrada na Cisjordânia — Foto: Oren ZIV / AFP
Colonos israelenses observam carga humanitária destinada a Gaza espalhada por estrada na Cisjordânia — Foto: Oren ZIV / AFP

A expansão dos assentamentos tem aumentado consideravelmente desde que Netanyahu retornou ao poder no final de 2022 à frente de uma coalizão de direita radical favorável aos colonos. Israel distingue entre os "postos avançados" ilegais, construídos sem permissão do governo, e os assentamentos aprovados pelo Estado.

— Postos avançados como estes têm sido utilizados para deteriorar as terras de pastagem, limitar o acesso aos poços e lançar ataques violentos contra os palestinos vizinhos — disse Miller.

Recentemente, o governo israelense aprovou três postos avançados ilegais, o que a organização israelense Paz Agora qualificou como um novo passo em direção à "anexação" da Cisjordânia. (Com AFP e Bloomberg)

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