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Por — Rio de Janeiro

A queda do helicóptero em que estava a bordo o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, neste domingo, levantou suspeitas sobre a idade do Bell 212 e as condições de manutenção da aeronave, que, segundo o governo iraniano, caiu por falhas técnicas em meio a péssimas condições metereológicas. O Modelo de asas rotativas foi fabricado pela empresa Bell, dos Estados Unidos, e a imprensa local especula que a aeronave não recebia peças sobressalentes para manutenção desde 1986.

Segundo um piloto de helicóptero da Força Aérea Brasileira ouvido pelo GLOBO, o país enfrentava condições precárias para manter as aeronaves com origem nos EUA e precisava usar engenharia reversa e peças chinesas para manter os helicópteros voando.

— O Irã pode ter adquirido peças originais no mercado paralelo, mas é muito mais provável que tenha comprado peças similares de mercados aliados como o chinês ou fabricado no próprio país, sem o controle de qualidade devido — afirmou a fonte.

Imagem da TV estatal mostrou o presidente Ebrahim Raisi (à esquerda) com o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, durante a trágica viagem de helicóptero — Foto: IRINN/AFP/Getty Images
Imagem da TV estatal mostrou o presidente Ebrahim Raisi (à esquerda) com o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, durante a trágica viagem de helicóptero — Foto: IRINN/AFP/Getty Images

Qual era o helicóptero do presidente do Irã?

O Bell 212 entrou em serviço em 1968, e na década seguinte o Irã comprou diversas unidades do equipamento, quando Xá Mohammad Reza Pahlavi comandava o país e ainda tinha relações próximas com os Estados Unidos. Mas, desde a Revolução Islâmica de 1979 — que derrubou a monarquia — e as sanções impostas pelos Estados Unidos contra o programa nuclear iraniano, o país passou a enfrentar dificuldades para encontrar peças para helicópteros, caças e outros jatos com tecnologia dos EUA ainda em uso no país.

Algumas das aeronaves adquiridas no início da década de 1970, como os caças F-4 Phantom e F-14, são outros exemplos de modelos norte-americanos que ainda estão em serviço no Irã. Ao longo dos anos, a frota de máquinas fabricadas nos EUA foi diminuindo, enquanto o país criava estratégias para manter parte dos equipamentos.

Versão militar do Bell 212 usado pela Marinha da Itália — Foto: Marinha Italiana
Versão militar do Bell 212 usado pela Marinha da Itália — Foto: Marinha Italiana

Em 1986, teria ocorrido a última negociação secreta entre o Irã e os EUA, quando os países teriam trocado peças sobressalentes por reféns detidos por grupos apoiados pelo Irã no Líbano. Apesar disso, o país persa passou a contar com uma rede de contrabandistas, especialistas para fazer engenharia reversa nas máquinas e cópias feitas por indústrias chinesas.

Polícia da Espanha impediu importação de helicópteros

Em 2011, a Polícia da Espanha impediu a importação e confiscou nove helicópteros de transporte Bell e peças sobressalentes, e prendeu cinco empresários espanhóis suspeitos de tentar exportar ilegalmente os materiais apreendidos para o Irã.

Na época, o então ministro do Interior espanhol, Alfredo Perez Rubalcaba, disse que os helicópteros, cujos primeiros donos haviam sido Israel, eram destinados ao Irã e que estavam armazenados em galpões industriais em Barcelona e Madrid. A exportação dos helicópteros e peças sobressalentes, avaliados em US$ 140 milhões há 13 anos, era proibida pelas União Europeia após as sanções estabelecidas pelos EUA.

Decolagem do helicóptero no Irã — Foto: Ali Hamed HAGHDOUST / IRNA / AFP
Decolagem do helicóptero no Irã — Foto: Ali Hamed HAGHDOUST / IRNA / AFP

Conheça o modelo

O Bell 212 é a versão civil do helicóptero militar "UH-1N", segundo a Força Aérea americana, conhecido como "Twin Huey" e fabricado entre 1968 e 1978. Os UH-1N, bimotores, atuaram na Guerra do Vietnã, assim como o seu antecessor UH-1 Huey, monomotor —e que aparece em filmes como "Apocalypse Now" (1979) e "Rambo 2" (1985).

A Bell Helicopter anuncia a versão mais recente, o Subaru Bell 412, para uso policial, transporte médico, transporte de tropas, indústria de energia e combate a incêndios. De acordo com os documentos de certificação de tipo da Agência de Segurança da Aviação da União Europeia, pode transportar 15 pessoas, incluindo a tripulação.

As organizações não militares que pilotam o Bell 212 incluem a Guarda Costeira do Japão; agências de segurança e bombeiros nos Estados Unidos; a polícia nacional da Tailândia; e muitos outros. Não está claro quantos o governo do Irã opera, mas sua Força Aérea e Marinha têm um total de 10, de acordo com o diretório 2024 das Forças Aéreas Mundiais da FlightGlobal.

Como aconteceu o acidente que matou Ebrahim Raisi?

O helicóptero que transportava o presidente caiu em uma parte remota do país, e foi necessária uma grande operação de busca e resgate de 13 a 15 horas para finalizar o resgate, já que condições climáticas desfavoráveis, incluindo neblina espessa, frio severo e chuva dificultaram os trabalhos.

Quem era Ebrahim Raisi?

Acusado por muitos iranianos e ativistas de direitos humanos de ter um papel em execuções em massa de prisioneiros políticos nos anos de 1980, Raisi nasceu em 1960 em Mashad — segunda maior cidade do Irã, na região nordeste, e lar do santuário xiita mais sagrado do país — e perdeu o pai, que era clérigo, quando tinha apenas cinco anos.

Aos 15, Raisi, seguiu os passos do genitor e entrou em um seminário na cidade sagrada de Qom. Enquanto era estudante, participou de protestos contra o Xá apoiado pelo Ocidente, que acabou por ser deposto em 1979 na Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, depois da qual ingressou no Judiciário e ascendeu cedo a cargos importantes enquanto era treinado pelo aiatolá Ali Khamenei, que se tornou presidente do Irã em 1981.

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