As Forças Armadas de Israel (IDF) recuperaram os corpos de três reféns em um túnel na Faixa de Gaza, anunciou o porta-voz da instituição, Daniel Hagari, em entrevista coletiva nesta sexta-feira. Segundo ele, os corpos, encontrados na noite desta quinta-feira, foram identificados como Shani Louk, de 23 anos, Amit Buskila, 28, e Itzhak Gelernter, 58. Todos estavam no festival Universo Paralello, atacado por terroristas do Hamas durante a invasão sem precedentes do sul israelense em 7 de outubro. As famílias das vítimas já foram avisadas.
- Alimentos e 30 mil kits de higiene: Píer de R$ 1,6 bi construído pelos EUA em Gaza recebe primeiros caminhões de ajuda
- Segundo relatório: Israel atacou ao menos 8 operações humanitárias em Gaza mesmo com aviso prévio de organizações
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou a operação militar e disse estar de “coração partido” com a notícia. Em comunicado no X (antigo Twitter), o premier afirmou que, ao lado de sua mulher, Sara, ele está “de luto com as famílias”. “Devolveremos todos os nossos reféns, quer estejam eles vivos ou mortos. Eu agradeço às nossas forças corajosas que, com uma ação determinada, devolveram os nossos filhos e filhas para casa”, declarou.
Shani, a DJ alemã sequestrada pelo Hamas, foi uma das primeiras reféns a ser identificada. Logo após o ataque, sua mãe, Ricarda Louk, confirmou que era ela a mulher que aparecia em um vídeo seminua na traseira de uma caminhonete conduzida por homens armados. Em imagens compartilhadas nas redes sociais, é possível ver que uma pessoa chegou a cuspir no corpo dela. Ainda em outubro, porém, a família da jovem já acreditava que ela tinha sido morta antes de ser levada para Gaza.
![Shani Louk, DJ alemã de 23 anos, foi encontrada morta por militares das Forças Armadas de Israel (FDI); ela foi sequestrada por terroristas do Hamas durante ataque de 7 de outubro de 2023 — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/pHLZzVnP4WbekW-DnAwr1dmq95E=/0x0:486x276/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Q/i/aAYe9tRaWmspaFb0XLEg/shanukkk.png)
Na época, Ruthi Louk, tia da jovem, disse à imprensa israelense que um fragmento do crânio de Shani foi recolhido no local da rave pela Zaka, organização de ajuda humanitária que recuperou evidências forenses após a invasão do Hamas. Conforme publicado pelo Wall Street Journal, especialistas analisaram o material genético e comprovaram ser da DJ. De acordo com o jornal Haaretz, o Instituto Nacional de Medicina Forense afirmou que o fragmento indicava um ferimento ao qual ela não poderia ter sobrevivido. O Ministério das Relações Exteriores de Israel, então, confirmou a morte da artista numa postagem no X.
— Presume-se que ela foi arrastada para aquela caminhonete depois de já estar morta — disse Ruthi a uma rádio israelense na ocasião. — Talvez possa haver conforto ao pensar que ela morreu rapidamente, e que o abuso contra seu corpo talvez tenha ocorrido quando ela já havia partido.
- 'Guerra é trágica, mas não há genocídio': Israel diz que acusação de África do Sul está desconectada dos fatos
Nesta sexta-feira, o pai dela, Nissim, afirmou ao Canal 12 que sua família foi informada de que uma equipe de comando encontrou os corpos e que o estado deles era “muito bom”, já que estavam num túnel “relativamente profundo e muito frio”. Nissim disse que a notícia foi “difícil de receber”, embora também tenha sido algo pelo qual ele esperava. Segundo ele, militares mostraram uma fotografia do corpo de Shani quando deram a notícia. O pai da jovem convocou os israelenses para comparecer ao funeral dela no domingo e disse estar de luto, mas também “aliviado”.
De acordo com o Exército de Israel, as três vítimas fugiram da rave para o cruzamento de Mefalsim, onde foram assassinados por terroristas do Hamas. Na sequência, seus corpos foram levados para Gaza. Os restos mortais deles foram recuperados numa operação conjunta do Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, e das IDF, com base em informações dos serviços secretos.
As vítimas do festival corresponderam a quase um terço das cerca de 1,2 mil pessoas mortas no ataque de 7 de outubro, a maioria delas civis. Das 252 pessoas feitas reféns naquele dia, mais de 100 foram libertadas em uma trégua temporária em novembro, e autoridades israelenses estimam que 88 ainda estejam vivas em cativeiro, onde também estariam 37 corpos. Um novo acordo para garantir o retorno dos reféns restantes tem sido difícil de alcançar apesar de uma série de negociações mediadas pelo Catar e Egito.