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Por O Globo

Santo de devoção de milhões de pessoas ao redor do mundo, de diferentes denominações cristãs e de outras religiões, São Jorge é o padroeiro, além do Rio de Janeiro, de vários países em diferentes continentes, e sua imagem e símbolos frequentam bandeiras, brasões e discussões políticas.

Um dos primeiros locais a celebrar o legado do soldado romano venerado como um mártir cristão foi a Palestina. Segundo a história, sua mãe era da cidade de Lydda (hoje Lod, em Israel, onde acredita-se que seu corpo esteja enterrado), e acredita-se que tenha vivido nos arredores de Belém, na Cisjordânia. Igrejas levam seu nome no território palestino, e multidões participam de cerimônias na aldeia de al-Khadr — como algumas denominações ortodoxas usam o antigo calendário juliano em celebrações religiosas, a festa princiipal ocorre entre os dias 5 e 6 de maio.

— Nós todos acreditamos que São Jorge vai nos ajudar quando precisarmos dele. Se você sofre um acidente, a primeira coisa que diz é “Ya Khadr”, isso significa que estamos chamando São Jorge para nos ajudar — disse à BBC, em 2014, George Elias Saba Thalgieh, dono de um café em Ramallah chamado “George”, membro de uma família onde o nome do santo é recorrente. — Eu amo seu nome. Nosso avô se chamava George. Eu sou George, e meus filhos darão a seus filhos o nome George.

A data é lembrada em outras comunidades cristãs na região, como no Líbano, onde o nome George é comum, na Síria, Jordânia e Iraque. Em 2014, durante a invasão do grupo terrorista Estado Islâmico à cidade iraquiana de Mossul, o monastério de São Jorge, construído no século XVII, foi parcialmente destruído, e há três anos passa por trabalhos de restauração.

Peregrino visita a Igreja de São Jorge, na cidade etíope de Lalibela — Foto: Damon Winter/The New York Times
Peregrino visita a Igreja de São Jorge, na cidade etíope de Lalibela — Foto: Damon Winter/The New York Times

No continente africano, São Jorge é o padroeiro da Etiópia, lar de uma das mais antigas comunidades cristãs do planeta. O santo dá nome a várias igrejas, incluindo um dos templos escavados na pedra na cidade de Lalibela, catedrais, como a da capital, Addis Abeba, times de futebol e até a uma popular cerveja. Acredita-se que a devoção a São Jorge tenha sido introduzida no país (e na vizinha Eritreia) através do contato com outras denominações cristãs orientais, como os coptas, no Egito.

Na Europa, duas pequenas nações na região do Cáucaso — Armênia e Geórgia — são símbolos inconfundíveis da devoção.

Entre os armênios, que com frequência lembram o fato de terem sido a primeira nação a adotar o cristianismo como religião de Estado, no século IV, não são poucos os que afirmam que Jorge tem laços de sangue com seu país. A Igreja Armênia festeja o santo guerreiro no final de setembro.

Na Geórgia, a Cruz de São Jorge está na bandeira branca e vermelha, criada no século XII, abandonada durante o período soviético e retomada em 2004, em meio à Revolução das Rosas. No país, há duas celebrações do dia do santo: 6 de maio (seguindo o calendário juliano) e 23 de novembro — na segunda data, os fiéis lembram da tortura infligida a ele.

Dentro da cultura popular, a Inglaterra é o mais famoso país a ter São Jorge como padroeiro, e onde seu nome e seus símbolos estão ligados ao nacionalismo. Tal como os georgianos, os ingleses levam a cruz vermelha na bandeira, e os primeiros registros locais sobre ele datam do século VII. Por volta do século XV, o reino chegou a celebrar a data do santo como um feriado nacional, uma regra abandonada há muitas décadas.

Frequentemente, políticos apresentam propostas retomar o feriado, entre eles o ex-premier Boris Johnson, e organizações culturais incentivam eventos públicos na data — em Londres, a prefeitura organizou um festival na Praça Trafalgar no domingo, com farta presença de roupas festivas e bandeiras brancas e vermelhas.

No Leste Europeu, a história de Jorge é uma das mais comemoradas nas igrejas ortodoxas, em especial por sua imagem de soldado e guerreiro. Ele é o santo padroeiro da Moldávia, tem um feriado em sua homenagem na Bulgária, e é lembrado em festas, inclusive de populações não cristãs, em países como Bósnia e Herzegovina, Macedônia do Norte, Kosovo e Montenegro, que incluem temas folclóricos e tradições de muitos séculos. Na Sérvia, estima-se que um terço da população tenha Jorge como santo de devoção. Assim como na Palestina e na Geórgia, os festejos seguem o antigo calendário e ocorrem no dia 6 de maio.

Foto de homem morto em combates no Leste da Ucrânia, com uma Fita de São Jorge presa, em cemitério de Donetsk — Foto: Brendan Hoffman/The New York Times
Foto de homem morto em combates no Leste da Ucrânia, com uma Fita de São Jorge presa, em cemitério de Donetsk — Foto: Brendan Hoffman/The New York Times

Embora não seja o patrono da Federação Russa, São Jorge está no brasão do país, na camisa da seleção de futebol, e estampa os documentos oficiais de Moscou, que administrativamente é considerada uma Cidade Federal. Um dos principais símbolos militares russos é a Fita de São Jorge, derivada da mais elevada honraria criada nos tempos imperiais — apesar do Kremlin associá-la hoje à vitória sobre o Eixo na Segunda Guerra Mundial, historiadores apontam que a fita poderia até, em determinados casos, levar seu portador para uma visita à polícia nos tempos da União Soviética.

A ordem foi restabelecida em 1998 pelo presidente Boris Yeltsin, e além de estampar cartazes e propaganda militar (inclusive sobre a guerra na Ucrânia), ela é recorrente em atos de grupos nacionalistas e de extrema direita. Em 2017, o símbolo foi banido pelo então presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, alegando que se tratava de um "símbolo da agressão russa", uma medida replicada por Alemanha, Moldávia, Geórgia, Letônia, Lituânia e Estônia desde fevereiro de 2022.

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