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Por O Globo e agências internacionais — Porto Príncipe

O influente líder de uma das gangues que assolam o Haiti, Jimmy Cherizier, conhecido como “Barbecue”, ameaçou, na terça-feira, com uma “guerra civil” se o primeiro-ministro, Ariel Henry, permanecer no poder no país caribenho, palco de uma onda de violência que deixou mais de dez mortos desde o fim de semana. Segundo a imprensa americana, o governo dos EUA já pressiona Henry para que renuncie ao cargo.

— Se Ariel Henry não renunciar, se a comunidade internacional continuar a apoiá-lo, caminhamos para uma guerra civil que levará ao genocídio — declarou Cherizier durante uma entrevista coletiva, cercado por homens encapuzados e portando rifles de assalto, em uma favela de Porto Príncipe.

Os bandos armados, que controlam áreas inteiras do Haiti, incluindo a capital Porto Príncipe, anunciaram na semana passada que estavam unindo forças contra o governo e, desde então, têm realizado ataques a infraestruturas e locais estratégicos, aproveitando uma viagem internacional do primeiro-ministro. No sábado, os criminosos invadiram uma prisão e libertaram mais de três mil detentos, e na segunda-feira tentaram assumir o controle do aeroporto de Porto Príncipe, mas foram impedidos por forças de segurança. Empresas aéreas internacionais suspenderam todos os voos para o Haiti por tempo indeterminado, por causa da falta de garantias de segurança — segundo jornalistas da agência Associated Press, ao menos três aeronaves foram danificadas nos enfrentamentos.

— Devemos nos unir. Ou o Haiti se torna um paraíso para todos ou um inferno para todos — acrescentou "Barbecue", um ex-policial de 46 anos que se tornou líder de uma coalizão de gangues conhecida como G9 e sujeita a sanções da ONU. — Não se trata de um pequeno grupo de ricos que vivem em grandes hotéis decidindo o destino dos habitantes de bairros populares.

Haiti decreta estado de emergência e toque de recolher após gangue invadir prisão

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Enquanto as gangues atacavam prisões e davam uma demonstração de força em plena luz do dia, Henry estava em viagem ao Quênia, onde buscava apoio para o envio de policiais para uma missão internacional de estabilização, já autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU no ano passado. Em sua ausência, foi assinado o decreto que impôs, no domingo, o estado de emergência, além de um toque de recolher.

O premier deveria retornar na terça-feira, mas desistiu de pousar no aeroporto Toussaint Louverture, em Porto Príncipe, por questões de segurança, e teve o pouso negado pela República Dominicana, mesmo depois de uma longa espera no ar. A aeronave foi para Porto Rico, um território não incorporado dos EUA, onde aguarda as próximas ordens.

Em comunicado, o governo dominicano afirmou que negou o pouso a Henry por falta de um plano de voo e porque o avião ficaria, segundo a nota, "por tempo indeterminado" no país. Os dois governos, que dividem a Ilha de São Domingos, mantêm péssimas relações por disputas em áreas de fronteiras e pelo que as autoridades dominicanas veem como um "risco de segurança" relacionado à chegada de milhares de imigrantes haitianos. No mês passado, o presidente Luis Abinader prometeu entregar "em breve" o último trecho de um muro de quase 200 km entre as duas nações.

'Mais do que insustentável'

Sem um Estado funcional há anos, sem eleições desde 2016 e sem um presidente desde a morte de Jovenel Moïse, assassinado em julho de 2021, o Haiti se encontra hoje, de acordo com o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, em uma situação "mais do que insustentável".

— A realidade é que, no contexto atual, não existe nenhuma alternativa realista disponível para proteger vidas — afirmou Turk nesta quarta-feira, citando as 1.193 pessoas mortas pela violência de gangues desde o início de 2024.

Türk, que trabalhou no Haiti no passado, descreveu um sistema de saúde "à beira do colapso", escolas e empresas fechadas, "crianças cada vez mais exploradas por gangues", e pediu o envio urgente de uma missão internacional.

Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU se reúne, em caráter de emergência, para discutir a situação no Haiti, no momento em que a pressão externa sobre Ariel Henry também se intensifica. Ele deveria ter deixado o cargo no começo do mês passado, e liderar um processo de transição que levasse à realização de eleições, algo que o premier diz não ter condições de acontecer agora.

— Pedimos ao primeiro-ministro haitiano que avance com um processo político que levará ao estabelecimento de um órgão presidencial de transição para a celebração das eleições — disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, antes da reunião.

Pressão americana

Segundo o jornal Miami Herald, o governo de Joe Biden perdeu a paciência com Ariel Henry, e agora pressiona não apenas por um processo de transição, mas sim por sua saída do cargo, algo negado pela secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. Contudo, o Departamento de Estado reconheceu, em termos diplomáticos, a impaciência com o ritmo das mudanças no governo local.

— Instamos-lhe a acelerar a transição para uma estrutura de governança reforçada e inclusiva", que deve permitir ao país se preparar para uma missão multinacional para abordar a situação de segurança e abrir o caminho para eleições livres e justas — disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller.

A publicação afirma que líderes de países do Caribe mantiveram conversas com nomes da oposição local, em busca de planos para a substituição do premier, apesar de terem em mente que a crise haitiana é de difícil e longa resolução.

— Essa é uma situação complexa. A insegurança não nasceu com Ariel Henry. É algo que está se fortalecendo há anos — disse ao Miami Herald Joel "Pacha" Vorbe, representante do partido Fanmi Lavalas e que participou das conversas. — Não podemos culpar apenas Henry, mas Henry foi incapaz de lidar com isso adequadamente, então as coisas estão piorando a cada dia. É uma situação muito, muito difícil. Vai levar tempo para sair dela, mas também precisamos de uma força policial mais profissional, e que possa lidar com essa questão. Não é algo que acontecerá do dia para a noite. (Com AFP)

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