Os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam, nesta quinta-feira, posições dos rebeldes houthis no Iêmen, que ameaçam a navegação no Mar Vermelho em “solidariedade” aos palestinos da Faixa Gaza. Como resposta, o Hamas condenou a ação e alertou que estes ataques terão “repercussões regionais”. As ocorrências acentuaram o receio de que o conflito em Gaza se espalhe para outras áreas do Oriente Médio.
O presidente dos EUA, Joe Biden, classificou a atitude como uma “ação defensiva” em resposta aos “ataques sem precedentes dos houthis ao transporte marítimo internacional no Mar Vermelho”. Como resultado da guerra no enclave palestino, os houthis têm lançado mísseis e drones no Mar Vermelho desde meados de novembro, o que encareceu o transporte comercial entre Europa e Ásia e causou atrasos.
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EUA e Reino Unido bombardeiam o Iêmen após semanas de ataques no Mar Vermelho
Ao todo, mais de 2 mil navios foram forçados a desviar milhares de quilômetros para evitar a região, afirmou Biden ainda na quinta-feira. Nesta terça-feira, navios de guerra americanos e britânicos chegaram a interceptar um dos maiores ataques de drones e mísseis Houthi até então. A ofensiva foi vista por autoridades militares dos Estados Unidos e de outros países ocidentais como a gota d’água.
Segundo a administração Biden, a resposta americana tinha o propósito de impedir que o grupo atacasse alvos no Mar Vermelho. Os ataques desta quinta-feira atingiram radares, locais de lançamento de mísseis e drones, e áreas de armazenamento de armas, declarou o secretário de Defesa Lloyd J. Austin III. Oficiais do Pentágono afirmaram que buscaram evitar vítimas civis, e avaliam se a missão foi bem-sucedida.
Alguns aliados americanos no Oriente Médio, incluindo as nações do Golfo do Catar e Omã, haviam expressado preocupações de que ataques contra os houthis pudessem fugir do controle e arrastar a região para uma guerra mais ampla com outros grupos iranianos, como o Hezbollah no Líbano e milícias apoiadas por Teerã na Síria e no Iraque.
O ministério das Relações Exteriores dos houthis respondeu aos ataques com uma declaração afirmando que “os EUA e o Reino Unido devem estar preparados para pagar um preço alto e enfrentar consequências de sua agressão”. Ainda não está claro se a ofensiva irá dissuadir os houthis de continuar seus ataques, que forçaram algumas das maiores empresas de navegação do mundo a desviar os navios no Mar Vermelho.
Os houthis, cujas capacidades militares foram aprimoradas por mais de oito anos de combate contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, receberam a perspectiva de guerra com os Estados Unidos com satisfação. Na quarta-feira, antes do ataque, Abdul-Malik al-Houthi, líder da milícia, ameaçou responder com firmeza a um ataque americano. Em discurso televisionado, afirmou não ter “medo dos americanos”.
Funcionários da administração Biden procuraram separar os ataques dos houthis do conflito em Gaza e considerar ilegítimas as alegações do grupo de que estão agindo para apoiar os palestinos. Os funcionários estão enfatizando essa diferença para tentar conter uma guerra mais ampla.