O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira, que agradeceu ao emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, o "importante papel" na repatriação dos brasileiros que estavam retidos na Faixa de Gaza e na mediação da possível libertação de um refém brasileiro nos próximos dias pelo grupo terrorista Hamas. A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) confirmou que se trata de um brasileiro com cidadania israelense, mas não informou seu nome nem outros detalhes.
— Agradeci ao Catar, porque o Catar teve um papel importante para a liberação dos brasileiros na Faixa de Gaza. Ainda tem mais brasileiros lá. [O Catar tem importância] na libertação de um refém que ainda pode ser liberado por esses dias — afirmou após encontro com o emir, em Doha.
Em postagem nas redes sociais, a Embaixada do Brasil em Israel disse que o embaixador Frederico Meyer se encontrou na manhã desta quinta-feira com "a irmã do único brasileiro refém em Gaza". Trata-se possivelmente do brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, único que se tem notícia do desaparecimento. O Itamaraty já afirmou que acompanhava o caso de perto.
O último contato que a família teve com Michel, de 59 anos, foi na manhã do dia 7 de outubro. O brasileiro-israelense havia saído para buscar a neta de 4 anos em uma base militar na cidade de Re'im, sul do país, onde ela estava com o pai, soldado do Exército. Michel falou com a filha por volta das 7h. Na ligação seguinte, no entanto, foi atendida por outra pessoa que, segundo seus familiares, gritava coisas em árabe, terminando com "Hamas, Hamas!".
Naquele dia, o grupo terrorista matou cerca de 1.200 pessoas ao invadir o território israelense, num ataque sem precedentes. A reação de Israel, com intensos bombardeios ao enclave palestino, deixou mais de 15 mil mortos, sendo mais de 5 mil menores, levantando críticas internacionais.
"O contato com o brasileiro foi perdido às 7h da manhã [de 7 de outubro]. E, quando sua filha tentou entrar em contato com ele, às 7h20, a ligação foi atendida em árabe e ouviram-se gritos de “Hamas”, disse a embaixada. "Os dois irmãos cariocas imigraram para Israel no início da década de 1980 e viveram muitos anos em kibutz nos arredores de Gaza."
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Segundo a embaixada, Meyer "garantiu à irmã da vítima que o Brasil está fazendo tudo ao seu alcance para ajudar na libertação do brasileiro e dos demais reféns".
Mas, após mais de 50 dias, a família vive a angústia de não saber se ele é mesmo um dos reféns ou se foi morto naquele dia, relatou a irmã de Michel, Mary Shohat, ao GLOBO.
Além da reunião desta quinta, Lula já havia conversado com o emir sobre a situação do brasileiro e também buscou ajuda do presidente de Israel, Isaac Herzog.