O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou, nesta segunda-feira, que não vê razão para que os brasileiros na Faixa de Gaza, esperando autorização para sair da zona de conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, sejam excluídos das listas de estrangeiros liberados nos últimos dias para atravessar a fronteira. Amorim disse que o governo reforçou os contatos com autoridades de vários países em busca de uma solução.
— A situação está muito complexa, sem luz no fim do túnel — disse Amorim ao GLOBO.
— Não houve uma explicação para a não inclusão de brasileiros. Simplesmente foram dando prioridade a outros países — acrescentou.
Amorim participará na quarta-feira, em Paris, de uma reunião para discutir o impacto humanitário do conflito entre Israel e Hamas, que começou há quase um mês com ataques terroristas do grupo palestino aos israelenses. O encontro foi convocado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, às margens do Fórum da Paz, que já estava previsto.
— Vamos esperar que haja uma decisão rápida (sobre os brasileiros). Estamos há mais de 15 dias pedindo a liberação. Não há razão para qualquer suspeita. Se houvesse algum problema com algum dos nacionais, poderiam ter falado logo. É uma situação absurda, em que há 15 crianças em um grupo de 32 pessoas — afirmou.
O assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter conversado, no último sábado, com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan. Ele fez um apelo para que os americanos ajudem o Brasil a retirar seus cidadãos — que são em menor número que os dos EUA e a União Europeia.
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Na última sexta-feira, em uma conversa telefônica com Mauro Vieira, o chanceler de Israel, Eli Cohen, garantiu que os brasileiros que estão em Gaza serão liberados para atravessar a fronteira até quarta-feira, na pior das hipóteses. Há grande preocupação do Itamaraty com os nacionais que estão na zona de conflito não apenas com o risco de serem atingidos, mas também com a possibilidade de bens de primeira necessidade, como água, alimentos e remédios faltarem.
Vieira já falou com o chanceler egípcio, Sameh Shoukry, cinco vezes, e três vezes com Eli Cohen. Na última segunda-feira, quando ainda estava em Nova York, Vieira falou ao telefone com o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Qatar , Mohammed bin Abdulrahman al-Thani; e o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.
Também na tentativa de apressar a liberação dos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com os presidentes de Israel, Isaac Herzog; do Egito, Abdul Fatah Khalil al-Sisi; e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.