A Turquia advertiu a Rússia nesta quinta-feira sobre o risco de provocar uma "escalada de tensões" após um navio de guerra russo ter disparado no domingo contra um cargueiro de uma empresa turca que seguia para o porto ucraniano de Izmail, banhado pelo Danúbio.
"Advertimos devidamente aos nossos interlocutores na Federação Russa que esse tipo de ação pode levar a uma escalada de tensões no Mar Negro", disse, em comunicado, a Presidência turca sobre o incidente com o cargueiro de bandeira de Palau, mas que pertence a uma companhia turca.
Em um comunicado, o Ministério da Defesa russo declarou que o capitão do navio desobedeceu à solicitação de parar para uma “inspeção de transporte de materiais proibidos” e, por isso, foram feitos disparos de advertência “com armas automáticas de baixo calibre”. O comunicado acrescentou que a inspeção acabou ocorrendo e que a embarcação foi liberada em seguida.
O governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi criticado por opositores pela demora em reagir ao incidente. A Turquia — que é integrante da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA — mantém relações próximas com Moscou e foi mediadora do acordo encerrado no mês passado pelo Kremlin e que garantia, até então, a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro. Após o fim do acordo, a Rússia ameaçou afundar navios chegando ou saindo de portos ucranianos na região.
Nesta quinta, a primeira embarcação a deixar a Ucrânia pelo Mar Negro desde a imposição do bloqueio russo chegou a Istambul, passando por águas controladas por Romênia e Bulgária e evitando águas internacionais. Os sites de navegação mostraram o cargueiro Joseph Schulte, de bandeira de Hong Kong, na reta final de sua viagem que começou no porto ucraniano de Odessa, na quarta-feira, desafiando Moscou por uma rota alternativa anunciada por Kiev como “corredor humanitário”. O governo russo não se pronunciou nem sobre o Joseph Schulte nem sobre a possibilidade de respeitar novas rotas.
Catedral ucraniana patrimônio da humanidade destruída por mísseis russos
![Interior da Catedral da Transfiguração destruído pelo ataque russo, em Odessa. — Foto: Oleksandr Gimanov / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/dFQhLxqOnQILMLbQAlB6vyYcEz0=/0x0:800x533/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/n/r/NX19eeROiCO9L0gpLGew/thumbnail-getcontentcanp1js5.jpg)
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Interior da Catedral da Transfiguração destruído pelo ataque russo, em Odessa. — Foto: Oleksandr Gimanov / AFP
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Interior da Catedral da Transfiguração destruído por ataque russo, em Odessa. — Foto: Oleksandr Gimanov / AFP
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Antes e depois, interior da Catedral da Transfiguração — Foto: Imagem de Antes - Reprodução Youtube/ Imagem de depois - Gimanov / AFP
Moscou intensificou seus ataques contra as infraestruturas portuárias ucranianas no Mar Negro e no Danúbio desde que se retirou do acordo, que estava em vigor desde julho de 2022, quatro meses após o início da invasão em grande escala da Rússia ao território ucraniano. Na terça-feira à noite, o Exército russo atacou infraestruturas portuárias no Danúbio com drones.
"Como resultado de ataques inimigos em um dos portos do Danúbio, depósitos de grãos foram danificados", anunciou o governador regional de Odessa, Oleg Kiper.
Negociado com a mediação da ONU e de Ancara, o acordo permitia o transporte de grãos ucranianos a partir do sul do país. Ucrânia e a Rússia são grandes exportadores de cereais e óleos vegetais. O acordo ajudou a baixar os preços mundiais dos alimentos e garantiu à Ucrânia uma fonte crucial de recursos em meio aos impactos da guerra.
Segundo o Wall Street Journal, as autoridades americanas negociam com Turquia, Ucrânia e seus vizinhos o aumento do tráfego no Danúbio, que deságua no Mar Negro na fronteira entre Ucrânia e Romênia.
Uma autoridade americana disse ao jornal que Washington consideraria todas as opções, incluindo o fornecimento de uma escolta militar para os navios ucranianos. Mas um funcionário do Ministério da Defesa turco pareceu descartar essa alternativa: "Nossos esforços se concentram em reativar o acordo de grãos", disse o responsável, que pediu anonimato, ao canal privado turco NTV.
Erdogan planeja se reunir este mês com presidente russo, Vladimir Putin, e a possível retomada do acordo de grãos deve estar na agenda do encontro.
A Rússia se retirou do acordo alegando que o dispositivo não havia atingido seu objetivo de abastecer os países afetados pela fome, especialmente na África, além de exigir o fim das sanções internacionais impostas ao país para renovar a negociação. Desde então, o Kremlin está em contato com a Turquia — que controla a saída do Mar Negro em direção à Europa — para exportar seus próprios grãos para os países africanos.
Panos quentes
No front diplomático, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou, nesta quinta-feira, que apenas a Ucrânia decidirá se abrirá uma eventual negociação de paz com a Rússia. As declarações procuraram acalmar os ânimos depois que seu chefe de gabinete, Stian Jenssen, irritou Kiev ao sugerir que uma saída do conflito poderia ser a Ucrânia ceder territórios à Rússia em troca da adesão à Otan.
De acordo com especialistas, a guerra entrou em um período de desgaste extremo dos dois lados. A antecipada contraofensiva ucraniana caminha a passos lentos e com resultados ínfimos. Esta semana, Kiev anunciou que havia recapturado Urozhaine, uma cidade na frente sul.
A Ucrânia tenta recuperar territórios em direção a sua costa sul e cortar o acesso de Moscou à Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Os avanços ucranianos, no entanto, permanecem modestos após dois meses de intensificação dos combates. O Exército ucraniano também enfrenta dificuldades no nordeste, próximo a Kupiansk. (Com AFP)