O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nessa terça-feira com o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, que recentemente foi escolhido candidato unificado do peronismo para eleição presidencial da Argentina, prevista para outubro deste ano. O encontro foi rápido, mas os dois conversaram de maneira reservada, antes do início da sessão plenária da 62 cúpula de presidentes do Mercosul, realizada nesta semana em Puerto Iguazú, cidade argentina localizada na tríplice fronteira.
O Valor apurou, com integrantes da comitiva argentina, que Lula aproveitou a conversa para convidar Massa para visitar o Brasil como “candidato presidencial”. Isso porque o ministro da Fazenda da Argentina foi alçado politicamente como novo homem forte da coalizão peronista governista. Nas eleições, ele terá o desafio de enfrentar nas urnas o ultradireitista Javier Milei — que defende a dolarização total da Argentina e o fechamento do banco central.
Além disso, os dois teriam discutido, segundo interlocutores, alguns detalhes das negociações para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) comece a subsidiar produtos para a construção do gasoduto Presidente Néstor Kirchner.
Este gasoduto ligará a reserva de gás de Vaca Muerta, na Patagônia, à Província de Buenos Aires. A ajuda foi anunciada há algumas semanas pelo governo brasileiro, como parte de um plano de cem ações estratégicas destinadas a melhorar a integração entre Brasil e Argentina.
Na ocasião, Lula defendeu que o Brasil volte a financiar obras no exterior, como forma de garantir exportação e lucros para empresas e a indústria brasileira. Na avaliação dele, o Brasil estaria demonstrando competitividade diante do avanço da China, que tem entrado e influenciado cada vez mais a economia do país vizinho.
A reunião ocorreu em meio às negociações para que a Argentina ingresse no grupo dos Brics, como é conhecido a organização formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A secretária para América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan, disse nessa terça que a diplomacia brasileira já está trabalhando para a adesão do país vizinho.
— A entrada da Argentina no Banco dos Brics também está sendo trabalhada — disse a secretária durante o encontro.
Para tentar incluir a Argentina nos Brics, o Brasil conta com a ex-presidente Dilma Rousseff, que, recentemente, foi empossada no cargo de presidente do New Development Bank (NDB), o chamado Banco do Brics, por indicação justamente de Lula.