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Por O Globo Com Agências Internacionais — Kiev e Moscou

A cidade de Bakhmut, na Ucrânia, segue sendo palco de um dos combates mais importantes desde a invasão da Rússia no país, há pouco mais de um ano. Do ponto de vista estratégico, a cidade tem papel pouco relevante, mas, no longo prazo, pode abrir caminho para Kramatorsk, polo industrial da região do Donbass, ainda bastante protegida pelas forças ucranianas.

Justamente por esse papel, a cidade é alvo de constantes ataques do Exército russo. Vídeos mostram uma série de ações feitas pelas forças locais na tentativa de evitar a tomada da região.

Com o passar dos meses e a situação cada vez mais difícil, Bakhmut também adquiriu uma dimensão simbólica para ucranianos e russos. Se conquistada, seria a primeira vitória do presidente russo, Vladimir Putin, no campo de batalha desde julho, após retiradas humilhantes na província de Kharkiv e Kherson.

Para Zelensky, Bakhmut também se tornou motivo de orgulho. Em 20 de dezembro, ele visitou a cidade de surpresa e garantiu que suas tropas resistiriam, porque é fundamental "defender o Donbass e a Ucrânia". A cidade também está no centro da rivalidade entre o Kremlin e o fundador do grupo Wagner, que transformou a cidade praticamente em uma batalha pessoal para demonstrar o valor de seus mercenários e tenta ganhar força política há vários meses.

Devastada por combates violentos

Bakhmut, uma pequena cidade industrial do Leste da Ucrânia, com 70 mil habitantes antes da invasão russa, foi destruída após oito meses de combates. Chamada de "inferno na Terra" pelos soldados ucranianos, a localidade está "praticamente cercada", segundo o grupo paramilitar russo Wagner.

A batalha incessante e os avanços metro a metro provocaram muitas baixas de ambos os lados. Os civis — incluindo milhares que permaneceram escondidos em porões — também pagaram um preço alto, assim como os voluntários ucranianos e estrangeiros que seguiram até a localidade para ajudar as tropas de Kiev.

Qual a importância estratégica?

Pouca, afirmam os analistas. Até mesmo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro em fevereiro que, "do ponto de vista estratégico, Bakhmut não tem muita importância, porque os russos destruíram a cidade por completo com sua artilharia".

— A batalha de Bakhmut utiliza recursos humanos e materiais em larga escala. O investimento é desproporcional à importância da cidade — afirma o general da reserva australiano Mick Ryan, pesquisador associado do Centro para Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS), de Washington. — Não é um alvo militar de grande valor.

Para o analista militar belga Joseph Henrotin, Bakhmut serviu para "reduzir o potencial de cada lado".

— Desde dezembro, os russos tentam enfraquecer a posição ucraniana, obrigando o país a mobilizar forças em todos os lados e impedindo uma concentração para criar uma ruptura. Bakhmut é apenas uma peça do quebra-cabeça. Sua queda não significa nada se os demais pontos resistirem — afirma.

No longo prazo, contudo, pode abrir o caminho para Kramatorsk, grande cidade industrial a oeste, mas ainda bastante protegida, explica o pesquisador.

Valor simbólico

Com o passar dos meses e a situação cada vez mais difícil, Bakhmut adquiriu uma dimensão simbólica. O presidente Zelensky visitou o que chamou de "fortaleza de Bakhmut" em dezembro. O fundador do grupo paramilitar Wagner, Yevgueny Prigozhin, transformou a cidade praticamente em uma batalha pessoal para demonstrar o valor de seus mercenários.

— A magnitude das perdas deu a Bakhmut importância política — destaca Mick Ryan.

Thibault Fouillet, da Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS), concorda que a cidade "é um símbolo, tanto para os ucranianos quanto para os russos".

— Mas algumas coisas que chegaram a ser anunciadas como pontos de inflexão definitivos na guerra não foram — afirma, citando em particular a retirada russa da região de Kharkiv em abril ou a retomada ucraniana de Kherson, no segundo semestre do ano passado. — Acredito que vamos passar rapidamente para outro ponto de tensão da frente de batalha, o que é característico desta guerra de desgaste.

Questão interna russa

A conquista de Bakhmut, que seria a primeira vitória russa desde as contraofensivas ucranianas do outono (Hemisfério Norte, primavera no Brasil), está no centro da rivalidade entre o Kremlin e o fundador do grupo Wagner, que tenta ganhar força política há vários meses.

Nas últimas semanas, Prigozhin criticou a "monstruosa burocracia militar e os políticos", chegando a acusar o comandante do Estado-Maior, Valery Guerasimov, e o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, de "traição" por não entregarem munição a seus mercenários.

A guerra na Ucrânia deu ao comandante do grupo Wagner sonhos de grandeza, afirma a pesquisadora russa Tatiana Stanovaya, do centro R.Politik.

— Prigozhin é agora um personagem muito visível no cenário russo — diz. — Com a guerra na Ucrânia, ele ganhou a atenção pública, e gostou disso.

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