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Por Sui-Lee Wee, The New York Times — Washington

Os Estados Unidos vão aumentar sua presença militar nas Filipinas sob um acordo que lhes dá acesso a mais quatro locais e fortalece o papel da nação do Sudeste Asiático como um parceiro estratégico fundamental para Washington no caso de um conflito com a China por causa de Taiwan.

O pacto, anunciado nesta quinta-feira, permite que Washington posicione equipamentos militares e construa instalações em nove pontos no território filipino, na primeira vez em 30 anos em que os Estados Unidos terão uma presença militar tão grande no país.

O acordo ocorre no momento em que Washington tenta reafirmar sua influência na região, em meio a um esforço mais amplo para conter a postura agressiva chinesa, reforçando parcerias com aliados estratégicos e reatando relações que azedaram nos últimos anos. Também cresceram os temores sobre uma possível invasão chinesa a Taiwan, que a China reivindica como seu território.

Entre os cinco aliados com que os Estados Unidos mantêm tratados na Ásia, as Filipinas e o Japão são os mais próximos geograficamente de Taiwan, com a ilha de Itbayat, no extremo norte das Filipinas, a apenas 93 milhas de distância.

Na quinta-feira, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, acusou os Estados Unidos de ameaçar a paz e a estabilidade regionais com seu anúncio.

— Por interesse próprio, os Estados Unidos continuam a fortalecer seu destacamento militar na região com uma mentalidade de soma zero, o que está exacerbando a tensão e colocando em risco a paz e a estabilidade regional — disse. — Os países da região devem permanecer vigilantes contra isso e evitar serem coagidos e usados pelos Estados Unidos.

Em entrevista a jornalistas, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin III, enfatizou que os novos locais não serão permanentes. Os últimos soldados americanos deixaram as Filipinas na década de 1990, e agora é contra a Constituição do país que tropas estrangeiras fiquem permanentemente ali.

— Esta é uma oportunidade para aumentar nossa eficácia, aumentar a interoperabilidade — disse durante uma visita a Manila iniciada na terça-feira. — Não se trata de bases permanentes, mas é um grande negócio. É realmente um grande negócio.

Carlito Galvez, secretário de Defesa das Filipinas, recusou-se a identificar os locais, mas autoridades americanas há muito consideram o acesso ao território do norte das Filipinas, como a ilha de Luzon, a maior e mais populosa do país, como uma forma de conter a China no caso de ataque a Taiwan.

Em novembro, o tenente-general Bartolome Vicente Bacarro, das Filipinas, disse que Washington identificou cinco locais possíveis, incluindo dois em Cagayan, um em Palawan, um em Zambales e um em Isabela.

— O aumento do acesso dos EUA ao norte de Luzon, perto de Taiwan, realmente garante que as Filipinas e a aliança dos EUA tenham um papel de destaque na segurança e na dissuasão do nordeste da Ásia — disse Drew Thompson, pesquisador visitante da Escola Lee Kuan Yew de Políticas Públicas da Universidade Nacional de Cingapura e ex-funcionário da Defesa dos EUA.

Antigo aliado

As Filipinas são o aliado mais antigo dos Estados Unidos na Ásia. Washington reforça sua presença no país depois que as relações se deterioraram durante o mandato de seis anos do ex-presidente Rodrigo Duterte, que terminou no ano passado.

Duterte frequentemente criticava Washington e reclamava que os Estados Unidos, ex-governante colonial das Filipinas, haviam criado acordos de tratados de defesa que pesavam muito a favor dos americanos. As Filipinas foram um território americano por quase meio século antes de o país conquistar a independência.

Desde que assumiu o cargo em junho do ano passado, o presidente Ferdinand Marcos Jr. tem buscado reavivar as relações de seu país com os Estados Unidos, surpreendendo muitos especialistas em política externa. Durante a campanha, ele indicou que tentaria estreitar os laços com a China, marca registrada do mandato de Duterte.

Desde então, Marcos, filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, disse que “não pode ver as Filipinas no futuro sem ter os Estados Unidos como parceiro”. Pelo menos 16 mil soldados filipinos e americanos treinarão lado a lado na província de Ilocos Norte, reduto da família Marcos, no norte do país, ainda este ano.

Sob seu mandato, as autoridades nas Filipinas começaram a construir planos de contingência para uma possível invasão chinesa de Taiwan. Quando a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, visitou Taiwan, em agosto, a China respondeu lançando exercícios militares em várias áreas, incluindo o Canal Bashi, uma hidrovia que separa Taiwan e as Filipinas. Autoridades taiwanesas classificaram as ações de “bloqueio aéreo e marítimo”.

— Se a guerra estourar em Taiwan, o espaço de batalha abrangerá as Filipinas — afirmou Thompson. — Os movimentos da China no Canal Bashi realmente trouxeram a questão para os líderes filipinos.

As Filipinas também são estrategicamente importantes por causa do que está abaixo da superfície do oceano. As águas ao largo da costa oeste que chegam ao Mar do Sul da China — também chamado de Mar da China Meridional e onde a China transformou uma série de montes de areia em bases militares — estão cheias de vegetação rasteira, tornando-as ideais para movimentos submarinos furtivos.

— É preciso ter o controle das Filipinas por causa dos submarinos — disse Michael J. Green, um especialista em Ásia no Conselho de Segurança Nacional de George W. Bush, que agora dirige o Centro de Estudos dos Estados Unidos na Universidade de Sydney. — A topografia submarina é uma selva: você pode se esgueirar entre os submarinos.

O Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA propôs se mudar para unidades menores na região, que poderiam ser enviadas para ilhas remotas para ataques com mísseis, apoio de retaguarda, contra-ataques ou coleta de informações no caso de uma guerra com a China por causa de Taiwan. Juntamente com as ilhas do Japão, as ilhas das Filipinas representam o que os planejadores militares americanos veem como um dos locais mais importantes para as táticas.

— Esperamos ver acesso rotacional e implantações mais frequentes dessas pequenas equipes marítimas para treinamento e exercícios conjuntos ao lado de suas contrapartes filipinas — disse Gregory B. Poling, membro sênior do Sudeste Asiático e diretor da Iniciativa de Transparência Marítima da Ásia no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington.

Há três décadas, a presença dos EUA nas Filipinas era um tema delicado entre muitos filipinos. As bases militares mantidas por Washington por quase um século eram vistas como um vestígio do colonialismo americano e, em 1992, os Estados Unidos tiveram de fechar sua última base americana no país após protestos de rua e uma decisão do Senado.

Mas quando a China começou suas incursões militares no Mar do Sul da China, a opinião pública sobre a presença americana nas Filipinas mudou. Agora, o país espera obter o apoio americano para impedir o contínuo aumento militar de Pequim no local, já que Manila e Pequim estão em desacordo sobre as águas disputadas que ambos os lados reivindicam como suas.

Entre alguns setores, o aumento planejado da presença militar americana nas Filipinas permanece controverso. Em um comunicado, Renato Reyes, secretário-geral do grupo político ativista nacionalista Bayan, disse que os filipinos “não devem permitir que o país seja usado como palco para qualquer intervenção militar dos EUA na região”.

—Permitir o uso de nossas instalações pelos EUA nos arrastará para esse conflito, que não está alinhado com nossos interesses nacionais — disse Reyes.

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