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A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, pediu a suspeição da juíza de instrução que conduz o processo da tentativa de assassinato dela, por considerar que a magistrada não investigou as conexões políticas do agressor e de seus cúmplices.
"Instruí meus advogados a pedir a suspeição da juíza María Eugenia Capuchetti", escreveu Cristina no Twitter nesta quinta-feira, em uma mensagem acompanhada de um vídeo em que critica o fato de o deputado Gerardo Milman, do partido de oposição Proposta Republicana, ainda não ter sido convocado. "É evidente que o 'partido judicial' não quer Cristina como vítima. Eles a querem presa ou morta", diz uma voz no vídeo publicado pela vice-presidente.
Os advogados de Cristina insistem na necessidade de investigar esse parlamentar, que, segundo uma testemunha, poderia estar ciente dos planos de ataque à vice-presidente.
— O que não for investigado nos primeiros meses nunca será verificado, e estamos falando do ataque mais grave desde o retorno da democracia — comentou o vice-ministro da Justiça, Juan Martín Mena.
Cristina Kirchner, de 69 anos e ex-presidente entre 2007 e 2015, foi atacada no dia 1º de setembro ao chegar em sua casa em Buenos Aires por um brasileiro residente em Buenos Aires, Fernando Sabag Montiel, que se esgueirou entre seus apoiadores e disparou contra ela duas vezes com uma arma que falhou.
Sabag Montiel foi preso no local e está sendo processado pela tentativa de homicídio junto com outras duas pessoas — sua namorada, Brenda Uliarte, e Nicolás Gabriel Carrizo, apontado como líder da chamada "gangue do algodão doce". Uma jovem de 21 anos próxima a este grupo, Agustina Díaz, foi recentemente libertada por falta de provas.
Há alguns dias, Cristina disse que empresários que apoiam o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) financiaram manifestações de grupos radicais. No vídeo publicado nesta quinta, estas manifestações são consideradas como um prelúdio do atentado de setembro.
Na investigação do atentado, foram encontradas mensagens com expressões de ódio de Uliarte a Cristina e uma suposta ligação da jovem com o grupo de extrema direita Revolução Federal, que está sendo investigado em um processo paralelo.
Ao ser interrogada, Uliarte disse que não tinha nada de especial contra Cristina Kirchner, que ela era apenas uma pessoa desencantada com política, mas suas postagens nas redes sociais a contradiziam. Em 18 de agosto, ela participou de uma das manifestações da Revolução Federal. Naquele dia, o grupo reuniu dezenas de pessoas que marcharam com tochas em frente à Casa Rosada, a sede da Presidência. Aos gritos de “explodir a Praça de Maio”, os manifestantes jogaram fogos de artifício, bombas sonoras e ovos dentro da cerca do palácio.
A ex-presidente enfrenta um julgamento por suposta corrupção que entrará em sua fase final a partir de 14 de novembro e poderá emitir um veredicto antes do final do ano. O Ministério Público pediu 12 anos de prisão no caso, mas, como senadora, Cristina tem imunidade.
