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Por O Globo, Bloomberg — Taipé

A China anunciou nesta segunda-feira novas manobras militares ao redor de Taiwan em repúdio à visita de cinco parlamentares dos Estados Unidos à ilha, vista por Pequim como parte indissociável do seu território. A viagem ocorre 12 dias após a ida da presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, e cinco dias após as maiores manobras militares já feitas por Pequim na região, acirrando a já frágil relação sino-americana.

As patrulhas e exercícios conduzidos "no espaço aéreo e marítimo ao redor de Taiwan" são uma "resposta resoluta e uma firme dissuasão ao conluio entre os EUA e Taiwan", disse o porta-voz do Ministério de Defesa chinês, Wu Quian. Segundo ele, o Exército do país "continua treinando e se preparando para a guerra" e "esmagando com determinação qualquer forma de separatismo".

"Em 15 de agosto, o Comando Leste do Exército de Libertação Popular da China organizou uma patrulha de preparação para o combate conjunto de serviços múltiplos e exercícios de combate no mar e no espaço aéreo ao redor de Taiwan", afirma um comunicado militar chinês, sem especificar se ou por quanto tempo as manobras vão se prolongar.

De acordo com o Ministro de Defesa taiwanês, foram detectados 30 aviões e cinco navios de guerra ao redor da ilha apenas nesta segunda-feira. Entre a última quinta e domingo, foram detectadas 96 aeronaves.

Comandados pelo senador democrata Ed Markey, os parlamentares — também fazem parte da delegação os deputados democratas John Garamendi, Alan Lowenthal e Don Beyer, além da deputada republicana Aumua Amata Coleman Radewagen — desembarcaram no domingo e devem passar dois dias em Taipé. Nesta segunda, encontraram-se com a presidente Tsai Ing-wen e com o chanceler Joseph Wu.

"A China autoritária não pode ditar como a Taiwan democrática faz amigos, ganha apoio, permanece resiliente e brilha como um farol de liberdade", tuitou o ministro.

A visita tem como principais temas o comércio, a segurança regional e a mudança climática, segundo o escritório cultural dos EUA em Taipé, que funciona como uma embaixada de fato, já que Washington, como a grande maioria dos países, não tem relações diplomáticas com a ilha. Tiveram também reuniões sobre semicondutores, fundamentais para a produção de equipamentos de alta tecnologia, e que são chave nas tensões sino-americanas dos últimos anos.

Em um comunicado, representantes de Markey anunciaram que a delegação almeja reafirmar o apoio americano e "encorajar a estabilidade e paz pelo Estreito de Taiwan". O Gabinete presidencial, por sua vez, disse esperar que ambos os lados esperam firmar um acordo para facilitar investimentos da indústria taiwanesa de semicondutores, líder global, nos EUA.

A visita dos cinco parlamentares não havia sido anunciada com antecedência, apesar de fontes afirmarem ao New York Times que já estava marcada havia meses e que outras são iminentes — uma outra delegação deve desembarcar no fim deste mês. As viagens não são raras e sempre foram mal vistas por Pequim, mas o timing atual foi mal-recebido por Pequim.

Pelosi foi a integrante de mais alto escalão do governo americano a visitar Taipé desde 1997, quando um de seus antecessores, o republicano Newt Gingrich, fez o mesmo trajeto. Ele, no entanto, fazia oposição ao então presidente Bill Clinton. A atual presidente da Câmara e Joe Biden, por sua vez, são correligionários — e, portanto, a viagem da deputada californiana foi entendida por Pequim como uma provocação da Casa Branca.

Em repúdio à viagem de Pelosi, a China realizou por cinco dias suas maiores manobras militares já realizadas ao redor da ilha — em ao menos três deles, com munição real. Pequim anunciou no último dia 10 que os exercícios haviam chegado ao fim, mas foram bem-sucedidos em "obliterar" a linha mediana que divide informalmente o Estreito. As patrulhas na região, afirmaram também, vão continuar.

Ao contrário do que fizeram no início do mês ao usarem munição real, Pequim não emitiu alertas para restringir o tráfego naval ou aéreo na região — o que provavelmente indica que os exercícios desta segunda não usaram os artefatos. A visita dos cinco deputados e senadores, ainda assim, envia "o sinal errado para as forças separatistas 'pela independência de Taiwan''", disse o Ministério da Defesa chinês.

— A China vai tomar medidas fortes e resolutas para defender sua soberania nacional e integridade territorial — disse Wang Wenbin, porta-voz da Chancelaria. — O punhado de políticos americanos que está em conluio com as forças separatistas pela independência de Taiwan e tenta desafiar o princípio de "uma só China" se superestima e está fadado ao fracasso.

O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan elogiou a visita como um novo sinal de amizade entre Taipé e Washington, "que não tem medo das ameaças e da intimidação da China". O governo taiwanês acusa Pequim de usar a visita de Pelosi como desculpa para executar os exercícios, que seriam, na visão de Taipé, uma tentativa de mudar o status quo e um treinamento para a invasão da ilha.

A reunificação de Taiwan é uma meta do governo chinês desde que os nacionalistas fugiram para a ilha ao serem derrotados na guerra civil, em 1949. Na semana passada, Pequim divulgou um livro branco, documento de orientação da política para o território, afirmando que fará tudo para a reunificação pacífica, mas poderá usar a força se Taipé e forças externas "cruzarem linhas vermelhas", como uma declaração formal de independência.

Os americanos, por outro lado, embora tenham se comprometido com o princípio ao reatar relações com Pequim em 1979, mantêm o apoio ao status atual da Taiwan autogovernada e fornecem ajuda militar à ilha. Aos EUA não interessa uma reunificação que dê à China o controle do Estreito de Taiwan, importante via de navegação na Ásia.

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