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Hamas acusa Egito de matar palestinos com gás em túnel da Faixa de Gaza

O grupo islâmico Hamas acusou forças de segurança do Egito de terem matado quatro palestinos que estavam trabalhando na escavação de um túnel entre a Faixa de Gaza à cidade egípcia de Rafah, na noite desta quarta-feira.

De acordo com o porta-voz do Hamas Fauzi Barhum, tropas egípcias na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, lançaram um gás venenoso dentro do túnel, matando os quatro palestinos e deixando outros dez feridos.

Barhum acusou o Egito de matar os trabalhadores "a sangue frio" e exigiu que o governo egípcio investigue o incidente.

"Trata-se de um crime terrível que as tropas egípcias cometeram contra trabalhadores palestinos que tentavam ganhar seu sustento", declarou o porta-voz.

Ministério do Interior do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, divulgou um comunicado exigindo esclarecimentos do governo egípcio sobre a morte dos trabalhadores.

O Egito não se pronunciou sobre o incidente. Suas forças de segurança têm reprimido a construção de túneis entre a Faixa de Gaza e seu território - que os palestinos usam para trazer mercadorias, rompendo o bloqueio imposto por Israel -, mas esta seria a primeira vez em que palestinos são mortos nessas ações.

Produtos básicos

Desde que Israel decretou um bloqueio quase que total à entrada de mercadorias na Faixa de Gaza, em 2007, centenas de túneis foram escavados para o território egípcio.

As autoridades israelenses permitem apenas a entrada de produtos básicos, como farinha, óleo de cozinha e açúcar, que são transportados ao território palestino por caminhões das Nações Unidas.

Os túneis servem para o transporte de todos os tipos de mercadorias, de livros e cigarros até geladeiras e máquinas de lavar. Eles se tornaram a via principal de fornecimento de produtos para 1,5 milhão de palestinos que moram nessa região.

A Força Aérea de Israel costuma bombardear os túneis frequentemente. Para o governo israelense, o Hamas utiliza os túneis para contrabandear armamentos para a Faixa de Gaza.

O Egito considera os túneis uma violação de sua soberania e começou, em 2009, a construir uma barreira subterrânea de aço entre a parte palestina e a parte egípcia da cidade de Rafah, para impedir a escavação.

A barreira egípcia tem de 20 a 30 metros de profundidade e, no final dos trabalhos, terá 10 quilômetros de extensão.

A construção da barreira levou a uma escalada da tensão entre o Egito e o Hamas, que acusa o presidente Hosni Mubarak de colaborar com o cerco decretado por Israel à Faixa de Gaza.

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