O Brasil apresentou uma proposta ao Grupo de Trabalho de Saúde do G20 para que países da cúpula abram mão de uma parte da dívida que têm com outros países, em troca de um compromisso que essa parcela será investida em saúde.
O Ministério da Saúde (MS) apresentou, nesta quinta-feira, um balanço da reunião de encerramento do GT Saúde do G20. O assessor chefe da Assessoria Internacional do MS, Alexandre Ghisleni detalhou a proposta para que países do G20 “troquem dívida por saúde”.
— Seria o seguinte, a gente encorajaria os países do G20 a se engajarem em negociações bilaterais com os países devedores, que estejam em crise de dívidas externas, para fazer o seguinte negócio: abrir mão do recebimento de uma parcela da dívida externa deles em troca do compromisso dos países devedores de utilizar essa parcela para investir no sistema nacional de saúde deles — explicou o diplomata para jornalistas.
Segundo Ghisleni, a proposta ainda está em fase de discussão com o Grupo de Trabalho de Finanças do G20, que ainda deve definir os critérios e pormenores da medida. Ele diz que o objetivo é evitar que países com um grande montante de dívida externa se endividem ainda mais para melhorar seus sistemas de saúde.
— Tem um número de países grandes no mundo que estão em crise de dívida, ao mesmo tempo o mundo está precisando de um sistema de saúde mais forte, porque você corre o risco de uma nova pandemia. Então, nós estamos propondo isso. Juntar essas duas coisas que é utilizar uma parcela da dívida externa para alcançar esse objetivo comum, que é o de fortalecer o sistema de saúde dos países.
A proposta de criação de uma aliança global para produção de vacinas também foi discutido durante a semana. Segundo Ghisleni, a proposta é para que todos as nações se unam para incentivar a pesquisa e produção de remédios e vacina para doenças que são consideradas negligenciadas.
— Aí vem a questão. Quais são as doenças negligenciadas que vão ser prioridade? Para Brasil, as arboviroses [como dengue chikungunya e zika] são prioridade. Começando por dengue, naturalmente. Mas isso varia de país para país.Tivemos um dia inteiro de discussão sobre como funcionaria essa rede, o que trabalha e o que ela faria, quais seriam as prioridades.
O desenvolvimento e o avanço das ações de saúde digital também foi priorizado na pauta. O Grupo de Trabalho volta a discutir as questões em junho deste ano, em Salvador. A decisão de quais propostas sairão do papel, no entanto, só será tomada em outubro, em reunião ministerial da cúpula no Ceará.
O Ministério da Saúde é coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde enquanto o Brasil preside o G20. Durante a presidência brasileira, a construção de sistemas de saúde resilientes foi definida como prioridade.