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Por La Nacion — Buenos Aires

As autoridades locais e operadores do setor do turismo temem que o "ataque com pistolas de água" seja a primeira expressão do ressurgimento de uma onda de "turismofobia" em Barcelona, na Espanha. A ação de manifestantes, que saíram às ruas da cidade no fim de semana, repercutiu na imprensa internacional e gerou críticas de comerciantes e donos de restaurantes de áreas icônicas do município. De acordo com o jornal La Vanguardia, o episódio fez lembrar casos semelhantes — alguns até violentos — que precisaram ser remediados pela gestão municipal antes da pandemia de Covid-19.

Sob o lema “Basta! Ponhamos limite ao turismo!”, cerca de 2.800 manifestantes — segundo a Guarda Urbana — marcharam pela movimentada zona litorânea de Barcelona e exigiram uma mudança no modelo econômico que reduza o fluxo turístico na cidade, que recebe o maior número de visitantes estrangeiros da Espanha, segundo dados municipais. A mobilização foi pacífica durante quase todo o percurso, até que manifestantes cercaram clientes de restaurantes e lançaram água contra eles.

— É uma pena que eles nos ataquem. Qual é a minha culpa? Se querem criticar o turismo, que critiquem, mas não há necessidade de atacarem o meu restaurante e incomodarem os clientes. A culpa não é deles — reclamou, ao La Vanguardia, o proprietário de um estabelecimento no Paseo Joan de Borbó. — Houve famílias com crianças que abandonaram o local apesar de já terem pedido a comida. Outros saíram sem pagar. Sentiram-se agredidos sem saber por quê.

A manifestação em Barcelona segue o exemplo de outros protestos que reuniram milhares de pessoas em outros pontos turísticos como Málaga, Palma de Mallorca e as Ilhas Canárias. Os organizadores protestam contra o aumento do preço dos imóveis (aluguéis subiram 68% na última década em Barcelona, segundo a prefeitura, por exemplo). Também questionam os efeitos do turismo no comércio local, no meio ambiente e nas condições de trabalho de seus habitantes.

Localizada na costa nordeste da Espanha e com pontos de atração internacional como a Sagrada Família, Barcelona recebeu mais de 12 milhões de turistas em seus hotéis, apartamentos de uso turístico e albergues no ano passado, segundo dados municipais.

Segundo destino turístico mundial depois da França, a Espanha recebeu 85 milhões de visitantes estrangeiros em 2023, um aumento de 18,7% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Uma pesquisa realizada pelo Google e pela empresa de consultoria e auditoria empresarial Deloitte aponta que essa ordem pode se inverter em 2040. A expectativa é que, até lá, a Espanha se torne o destino internacional favorito, com cerca de 110 milhões de turistas por ano na próxima década e meia. Com isso, superaria a França, que deve receber no mesmo período 105 milhões de viajantes.

Manifestantes em Barcelona

Milhares de manifestantes se reuniram nos pontos turísticos mais importantes da cidade de Barcelona para expressar seu descontentamento com as políticas aplicadas pelo governo da cidade, que recebe milhões de visitantes a cada ano. Os protestos – que se repetiram em várias cidades do país – tinham como objetivo reivindicar uma “mudança no modelo econômico que reduza a afluência turística” e as consequências que isso provoca.

Em meio às mobilizações, alguns grupos de manifestantes protagonizaram agressões contra turistas que estavam em locais icônicos da cidade, como o passeio de La Rambla ou o bairro de Barceloneta. Os vídeos do momento mostram como os visitantes que estavam comendo em mesas na calçada tiveram que se retirar para dentro dos restaurantes porque os manifestantes os atacaram com pistolas de água.

Assista ao vídeo abaixo

Com cartazes onde se lia “Decrescimento turístico já!”, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “fora turistas dos nossos bairros” e se detiveram em frente a alguns hotéis e outros locais importantes. “Contra o turismo não tenho nada, mas com o excesso de turismo que estamos sofrendo em Barcelona, sim, porque isso torna a cidade inviável”, afirmou Jordi Guiu, um sociólogo de 70 anos, no início da marcha, conforme informou a AFP.

— Os negócios tradicionais fecham para dar lugar a um modelo de negócio que não é o que o bairro precisa. As pessoas não podem pagar os aluguéis, têm que se mudar — explicou Isa Miralles, que vive no bairro de Barceloneta.

Faixa onde se lê 'Maiorca não está à venda' durante protesto contra turismo de massa na ilha, parte das Ilhas Baleares, na Espanha — Foto: Jaime Reina / AFP
Faixa onde se lê 'Maiorca não está à venda' durante protesto contra turismo de massa na ilha, parte das Ilhas Baleares, na Espanha — Foto: Jaime Reina / AFP

Para combater “os efeitos negativos da massificação turística”, a prefeitura – dirigida por Jaume Collboni – anunciou há alguns dias que pretende eliminar mais de 10.000 apartamentos turísticos que a cidade possui até o final de 2028, para que voltem ao mercado e aumentem a oferta.

Manifestantes contra turismo usam pistolas para atirar água em turistas na Espanha — Foto: Reprodução
Manifestantes contra turismo usam pistolas para atirar água em turistas na Espanha — Foto: Reprodução

A medida já gerou críticas de alguns setores, como a Associação de Apartamentos Turísticos, por considerar que provocará um aumento do mercado ilegal.

Esta medida se soma a outras que foram implementadas pelo governo para tentar conter o turismo excessivo. Recentemente, anunciaram que o imposto turístico cobrado dos visitantes estrangeiros será quase dobrado. Embora há poucos meses tenha passado de 2,75 para 3,25 euros, a partir de outubro chegará a 4 euros por noite.

Quem quiser visitar a mítica cidade europeia terá que pagar dois tipos de impostos. Em primeiro lugar, há o imposto turístico regional, que é cobrado por noite em função do tipo de acomodação utilizada. Ou seja, se for um hotel de luxo, será cobrado um extra de 3,50 euros por noite, enquanto um Airbnb – que em 2028 não estará mais disponível – requer um desembolso de cerca de 2,25 euros por noite.

A isso se soma a taxa turística – que aumentará no outono boreal – e que é cobrada por noite, até uma estadia de sete noites. A partir de outubro deste ano, se o turista decidir se hospedar em um estabelecimento de cinco estrelas durante sete noites, deverá pagar um total de 52,50 euros além da tarifa do hotel.

A medida foi aprovada após uma votação na câmara municipal local, onde os funcionários asseguraram que o objetivo é que o aumento do imposto “melhore a qualidade do turismo” em vez do número de turistas que recebem anualmente.

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