O estudante de 16 anos preso por esfaquear até a morte uma professora de espanhol, nesta quarta-feira, numa escola secundária em Saint-Jean-de-Luz, no sudoeste da França, disse que "ouviu uma vozinha". Apesar disso, ele continua sendo a pessoa apontada como responsável pelo crime, conforme explicou o promotor Jerome Bourrier em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
Bourrier afirmou ainda que abrirá uma investigação judicial nesta sexta-feira "sob a classificação de homicídio premeditado".
— Durante a sua detenção, o investigado mencionou uma vozinha que falava com ele, um ser que ele descreve como egoísta, manipulador (...), que o incita a praticar o mal e que na véspera sugeriu cometer um homicídio — relatou Bourrier.
Após ser detido, o adolescente foi colocado sob supervisão de um psiquiatra.
— Sabemos também que ele foi afetado por uma discussão que teve no dia anterior com um amigo e sobre este ponto teve declarações ambíguas com o médico que recebeu o pedido para examiná-lo em contexto psiquiátrico — explicou Bourrier.
O estudante teria dito que “queria cometer os fatos na presença desse rapaz com quem havia discutido, como que para puni-lo de alguma forma”, acrescentou.
A professora de espanhol de 52 anos foi esfaqueada nesta quarta-feira no meio da aula e não resistiu.
Os fatos ocorreram no meio da manhã (horário local) durante uma aula do colégio católico Saint-Thomas d'Aquin, frequentado por cerca de 1.100 alunos, na cidade de Saint-Jean-de-Luz.
Em homenagem à vítima, escolas em várias partes da França fizeram um minuto de silêncio.
Segundo o promotor, o suspeito também reconheceu que tinha "alguma animosidade com sua professora de espanhol, uma matéria escolar em que seus resultados não eram tão bons quanto em outras disciplinas.
Na opinião dos seus colegas, o adolescente era "muito bom aluno" e tinha obtido uma licenciatura no ano passado, segundo a autoridade educativa de Bordéus.
— Até agora ele era desconhecido das autoridades judiciais, não só em matéria penal, mas também em matéria de assistência educacional, desconhecido dos serviços de proteção à criança — disse Bourrier.
O último registro de assassinato de um professor no exercício de suas funções de que se tem conhecimento na França data de 16 de outubro de 2020, quando o professor de história Samuel Paty foi morto na região de Paris. Ele foi decapitado por um jovem refugiado russo de origem chechena, um radical islâmico, que o acusou de mostrar caricaturas do profeta Maomé nas aulas.