Clima e ciência
PUBLICIDADE
Por — São Paulo

A ciência já mostrou que a mudança climática está tornando mais frequentes e mais amplas as ondas de calor (sequências de dias com temperatura muito alta). As massas de ar quentes estão também se deslocando mais longe, e um novo estudo aponta outra variável que faz o fenômeno se agravar: essas bolhas de alta temperatura se movendo mais devagar que antes no solo terrestre.

Essa constatação significa que, além de as ondas de calor estarem mais intensas, quando elas atingem uma área habitada, elas levam mais tempo para sair dali, como se tivessem "estacionado" no lugar. Essa descrição mais detalhada de como fenômeno está se transformando é objeto de um artigo publicado hoje na revista Science Advances por um grupo de cientistas de universidades chinesas e americanas.

O trabalho que chegou a essa conclusão, liderado pelo climatólogo Ming Luo, da Universidade Sun Yat-sen, de Cantão, na China, analisou quatro décadas registros de temperatura e variáveis atmosféricas em todo o planeta, entre 1979 e 2022. Durante esse período, a velocidade média de deslocamento das frentes de ar quente que caracterizam as ondas de calor (com temperaturas tipicamente acima dos 30°C) caiu aproximadamente de 360 para 325 quilômetros por dia, mostram os números dos cientistas, uma mudança aparentemente pequena, mas com resultados preocupantes nos casos mais extremos.

Além de criar uma reconstrução mais detalhada de como as frentes de calor viajam ao longo da terra, os pesquisadores usaram os dados para montar uma simulação climática. A ideia era usar modelo computacional para mostrar como a Terra se comportaria em relação a esse fenômeno, caso a concentração de CO2 não estivesse aumentando.

O resultado desse experimento computacional deu confiança aos autores do trabalho para afirmar a mudança climática está por trás dessa desaceleração das massas de calor.

"A redução significativa na tendência da velocidade de deslocamento e o aumento nas tendências de frequência e de distância percorrida são provavelmente causados pela forçante antropogênica ao longo das décadas", escreve Ming com seus coautores. Em outras palavras: a culpa é da emissão humana de gases do efeito estufa.

O problema, diz o climatólogo, tem consequências importantes para saúde humana, para a agricultura e para a biodiversidade do planeta. Os pesquisadores conseguiram estabelecer uma relação entre velocidade e distância percorrida pelas ondas de calor, e a conclusão significa que o provérbio "devagar se vai ao longe", infelizmente, se aplica bem a elas.

Impacto regional

Ming também constatou um aumento de 0,9°C nas temperaturas recordes atingidas durante ondas de calor, um aumento na frequência delas (de 75 para 98 ondas de calor por década) e na duração média (de 8 para 12 dias). As zonas de latitude temperada foram as mais afetadas particularmente nos verões da Europa e da Ásia.

A América do Sul, também viu um agravamento do fenômeno, mas principalmente na distância que as ondas de calor percorrem no continente.

Um aspecto importante do estudo é que ele detectou que a desaceleração das frentes de ar quente ocorreu com mais intensidade nas últimas duas décadas do que durantes a duas décadas anteriores. Isso significa que a tendência de reduzir a velocidade está aumentando.

O recado do estudo, previsivelmente, é o de que o problema é grave, mas a humanidade tem a chance de evitar que ele se agrave ainda mais,

"Nosso resultados sugerem que as ondas de calor contíguas que viajam mais longe e andam mais devagar vão causar impactos mais devastadores em sistemas naturais e sociais no futuro, se a emissão de gases de efeito estufa continuar aumentando e nenhuma medida efetiva for tomada para mitigação", escrevem Ming e sua equipe.

Mais recente Próxima Calendário lunar: veja as fases da Lua para 2024
Mais do Globo

Segundo Butantan, o maior predador dessa serpente é o homem, que além de matar os animais, também prejudica o habitat natural e reduz a expectativa de vida da espécie

Anaconda: cobra encontrada morta em rio do Tocantins é da espécie sucuri-verde e pode chegar a sete metros; conheça

Judi Dench e Siân Phillips foram aceitas após campanha contra a regra considerada arcaica e símbolo da supremacia masculina em lugares de poder e influência

Atrizes britânicas são primeiras mulheres admitidas em clube de Londres reservado aos homens

Empresa diz que medida trava inovação e que pode atrasar benefícios do uso de inteligência artificial no Brasil

Meta diz que decisão do governo de suspender uso de dados para treinar IA é 'retrocesso'

A ex-BBB apontou falas de Renata Meins, consultora de 'imagem pessoal' sobre mulheres transsexuais como desrespeitosas e cruéis

'Transfobia': Ariadna Arantes se revolta com 'coach' que afirma não atender mulheres trans em curso de visagismo

Governo determinou que empresa suspenda prática no Brasil. Na Europa, uso de informações para treinamento de IA foi adiado

Veja como a Meta coleta dados de Facebook e Instagram para treinar seus robôs de IA

Crescimento de Vojvoda e Artur Jorge, e saídas de Cuca e Diniz colocam estrangeiros entre os cinco primeiros

Ranking de Técnicos: na ponta, Tite, do Flamengo, é único brasileiro no top-5 recheado de estrangeiros

Resultado do Festival de Parintins 2024 foi divulgado nesta segund-feira (1); campeão deste ano é o Boi Caprichoso

Quem ganhou o Festival de Parintins 2024?

Com alta do dólar e do petróleo, diferença entre o valor cobrado no Brasil e no exterior é o maior desde meados de abril

Defasagem no preço da gasolina praticado pela Petrobras já chega a 19%

Influenciadora compartilhou clique com a sertaneja nas redes e ganhou comentário da mãe

Lauana Prado surge em nova foto com Tati Dias, recebe apoio da sogra e a elogia: 'A melhor do mundo'