Uma mensagem transmitida por laser pela Nasa no espaço chegou à Califórnia, nos Estados Unidos, em evento histórico na última terça-feira. O experimento Comunicações Ópticas do Espaço Profundo (DSOC, na sigla em inglês) disparou um laser infravermelho a 16 milhões de quilômetros da Terra em cerca de 50 segundos.
A experiência, que foi conduzida na sonda Psyche, marcou a primeira transmissão óptica de dados além da órbita lunar. A conquista, de acordo com a agência, sinaliza uma possível transformação na maneira como as espaçonaves se comunicam, e também representa um grande avanço em direção ao envio de astronautas para Marte.
A mensagem, que partiu de uma distância equivalente a cerca de 40 vezes a distância da Lua à Terra, foi direcionada ao Telescópio Hale, no Observatório Palomar da Caltech. Já a sonda Psyche foi lançada em outubro e tem como maior missão explorar um cometa rico em metal entre Marte e Júpiter, no cinturão de asteroides, em 2028.
'Primeira luz'
O feito atual foi apelidado por especialistas espaciais de "primeira luz". Após se conectar com o Laboratório de Propulsão a Jato nos arredores de Los Angeles, o laser foi capaz de ajustar com precisão seu curso rumo ao sul. Para Trudy Kortes, diretora de Demonstração de Tecnologia da Nasa, o sucesso do laser é "um passo essencial" para explorações pessoais.
— Atingir a primeira luz é um dos muitos marcos críticos do DSOC nos próximos meses, pavimentando o caminho para comunicações de maior taxa de dados capazes de enviar informações científicas, imagens em alta definição e vídeo em streaming em apoio ao próximo grande salto da humanidade, que é enviar humanos a Marte — disse ela.
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Outro elemento crucial é que os dados de teste foram enviados para a Terra e recebidos no espaço por meio de um processo chamado uplinking — um laser transmitido do laboratório do telescópio DSOC — e downlinking para o observatório Palomar. O processo de envio de sinais de volta à Terra a partir do satélite leva cerca de 20 minutos.
O objetivo final é transmitir dados 100 vezes maiores do que os sistemas de frequência de rádio usados no teste. Uma vez alcançado, a Nasa não só poderia ajudar missões humanas e robóticas, mas também enviar instrumentos de maior resolução ao espaço profundo para estudo.
— A comunicação óptica é uma bênção para cientistas e pesquisadores que sempre querem mais de suas missões espaciais e permitirá a exploração humana do espaço profundo — disse Jason Mitchell, diretor da Divisão de Tecnologias Avançadas de Comunicação e Navegação da NASA. — Mais dados significam mais descobertas.