Dan Stulbach é um talento dono de um longo currículo. Mas segue lembrado pelo Marcos de “Mulheres apaixonadas”, história de Manoel Carlos exibida na Globo em 2003. Ela voltará ao ar hoje no Vale a Pena Ver de Novo. A trama do ator, do marido que batia na mulher (Raquel/Helena Ranaldi) usando uma raquete de tênis, continua atual. Ela promete mexer com o público em 2023. Nas cenas dirigidas por Ricardo Waddington, não se via espancamento: os gritos de Raquel bastavam. Era forte.
O Brasil mudou de lá para cá. Basta dizer que a Lei Maria da Penha — que define a violência doméstica e familiar contra a mulher como crime e aponta formas de punição — é de 2006. Portanto, “Mulheres apaixonadas” veio antes.
Ela motivou mil discussões. Helena e Dan foram a Brasília visitar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E participaram do lançamento do Programa Nacional de Combate à Violência contra a Mulher. Quando Raquel finalmente se dirigiu à delegacia, o número de denúncias de violência doméstica também aumentou em todo o país.
Vale conferir “Mulheres apaixonadas” e refletir sobre a imensa importância das novelas no Brasil. O gênero costuma ter uma conexão com seu contexto histórico. Por isso, com o tempo, seus temas podem caducar. Não foi o caso aqui.