Patrícia Kogut
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“Tokyo Vice” estreou por aqui na HBO (hoje, Max) em 2022, teve oito episódios e atraiu as atenções. Agora, a segunda temporada acaba de chegar. Desta vez, serão dez episódios e há sete disponíveis na plataforma. É um thriller noir da melhor qualidade, impulsionado por equipe e elenco de pesos-pesados. Michael Mann, diretor premiado por seu trabalho no cinema (o recente “Ferrari”, por exemplo, leva a assinatura dele), é produtor executivo. Ele comandou o piloto e esteve à frente de alguns capítulos. Trata-se de uma ficção livremente baseada na autobiografia do jornalista americano Jake Adelstein (também produtor da série). Recomendo muito.

Os primeiros capítulos da temporada anterior eram uma flechada no coração do público em geral, mas acertaram sobretudo os jornalistas. É que o protagonista, Jake Adelstein (Ansel Elgort), é um repórter. Jovem idealista vindo do Missouri, ele obtinha sucesso numa missão quase impossível: a de ocupar uma vaga na redação do “Micho Shimbum”, grande publicação japonesa. Jake conseguia furar a barreira do preconceito mostrando domínio do idioma e extrema obstinação. Conquistou um emprego na editoria de polícia, apesar da resistência de colegas e chefes. A trama é toda ambientada no início dos anos 1990, com os jornais impressos no auge, antes da revolução digital. O charme e a agitação de uma grande redação invadiam tudo.

Rapidamente, entretanto, essa premissa se expandiu. E o foco se transferiu para fora do jornal, ficando concentrado no submundo do crime.

E é exatamente do ponto onde terminou a primeira temporada que a segunda começa. Daqui para a frente, pode ter spoiler.

Tokyo Vice — Foto: Max
Tokyo Vice — Foto: Max

Quando reencontramos Jake, ele ainda está mancando e cheio de hematomas pelo rosto. É tudo consequência de uma surra aplicada pela Yakuza, a máfia japonesa. Aconteceu depois que ele, com seu faro e a obsessão de repórter investigativo, descobriu uma rede criminosa embaralhando bandidos e políticos aparentemente respeitáveis.

Os ferimentos são bem simbólicos do aprofundamento do roteiro nas tramas de ação e perigo. O protagonista continua sendo um homem bom e ético. Mas agora está calejado e menos afeito a paixões ingênuas. Ele ressurge mais voltado para promover a Justiça do que para o romance. Jake tenta descobrir quem está por trás do sumiço de Polina (Ella Rumpf ), uma modelo do Leste europeu que conheceu na temporada anterior. Seu principal par agora é sua fonte na polícia, o detetive Hiroto Katagiri (Ken Watanabe).

(siga no Instagram: @colunapatriciakogut)

“Tokyo Vice” não é simples. Há várias ordens éticas regendo as ações de mocinhos e bandidos. Cada organização e grupo funcionam de acordo com seus princípios ou sua omertà: a polícia, os políticos, o mocinho americano e o japonês. Todos os personagens são multidimensionais. Assim, apesar do banho de sangue, a série é sofisticada e cheia de sutilezas. Não perca.

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