'Me senti ameaçada': mulher fica à deriva no mar após fugir em prancha de 'stand up' da ilha do herdeiro de Ivo Pitanguy em Angra

Após sair da ilha, um dos marinheiros de Pitanguy foi enviado para resgatá-la, mas Cristiane percebeu que ele havia retirado os seus pertences e documentos

Por — Rio de Janeiro


Cristiane Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 18/06/2024 - 10:38

Psicóloga acusa herdeiro de Pitanguy

Psicóloga acusa herdeiro de Ivo Pitanguy de injúria e omissão de socorro após ser hostilizada e deixada à deriva em Angra. Caso registrado na Delegacia da Mulher, testemunhas sendo ouvidas. O acusado ainda não se pronunciou sobre as alegações.

A psicóloga Cristiane Correa Santa Catarina, de 53 anos, registrou um boletim de ocorrência contra Helcius Pitanguy, herdeiro do renomado cirurgião Ivo Pitanguy, acusando-o de injúria e omissão de socorro após ser deixada à deriva na Ilha dos Porcos, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu no último sábado, por volta das 17h30, quando ela foi hostilizada e decidiu fugir a remo do local.

O que aconteceu?

Amigos há pelo menos 12 anos, entre idas e vindas, Cristiane afirma que foi maltratada por Helcius e xingada de “puta virgem" e que Pitanguy ainda teria falado para ela "ficar quieta e deixar ele comer em paz". Nesse momento, ela decidiu deixar a ilha, mas não recebeu ajuda dos marinheiros presentes. Desesperada, Cristiane utilizou um stand-up paddle na tentativa de alcançar o Iate Clube Aquidabã para voltar para casa.

Conheça a ilha da família Pitanguy

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Ilha herdada por Helcius Pitanguy, herdeiro do renomado cirurgião Ivo Pitanguy

— Somos amigos há 12 anos, só que ele é um sujeito de trato difícil, portanto, nesses 12 anos têm brechas de 5 anos sem vê-lo. Ele é assim, os amigos o toleram. Já estava acostumada com ele me corrigindo na frente das pessoas, dizendo que como uma psicóloga eu falo errado, já me chamou de biruta e cafona, mas nunca tinha sido dessa maneira — descreveu a psicóloga em entrevista ao GLOBO.

Helcius ordenou que levasse Cristiane de volta para a ilha

Após sair da ilha, um dos marinheiros de Pitanguy foi enviado para resgatá-la e confiscou pertences e documentos sob ordem de Helcius, segundo a psicóloga. De acordo com o o depoimento dela à Polícia Civil, o barqueiro da família disse que Helcius havia ordenado que o funcionário levasse Cristiane de volta para a ilha. Já dentro do barco, com a prancha, ela decidiu pular da embarcação e remou por cerca de uma hora, por conta própria, para pedir ajuda de terceiros.

Ilha dos Pitanguy — Foto: Reprodução

Ao ficar à deriva, Cristiane foi resgatada pelo administrador da Ilha dos Porcos e outro funcionário, que a levaram até o Poste dos Pescadores. Lá, ela pediu um carro de aplicativo para voltar para casa no Rio de Janeiro.

— A agressividade dele começa quando alguém diz não para ele, quando bebe ou quando ele não se sente o rei das atenções. Ele é muito ofensivo, mas se comporta como um "queridão" entre os amigos até a página que o convém. Parece ter dupla personalidade, mas nunca vi nenhuma violência física — relatou a psicóloga, que ficou machucada na tentativa de fugir do local.

Psicóloga ficou com hematomas — Foto: Reprodução

Cronologia dos ataques

O temor de Cristiane começou na última quinta-feira, quando foi convidada por Helcius para visitar a ilha. Ela percebeu que Helcius estava embriagado já na saída de sua casa, na Barra da Tijuca. Cristiane afirmou ainda que já foi vítima de maus-tratos anteriormente, mas nunca dessa maneira. No registro de ocorrência, Cristiane relata que Helcius gritou com ela em um supermercado conhecido em Angra ordenando que ela cuidasse do seu cachorro.

Já na sexta-feira, Cristiane contou que teve um dia tranquilo na mansão dos Pitanguy, mas o cenário mudou drasticamente no sábado, quando saiu para encontrar uma amiga. O grupo de mulheres teria voltado com Cristiane à Ilha dos Porcos e, horas depois, Helcius teria afirmado: "Não sabia que as suas amigas são todas putas, a mais bonita já veio aqui com dez amigos meus diferentes". Em seguida, Helcius teria chamado Cristiane de "puta virgem" e mandado ela comer quieta.

— Os xingamentos mais graves começaram depois que amigas que estavam de lancha passaram para conhecer a ilha. Logo que elas foram embora, fui almoçar com Helcius, quando ele disse: "não sabia que as tuas amigas eram todas putas, a mais bonita já veio aqui com dez amigos meus diferentes. Pior você que é puta virgem não deixa ninguém te tocar, por isso é pobre”. Eu retruquei, me levantei e bati o prato na mesa, mas ele continuou — desabafou Cristiane.

O caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Angra dos Reis. Testemunhas estão sendo ouvidas e outras diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.

Outro lado

Em nota enviada ao GLOBO, a defesa de Helcius Pitanguy afirmou que não foi comunicado da existência do registro policial por Cristiane Correa. Mesmo assim, o advogado Rafael De Piro afirma que Helcius jamais a destratou e que a psicóloga "parecia estar transtornada".

"Amigos há mais de uma década, Helcius jamais a destratou, tendo-a recebido, e a seus convidados, no final de semana com alegria e cordialidade. Ao saber que Cristiane, após um desentendimento, havia saído irresponsavelmente de stand-up paddle da ilha em direção a outra ilha próxima, imediatamente solicitou a seus marinheiros Fabio Carneiro e Erasmo Carlos Alípio que fossem resgatá-la, levando-a com segurança até a cidade de Angra dos Reis, como era de sua vontade. Durante o percurso, Fabio e Erasmo foram a todo o tempo destratados, ofendidos e humilhados por Cristiane – que parecia estar transtornada.

O advogado ainda firma que abriram um procedimento criminal contra Cristiane Correa será aberto pelos marinheiros na Delegacia de Angra dos Reis, pelos crimes de injúria e ameaça. "Helcius, de igual forma, promoverá as medidas legais cabíveis contra Cristiane em razão das ofensas e falsas acusações lançadas contra ele", diz a nota.

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