Moradores temem novos casos de envenenamento no Jardim Oceânico, apesar de limpeza das ruas pela Comlurb

Para tentar evitar que animais fossem contaminados, tutores alteraram hábitos de passeio

Por — Rio de Janeiro


Isabela Cosso passeia com Judite e Zeca no Jardim Oceânico Marcia Foletto

Os moradores do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, ainda temem que novos casos de envenenamento possam acontecer com seus cachorros. Mesmo após limpeza nas calçadas e canteiros realizada pela Comlurb no último sábado, os tutores de pets aumentaram a fiscalização, adotaram novas rotas e andam com as guias mais próximas ao corpo. É o caso da estudante Isabela Cosso, de 21 anos, dona do Zeca, que foi uma das vítimas da intoxicação há cerca de duas semanas.

— Ele estava evacuando com sangue e decidimos levar em uma UPA pet no bairro de Copacabana. Não chegou a ficar internado, mas foi tratado lá, medicado e ficamos de olho. Só associamos ao veneno depois que a notícia começou a circular pelo bairro, até porque o Zeca tem o costume de a andar sem coleira. O cachorro de um amigo chegou a ser hospitalizado com os mesmo sintomas — detalhou ela, enquanto tentava segurar o animal agitado que puxava a coleira para seguir o passeio.

O schnauzer Zeca foi envenenado há duas semanas e já está recuperado — Foto: Marcia Foletto

As principais ruas do Jardim Oceânico acusadas de estarem contaminadas pelo veneno seriam a John Kennedy, Zaco Paraná e a Ivone Cavaleiro. Interligadas umas as outras, as vias convivem com a suspeita de que uma substância tóxica tenha sido espalhada pelas administrações dos prédios na área nos canteiros para evitar a proliferação de ratos e insetos.

A psicóloga Márcia Amaral, de 49 anos, é dona do agitado Faísca, um Jack Russel de quatro anos que sai para passear de três a quatro vezes ao dia. Ela levanta a hipótese de que algum produto pode ter sido colocado para espantar um gambá que vive na região.

Márcia é tutora de Faísca, um Jack Russel — Foto: Marcia Foletto

— Faísca gosta de caçar ele (gambá). O bicho mora aqui há anos e sempre comentam, mas ainda não se sabe se é a tentativa de alguém matar ele. Não dá para saber a intenção, mas quero acreditar que não foi para fazer mal aos cachorros — disse ao GLOBO. — É complicado porque eu passeio muito com ele, agora estou tendo que levar com a guia mais perto de mim e vigiando tudo o que ele fareja, chega a dar um desânimo, é triste sair assim — completou.

Gambá atravessa Rua Ivone Cavalheiro — Foto: Marcia Foletto

A Comlurb realizou uma ação de limpeza em mais de dez ruas da região com o intuito de eliminar produtos químicos que possam ter provocado a morte dos cães por envenenamento. A ação contou com apoio da Subprefeitura da Barra e a presença de 24 garis, que realizaram o trabalho com apoio de cinco pipas d'água, duas vans motobomba e duas jateadeiras. Mesmo após o procedimento, a tutora Silvia Dias, de 61 anos, assim como os outros moradores, continua evitando passear pelas calçadas com a Dori.

— Tive que mudar a forma que passeio com ela, agora tenho tentado passar mais pela rua. Não consegui evitar sair de casa como queria, porque a Dori precisa fazer as necessidades na rua, ela não consegue fazer em casa. É uma questão de necessidade mesmo. E como ela já é mais velhinha, fico com medo caso seja contaminada e não aguente — disse.

A tutora Sandra teve que mudar a rotina com Dori após os envenenamentos — Foto: Marcia Foletto

Ela ainda salienta que antes da limpeza, os canteiros das ruas citadas exibiam placas de alerta de venenos colocados para ratos, o que mudou após a faxina. Márcia Amaral também afirmou ter percebido que os alertas foram retirados, e que antes poderiam estar ali como um "falso alarme para evitar que os animais destruíssem as plantas e jardins".

— Tinham várias placas na rua antes avisando que tinha veneno de rato em um lugar, era uma indicação. Acho que os prédios retiraram para evitar levantar qualquer suspeita, já que tava ali mais para evitar que os bichos entrassem — falou Silvia.

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