Com dois mandados de prisão expedidos em seu nome pelo Tribunal de Justiça do Rio, o bicheiro Bernardo Bello Pimentel Barboza vai completar 42 anos, na próxima segunda-feira, com menos poder no mundo da contravenção. A polícia investiga a informação de que o foragido — que é ex-genro de Waldemir Paes Garcia, o Maninho, morto a tiros em 2004 — teria passado o controle de 47 pontos de apostas para Rogério de Andrade, que comanda o jogo do bicho na Zona Oeste, e para Adilson Coutinho de Oliveira Filho, o Adilsinho. O segundo é apontado em investigações como um dos herdeiros da contravenção em Duque de Caxias, além de ser ligado ao mercado ilegal de cigarros.
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A troca de comando nos pontos de apostas, que se estendem do Engenho Novo, na Zona Norte, ao Leblon, na Zona Sul, passando por bairros como Rio Comprido, Centro, Catumbi, Vila Isabel, parte da Tijuca e Ipanema, teria ocorrido há cerca de dois meses. Enfraquecido com a perda de aliados — alguns foram assassinados e outros mudaram de lado —, Bello teria ficado acuado, sendo obrigado a entregar seus territórios e, assim, acabar com uma guerra que deixou quatro mortos e cinco feridos nos últimos meses.
Esse conflito se tornou público quando o contraventor Luiz Cabral Waddington Neto, de 42 anos, procurou a polícia em abril após o filho sofrer um atentado no Rio Comprido, na região central do Rio. Ele confessou que gerenciava pontos de apostas para a família Garcia havia 20 anos e contou que, um dia antes do ataque, uma pessoa o mandou deixar o negócio porque “o pessoal de Caxias”, com apoio de contraventores da Zona Oeste, assumiria a exploração do jogo. O carro do filho de Luiz Cabral foi atingido por 40 disparos, mas a vítima sobreviveu.
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Guerra por território
Em depoimento à Delegacia de Homicídios, Luiz Cabral relatou as mortes de duas pessoas ligadas a Bello na guerra por território: Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, de 41 anos, no dia 6 de abril, e o cabo da PM Daniel Mendonça da Silva, em 19 de abril.
Um mês depois, Luiz Cabral acabou se tornando um foragido. Ele teve a prisão temporária decretada por suspeita de envolvimento numa tentativa de homicídio, em 15 de abril, um dia depois do atentado que o filho sofrera. Na ocasião, duas pessoas foram baleadas num bar, onde havia uma máquina caça-níquel, em Vila Isabel.
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Bello é procurado por conta da morte do advogado Carlos Daniel em Niterói, em 2022. Ele também teve a prisão decretada em uma investigação de lavagem de dinheiro. O GLOBO não conseguiu localizar as defesas de Bello e Rogério. Já o advogado Ricardo Braga, que defende Adilson Filho, negou o envolvimento do seu cliente com o jogo do bicho e atos de violência.