Longe das novelas há mais de dez anos, Cecilia Dassi está no ar em "Alma gêmea", trama de 2005 reprisada no Vale A Pena Ver de Novo. Em entrevista ao site, ela, que hoje é psicóloga e tem 34 anos, lembra os bastidores das gravações na época:

— Eu não me lembro de várias coisas, não lembrava que tinha feito algumas cenas. Mas as memórias que tenho são positivas. Não olho para trás com traumas. A minha mãe sempre esteve muito presente, sempre protegeu muito de qualquer situação que ela achasse que poderia ser ruim. Eu gosto muito de ver o que as pessoas compartilham na internet. É muito legal ver as pessoas lembrando e perceber que ainda gostam de acompanhar.

• Protagonista da trama: Priscila Fantin fala sobre reprise de 'Alma gêmea' e do diagnóstico de depressão crônica: 'Tristeza profunda desde os 19'
• E mais: Angélica se espanta ao descobrir valor pelo qual sua boneca dos anos 1980 é vendida hoje na internet

Cecilia tinha 15 anos quando interpretou Mirella na novela das 18h de Walcyr Carrasco. Ela iniciou a carreira na TV aos 6 anos e, em 2013, resolveu parar para se dedicar à nova profissão:

— Acho que já não estava mais fazendo muito sentido. Percebi que (a atuação) funcionava melhor para mim enquanto um hobby. A ideia de fazer novela, que é o principal meio de sobrevivência financeira dos atores do Brasil, não me agradava. É um formato em que a gente tem menos espaço criativo e foca mais no resultado mesmo. A gente não tem muito tempo de estudar. Não estava me satisfazendo mais como artista. Quando eu era criança, eu não estudava. Eu fazia espontaneamente. Conforme fui ficando mais velha, fui estudando, começando a entender melhor sobre arte e atuação tecnicamente e me encantando mais com o processo criativo. Então comecei a perder um pouco o encanto, digamos, pelo universo. Se eu não tivesse nenhuma outra alternativa, eu poderia ficar fazendo teatro. Mas, como me encantei muito pela psicologia, fez todo sentido a mudança de carreira.

Ela conta que não se imaginava como psicóloga e que a profissão surgiu por acaso em sua vida:

— Eu nem conhecia direito a profissão. A psicologia apareceu para mim em um teste vocacional na época do colégio. Comecei a pesquisar e gostei. A intenção não era trocar de carreira quando eu comecei. Era basicamente ter uma formação, ampliar meu olhar. Quando comecei a faculdade, eu gostei muito, fez muito sentido para mim. Eu comecei a adorar a ideia de atuar nesse universo e ao mesmo tempo fui aos poucos perdendo a identificação com a atuação. Quando acabou meu contrato com a TV, eu já tinha terminado a faculdade e falei: "Agora é a hora. Vou oficializar a minha migração de carreira e me dedicar a essa nova atividade". Então, foi bem gradual e natural para mim, realmente uma decisão muito acertada.

• TV e famosos: se inscreva no canal da coluna Play no WhatsApp

Cecilia, que só faz atendimentos on-line, produz conteúdo na internet sobre psicologia e acumula quase 350 mil seguidores nas redes. Ela diz que teve medo de a profissão antiga interferir no novo trabalho:

— No início isso foi uma questão. Eu conversava muito com os professores sobre as pessoas ficarem falando e perguntando, se isso de alguma maneira impactaria o processo terapêutico. Mas acabou sendo bem mais tranquilo de manejar do que eu imaginava. As pessoas vão saber que eu era atriz, elas têm essas informações sobre a minha vida. Ou eu me aproprio disso e uso a meu favor ou vou ficar a vida inteira lamentando. Não tem o que fazer sobre isso. Então, quando as pessoas vão pesquisar "por onde anda Cecelia Dassi", elas vão encontrar um conteúdo que vai ser útil e potencialmente transformador na vida delas. Muitas pessoas que estão aqui hoje chegaram até mim porque me procuraram como atriz, pela curiosidade, e ficaram porque gostaram do conteúdo.

Ela comenta ainda a possibilidade de voltar a trabalhar como atriz:

— Não sinto falta. Não digo que não voltaria, porque a vida é complexa. Hoje, com certeza não. Mas não descarto a possibilidade, especialmente no teatro e no cinema, fazendo trabalhos mais fechados. Na minha rotina hoje nem caberia, mas sou muito conectada a arte de modo geral.