Forças Armadas Canadenses serão lideradas por uma mulher pela primeira vez, em meio a uma crise causada por casos de racismo e agressão sexual

Saiba quem é Jennie Carignan, nomeada por Justin Trudeau para o cargo mais alto nas fileiras militares do país. Ela iniciará suas novas funções no dia 18 de julho

Por El País — Montreal, Canadá


Jennie Carignan, a primeira mulher a liderar as Forças Armadas Canadenses SABAH ARAR/AFP

Pela primeira vez na história do Canadá, uma mulher terá as mais altas responsabilidades nas Forças Armadas do país. Na última quarta-feira (4), o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau anunciou a nomeação de Jennie Carignan como a nova chefe do Estado-Maior da Defesa. Carignan, que conquistou o posto de tenente-general em 2021 e será promovida a general, assumirá as novas funções em cerimônia marcada para 18 de julho. Trudeau disse que, ao longo da sua carreira, Carignan demonstrou liderança, compromisso com a excelência e dedicação.

— Essas características têm sido enormes ativos para as nossas Forças Armadas. Carignan contribuirá para tornar o Canadá um país mais forte e seguro — disse ele, antes de observar que ela é a “pessoa certa” para liderar a instituição em tempos de grandes desafios.

Jennie Carignan — Foto: SABAH ARAR/AFP

Nascida em Val-des-Sources (Quebec), Jennie Carignan ingressou nas fileiras militares em 1986 e formou-se engenheira militar em 1990. Ao longo de sua carreira recebeu múltiplas distinções, sendo uma delas a ordem de mérito militar do governador geral do Canadá. Ela foi a primeira mulher a liderar uma força de combate no Exército de seu país. Destaca-se também sua participação em operações no Afeganistão, Bósnia e Síria. Da mesma forma, liderou a missão da Otan no Iraque de 2019 a 2020.

Casos de discriminação, racismo e agressões sexuais

Antes da nomeação de quarta-feira (4), Jennie Carignan serviu como chefe de conduta pessoal e cultura das Forças Armadas. A sua chegada a este cargo teve a ver com a crise na instituição devido aos inúmeros casos de discriminação, racismo e agressões sexuais. No seu novo cargo, Carignan terá que continuar a implementar diversas recomendações para reduzir este problema dentro do quartel. Ela também terá que enfrentar os obstáculos que dificultam o recrutamento. Estima-se que as Forças Armadas canadenses tenham um déficit de cerca de 16 mil membros.

Nos últimos anos, os militares canadenses prestaram apoio significativo em vários desastres naturais. Exemplo disso foi a sua participação no combate à onda de incêndios florestais que afetou diversas partes do país em 2023. Carignan tem experiência nestes assuntos, já que liderou operações de socorro às enchentes que afetaram a província de Quebec em 2019. No entanto, Ottawa destacou a necessidade de as instituições e os níveis governamentais estarem melhor preparados para a frequência crescente destes eventos.

As Forças Armadas Canadenses também enfrentam o desafio de aumentar a sua presença no Ártico. Da mesma forma, o foco está em outras partes do mundo, como a Ucrânia. O Canadá entregou vários pacotes de ajuda militar ao governo de Volodymyr Zelensky na sua luta contra a invasão russa. Em 23 de maio, um grupo de senadores dos EUA enviou uma carta a Justin Trudeau.

Nela, pediam ao primeiro-ministro canadense que Ottawa respeitasse os seus compromissos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte de atribuir 2% do PIB dos países ao orçamento militar. Em 2023, os gastos canadenses nessa área foram de 1,38%. Trudeau respondeu um dia depois, afirmando que os aliados do Canadá estão satisfeitos com os seus investimentos em defesa.

Mais recente Próxima Novo primeiro-ministro britânico anuncia fim de plano de expulsar migrantes para Ruanda