Violência política cresce na França em meio à tensão durante campanha eleitoral

Quatro pessoas foram presas após ataque contra porta-voz do governo; site de extrema direita incitou 'eliminação' de advogados que assinaram petição contra o partido de Le Pen

Por AFP — Paris


Franceses caminham em frente à cartaz eleitoral na França EMMANUEL DUNAND / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 04/07/2024 - 16:16

Tensão política na França: Agitação durante eleições

A tensão política na França aumenta com agressões e ameaças durante a campanha eleitoral. Ataques contra candidatos, incitação à violência e clima de medo marcam o pleito decisivo. Medidas de segurança reforçadas para evitar possíveis distúrbios após o segundo turno das eleições legislativas.

Faltando três dias para o segundo turno das eleições legislativas da França, que podem levar a um inédito governo de extrema direita, a tensão paira sobre a campanha eleitoral. Denúncias de agressões, ameaças e incitação a crimes contra determinados grupos dão o tom do clima no país diante de um pleito decisivo.

Na votação do último domingo, o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, obteve um terço dos votos, à frente da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP, 28%) e da aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron.

Desde então, candidatos ao segundo turno, apoiadores e aliados, incluindo a porta-voz do governo, Prisca Thevenot, foram alvos de agressões verbais ou físicos. Filha de imigrantes, Thevenot alertou sobre o "aumento de declarações e ataques racistas" horas antes de sofrer um ataque que levou à prisão de quatro pessoas, sendo três delas menores, em Meudon, no sudoeste de Paris, na quarta-feira.

— Estou com medo, como mãe de duas crianças mestiças — disse em entrevista ao canal francês TF1 antes do incidente, que feriu dois membros de sua equipe.

O ataque a Thevenot não é o único em meio à política instaurada desde a inesperada antecipação por Macron das eleições legislativas programadas para 2027, após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias de 9 de junho.

A candidata de esquerda em Paris, Danielle Simonnet, denunciou que, na noite de terça-feira, "militantes de extrema direita" agrediram três de seus apoiadores enquanto colavam cartazes eleitorais.

Em Savoie, no sudeste da França, a candidata de extrema direita Marie Dauchy alegou que um lojista a agrediu em um mercado. E em uma região próxima, o ex-ministro Olivier Véran denunciou um "ataque covarde" a um ativista.

— Podemos nos opor democraticamente, mas não podemos nos atacar verbal ou fisicamente, como infelizmente aconteceu durante essa campanha — lamentou o primeiro-ministro Gabriel Attal durante uma visita à região central da França.

Um site de extrema direita publicou um apelo para "eliminar" advogados que assinaram uma petição contra o Reagrupamento Nacional, um sinal da tensão latente. "Esta é a primeira vez na França que há um apelo explícito para o assassinato de advogados", alertou a associação de advogados criminais ADAP na rede social X.

A menos de um mês dos Jogos Olímpicos, o governo planeja mobilizar 30 mil policiais para evitar possíveis distúrbios a partir de domingo à noite, quando os resultados serão conhecidos, embora sem identificar claramente os riscos no momento, dada a natureza incerta da votação.

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