O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou nesta segunda-feira a afirmar que não acredita que seja a hora certa para realizar eleições. A declaração ocorre em meio a um debate entre os líderes do país sobre a possibilidade de uma votação presidencial em 2024. A Constituição ucraniana diz que todas as eleições, incluindo a presidencial, prevista para ocorrer em março de 2024, estão tecnicamente canceladas devido à lei marcial, em vigor desde o início da guerra, no início do ano passado.
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— Temos que decidir que agora é o momento da defesa, o momento da batalha, da qual depende o destino do Estado e do povo — disse Zelensky no seu discurso diário.
O líder ucraniano disse que era momento para o país estar unido, não dividido, e acrescentou:
— Acredito que agora não seja o momento (certo) para eleições.
O Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse na semana passada que Zelensky estava "ponderando" se seria possível realizar as eleições no próximo ano, dada a invasão da Rússia. O presidente advertiu que seria difícil realizar as eleições devido ao grande número de ucranianos no estrangeiro e de soldados na linha de frente. As eleições parlamentares que deveriam ter sido realizadas no mês passado também foram canceladas devido à guerra. O Parlamento ucrâniano (a Rada) encerrou o seu mandato legislativo em outubro.
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Zelensky, que foi eleito em 2019, disse em setembro que estava "pronto" para realizar eleições se fosse necessário e era a favor de permitir que observadores internacionais monitorassem a votação. A indicação havia sido dada no dia 29 de julho pelo presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, fiel aliado de Zelensky, quando surpreendeu os cidadãos com o anúncio de que haveria “brevemente uma atualização da lei” para a organização de eleições.
A expectativa do líder ucraniano era frear a queda de popularidade de seu governo e ganhar legitimidade para enfrentar possíveis negociações de paz para encerrar o conflito com a Rússia. A taxa de aprovação doe Zelensky disparou após o início da guerra, mas o cenário político do país permaneceu frágil, apesar da força unificadora da guerra.
Oleksiy Arestovych, antigo assessor presidencial, anunciou esta semana que iria concorrer contra o seu antigo chefe, depois de ter criticado Zelensky pelo ritmo lento da contraofensiva do país. A extensa linha da frente entre os dois países quase não se moveu em cerca de um ano, apesar de a Ucrânia ter lançado uma contraofensiva em junho para recuperar o território ocupado pela Rússia.
Entre os obstáculos a uma eleição durante a guerra estão a impossibilidade de organizar o pleito em territórios ocupados pela Rússia e o imenso número de ucranianos que precisaram deixar a Ucrânia em busca de refúgio em outros países.
Guerra na Ucrânia
Nesta segunda-feira, Zelensky disse que as forças ucranianas tinham destruído com sucesso um grande navio russo no estaleiro naval de Kerch, na Crimeia anexada. O presidente ucraniano tem se encontrado regularmente com os líderes ocidentais para tentar garantir mais defesas aéreas e evitar o cansaço internacional com o conflito, que já dura mais de 600 dias.
Zelensky também foi forçado a negar que o conflito tenha chegado a um impasse, mas admitiu no domingo que tinha chegado a uma "situação difícil".