O Brasil tem a quarta maior taxa de desemprego entre os homens na faixa de 15 a 24 anos considerando os países do G20. Cerca de 17% dos recém-ingressados no mercado de trabalho estão desempregados, atrás apenas de África do Sul (46%), Itália (22%) e França (19%).
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É o que mostram os dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira. Os números fazem parte da publicação 'Criando sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 - caderno Desigualdades'. O estudo reúne sete indicadores globais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU e apresentam um retrato das desigualdades dentro dos países do G20 e entre eles.
O Brasil recua para a quinta posição quando se observa o nível de desemprego entre os homens de 25 anos ou mais em 2022. O país registrou uma taxa de 5,42%, ficando atrás da África do Sul (24,73%), Turquia (7,61%), Itália (6,12%) e França (6,10%). Ainda assim, fica ligeiramente acima da média de 5% dos países do G20.
As maiores diferenças na taxa de desemprego por sexo de 25 anos ou mais ocorrem na Arábia Saudita, Turquia e Brasil (5,42% - homens e 8,85% - mulheres).
Segundo Daniel Duque, economista e pesquisador do FGV Ibre, é esperado que países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento tenham taxas de desemprego e informalidade maiores que os países desenvolvidos:
— Esses países costumam ter uma certa rigidez no mercado de trabalho que países desenvolvidos não têm. E no período pós-globalização vemos um aumento na demanda por trabalho qualificado, algo que países em níveis menores de desenvolvimento vão ter menos capacidades de suprir — avalia.
Desemprego entre as mulheres de 15 a 24 anos
O Brasil também ocupa a quinta posição quando considerada a taxa de desemprego entre as mulheres mais jovens, de 15 a 24 anos. Cerca de 24,71% das mulheres desta faixa etária estavam desempregadas em 2022. O país só perde para a África do Sul (53,85%), Arábia Saudita (26,41%), Itália (25,81%) e Turquia (25,71%).
Enquanto isso, países como Japão (3,5%), Alemanha (4,85%), Coreia do Sul (6,23%), México (7,34%) e Estados Unidos (7,47%) têm as menores taxas de desemprego entre as mulheres que estão começando a se inserir no mercado de trabalho.
Índia, Indonésia e México têm mais informalidade
A situação do Brasil está um pouco melhor quando considerada a informalidade. Índia (88%), Indonésia (79%), México (57%), Argentina (51%) e África do Sul (41%) tiveram as maiores taxas de informalidade entre homens de 15 anos ou mais em 2022.
O Brasil apareceu em sexto lugar, com 40%. A média dos países do G20 ficou em 39%, considerando aqueles em que há dados disponíveis. Não há informações para Rússia, EUA, Japão, Canadá, Austrália, Arábia Saudita e China, por exemplo.
A pesquisa revela que a taxa de informalidade costuma ser maior entre os homens na maioria dos países do G20. Mas há nações onde o trabalho informal é mais presente entre elas. É o caso da Índia (91,32%), Indonésia (81,88%), África do Sul (43,29%), Turquia (36,32%) e Alemanha (4,61%).
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Ainda assim, a pesquisa revela enorme desigualdade entre os países. Enquanto na Índia a taxa de informalidade é de 91,32% para as mulheres (frente 88,18% dos homens), na Alemanha é de 4,61% (frente 3,87% dos homens).
No Brasil, ocorre o inverso: a taxa de informalidade entre as mulheres é menor que a dos homens, de 36,08%.
Estudo sobre desigualdades
O estudo foi divulgado nesta terça-feira na Casa de Cultura Laura Alvim, espaço tido como a "sede do G20 no Brasil", em Ipanema, no Rio. A pesquisa abarca temas como saúde, educação, pobreza, mercado de trabalho, gênero e justiça.
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O objetivo do estudo é oferecer subsídios às discussões sobre o tema das desigualdades aos líderes do G20 durante a Cúpula de líderes do grupo, que será realizada em novembro no país. Neste ano, a União Africana adere ao grupo.