Morgan Spurlock: diretor de 'Super Size Me', que morreu aos 53, chegou a admitir histórico de estupro e assédio

Revelação de Morgan Spurlock em rede social veio na esteira das denúncias do movimento #MeToo

Por O GLOBO — Rio de Janeiro


Documentarista Morgan Spurlock, diretor de 'Super Size Me', morre aos 53 anos Divulgação

O cineasta Morgan Spurlock, que morreu na quinta-feira (23) de complicações causadas por um câncer e ficou conhecido por filme no qual passa um mês se alimentando apenas de fast-food, admitiu em 2017 que tinha um histórico de estupro e assédio. A revelação veio na esteira do movimento #MeToo, com uma série de denúncias contra figuras como o megaprodutor de Hollywood Harvey Weinstein e o ator Kevin Spacey.

Morgan Spurlock admitiu acusações de assédio e estupro

"Eu sou parte do problema", reconheceu na época o ganhador do Oscar pelo documentário "Super Size Me", ao admitir no Twitter que foi acusado de estupro durante a universidade e assediou uma assistente de trabalho. O americano relatou na rede social, hoje chamada de X, que não foi denunciado pelos crimes, mas que resolveu revelar o histórico abusivo ao assistir a "heróis e mais heróis" caírem e se motivar a ser uma pessoa melhor.

Spurlock destacou que, diante das revelações de assédio do #MeToo, não se questionava quem seria o próximo, mas sim, quando o movimento chegaria até ele.

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Pagou por silêncio

"Eu sou parte do problema. Na minha vida, houve vários momentos que se assemelham ao que vemos nas notícias. Quando estava na universidade, uma garota com que fiquei por uma noite me acusou de estupro. Não houve queixas ou investigações, mas ela escreveu sobre isso em um trabalho de classe e colocou o meu nome", recordou o americano.

Ele confrontou a vítima por acreditar que a relação sexual foi consentida. Os dois estavam bêbados, e a mulher precisou explicar que negou repetidas vezes o ato e sofreu com a insistência do documentarista. Anos mais tarde, ele fechou um acordo para uma acusação de assédio a uma funcionária não ir à frente. "Foi só verbal, mas foi tão ruim quanto", reconheceu o americano, que dava apelidos eróticos para a colega de trabalho.

Morgan Spurlock confessou que pagou pelo silêncio e "para continuar a ser quem eu era" sem que os outros soubessem. O cineasta também revelou aos seguidores que traiu todas as mulheres e namoradas com que se relacionou e que sofreu abuso sexual quando era criança e adolescente.

Morgan Spurlock, diretor do documentário ‘Super size me' — Foto: Reprodução

"Ao reconhecer e abrir publicamente o que fiz nesta situação terrível, eu espero empoderar a mudança em mim mesmo. Nós todos devemos achar a coragem para admitir nossas falhas. Mais do que qualquer coisa, espero reconstruir a confiança e o respeito daqueles que mais amo. Não sei se mereço, mas vou trabalhar todos os dias para reconquistar. Eu farei melhor. Eu serei melhor. Acredito que todos podemos ser melhores", frisou ele na época.

O que aconteceu com Morgan Spurlock?

O documentarista morreu nesta quinta-feira de complicações causadas por um câncer, segundo divulgado por sua família. "Foi um dia triste, quando nos despedimos do meu irmão Morgan. Morgan deu muito através de sua arte, ideias e generosidade. Hoje o mundo perdeu um verdadeiro gênio criativo e um homem especial. Estou muito orgulhoso de ter trabalhado junto com ele", declarou Chris Spurlock, irmão e parceiro do diretor em alguns de seus projetos, segundo a revista americana Variety.

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