'Meu desejo era me tornar um canibal e mastigá-lo', diz Raul Gazolla, sobre assassino de Daniella Perez

Ator relembra crime que chocou o país, há 30 anos, e afirma que reza para não encontrar Guilherme de Pádua, condenado por morte da artista

Por O GLOBO — Rio de Janeiro


Raul Gazolla fala sobre perda insuperável de Daniella Perez, em entrevista a podcast — Foto: Reprodução/YouTube

O ator Raul Gazolla relembrou a morte da atriz Daniella Perez, com quem foi casado, e afirmou, 30 anos após o assassinato da artista, que é "impossível superar essa perda". Em 1992, a filha da novelista Glória Perez foi assassinada, aos 22 anos, por Guilherme de Pádua, seu par romântico na novela "De corpo e alma", e a atriz Paula Thomaz. Os criminosos cumpriram apenas seis anos da pena estipulada em 19 anos de prisão . Hoje, Guilherme de Pádua é pastor de uma igreja evangélica em Belo Horizonte, em Minas Gerais. Gazolla afirma que , desde então, sempre reza para não encontrá-lo.

— A gente supera uma morte por acidente, uma morte por doença, a gente suporta uma morte de um ente querido. Mas quando é assassinato... Eu posso conviver com isso, mas superar é outra coisa — afirmou o ator, em entrevista ao podcast Papagaio Falante. — Depois que eu soube que tinha sido ele (o Guilherme de Pádua, responsável pela morte), meu desejo era me tornar um canibal e mastigá-lo. Sempre rezo para não encontrá-lo. Não dá para viver isso e ficar normal. Pensei assim: ou eu viro um psicopata e vou buscar vingança, ou eu me torno um monge. Graças a Deus, não aconteceu nem uma coisa nem outra, porque tive muito apoio da minha família e dos meus amigos.

A atriz Daniella Perez com a mãe Glória Perez, em 1991 — Foto: Paulo Rubens Fonseca/Agência O Globo

Gazolla contou que o ator Marcos Frota foi uma das pessoas que mais esteve ao seu lado para enfrentar o trauma. Nesse período, ele ficou sem saber o próprio nome durante um ano. Hoje, Gazolla se surpreende por não ter se tornado "uma pessoa esquisita", como diz.

— Sem amigos e sem família, você não é nada nessa vida — ele se emociona. — Para mim foi muito doído. É doído até hoje. Atribuo todos os infartos que tive às dores que tive no passado, e que mais tarde o corpo cobra essa fatura. Meu primeiro infarto foi com 54, e o último foi com 66. Não faria nada que desabonasse a minha conduta, mas o que eu desejo para ele (os assassinos) é que o universo faça o que tiver que ser feito para que eles cumpram o pagamento que eles têm que pagar.

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