Niterói ajusta a rota para voltar a se destacar na indústria naval

Dragagem do Canal de São Lourenço permitirá aproximação de embarcações de maior porte e revitalização do Terminal Pesqueiro

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Com início este mês, obras aumentam a profundidade do Canal de São Lourenço de sete para 11 metros PREFEITURA DE NITERÓI/ALEX RAMOS

A história de Niterói com a indústria naval foi inaugurada em 1846, quando Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, fundou, na Ponta da Areia, o primeiro estaleiro brasileiro. O futuro do município também passa pelo segmento, com a dragagem e o consequente aumento da profundidade do Canal de São Lourenço de sete para 11 metros, que ampliará as atividades off-shore e permitirá a aproximação de embarcações de maior porte. O investimento alcança R$ 140 milhões, e as obras devem ser concluídas em 15 meses.

O município pretende ainda revitalizar o antigo Terminal Pesqueiro, inaugurado uma década atrás pelo governo federal, mas que nunca entrou em funcionamento. Através de uma parceria público-privada (PPP), a ideia é aproveitar o espaço e a infraestrutura existentes.

Com uma área de 6.548 metros quadrados, o terminal vai abrigar um prédio principal para comercialização, fábrica de gelo, área para expedição, boxe para recepção de pescados junto ao cais, expedição rodoviária, área das docas, além de espaços para lojas, restaurantes e entretenimento.

O prefeito Axel Grael esclarece que a dragagem faz parte de um trabalho árduo, com várias etapas. O processo licitatório já foi concluído, e o consórcio vencedor finaliza o projeto executivo e o planejamento para iniciar, ainda este mês, as primeiras ações. O estudo de impacto ambiental (EIA/Rima) para a dragagem do Canal de São Lourenço foi arcado com recursos municipais: R$ 772 mil.

— Estamos falando de um dos maiores licenciamentos ambientais da história do estado. É uma intervenção que vai alavancar a indústria naval e de pesca, gerar emprego e renda e projetar Niterói — explica o prefeito. O levantamento levou em consideração a geologia através da análise do solo, níveis de ruídos subaquáticos, caracterização de qualidade da água e qualidade química e microbiológica. A fauna marinha e suas características também foram analisadas. Após a liberação do estudo e da licença ambiental, os resultados foram apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) aos órgãos competentes do governo federal.

PERSPECTIVAS ECONÔMICAS

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Luiz Paulino Moreira Leite, atravessou o Atlântico em busca de paradigmas de negócio.

— Temos como estratégia da cidade a economia do mar. Já fomos a Portugal olhar modelos de entreposto de pesca e estamos vendo a possibilidade até de trazer investidores para essa cadeia produtiva — revela Paulino.

Para o secretário executivo do município, Rodrigo Neves, a dragagem do canal é esperada há 30 anos pelos representantes do setor e agora é o momento certo para retomar os investimentos.

— Nos últimos seis anos, o setor naval sofreu muito, agora estamos organizando uma agenda com o governo federal, porque sabemos que a política da indústria naval tem muito a ver com políticas macroeconômicas — destacou Neves.

Segundo o diretor do Porto de Niterói, Wilson Coutinho, após a dragagem, deverá haver um aumento de mais de 30% a médio prazo nas atracações e nos serviços portuários.

— Essa ação é fundamental para apoiar o setor. Vai ser muito bom termos essa estrutura que virá a reboque da dragagem, com estrutura sanitária e capacidade de desembarque — observa o presidente do Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Saperj), José Inácio Figueiredo do Couto.

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