Uma estudante de 17 anos conseguiu, ainda no 2º ano do ensino médio, um desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que a colocaria em primeiro lugar na concorrência de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos cursos mais disputados do país. No entanto, como fez a prova na condição de treineira (candidatos que ainda não se formaram e se inscrevem para se habituarem ao Enem), Maria Clara Lopes não pôde aproveitar essas notas e terá que fazer o exame novamente. Neste ano, ele será realizado nos dias 3 e 10 de novembro.
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As notas dos treineiros foram divulgadas apenas em março, 60 dias depois do resultado dos outros competidores. O edital do Enem diz expressamente que esse grupo não pode acessar as vagas de ensino superior em nenhum dos programas de seleção, como Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
— Quando vi minha nota, não fazia ideia de que tinha ido tão bem assim. Na hora não tinha muita noção. Vi que era alta, mas passou batido — conta a jovem. — No momento em que a minha mãe me falou que, com essa nota, eu passaria em Medicina, não acreditei. Achei que ela estava falando bobagem, brincando comigo. Depois que entendi, só conseguia chorar — conta a estudante.
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Maria Clara conseguiu 980 na Redação, 946 em Matemática, 879 em Ciências da Natureza, 789 em Linguagens e 635 em Ciências Humanas — uma média de 845,8 pontos. Quando um amigo da família viu essas notas, alertou que ela tinha ido mais do que bem.
— Achei cansativo, mas nada absurdo. Saí com um nível de confiança bom, que eu tinha ido ok — diz Maria Clara.
Durante a apresentação das notas, em janeiro, o Ministério da Educação divulgou que apenas duas mil pessoas, entre os 2,7 milhões de participantes, atingiram uma nota entre 800 e 850, como Maria Clara. Isso significa que apenas 0,07% das pessoas que fizeram a prova conseguiram a marca.
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Como boa aluna, Maria Clara se dedicou às aulas do pH, uma escola privada da Zona Sul do Rio, e aos deveres de casa, mas sem se dedicar integralmente à prova do Enem. Ela entendia que, assim como no ano anterior, a inscrição do Enem que havia feito como treineira era simplesmente para conhecer melhor a prova e a sensação do momento de realizá-la.
— Eu estava leve fazendo o Enem. Não tinha a pressão — conta Maria Clara.
‘Agora é para valer’
Ela e a mãe dizem que a estudante aproveitou todos os fins de semana que pôde, sem se privar por causa dos estudos. Ao fazer a prova, gostou do tema da redação (“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”) e não teve dificuldade com as outras questões. A família conta que nunca fez um teste para medir as habilidades da jovem, uma possibilidade sobre a qual agora estão conversando, mas sem muito entusiasmo.
— Fiquei chateada por conseguir esse resultado e não poder entrar na faculdade que eu sempre sonhei, e minha mãe conversou muito comigo. Mas me serviu como um incentivo enorme — diz Maria Clara.
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A jovem conta que começou o ano pouco motivada e, ao receber a nota extraordinária, ganhou ânimo e confiança de que pode realizar o sonho de cursar a faculdade de Medicina, em especial na UFRJ — e não precisa nem ser na primeira colocação.
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— Agora é para valer. Quem faz o Enem coloca um peso muito grande no último ano do ensino médio. Mas já entendi que, se eu não passar de novo, posso tentar mais um ano, sem problema — diz.
As inscrições do Enem 2024 terminaram na última sexta-feira. Já o prazo para o pagamento da taxa segue aberto até a próxima quarta-feira.