Vinhos de Portugal
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Por José Augusto Moreira — Lisboa

Uma das mais conhecidas regiões vitivinícolas de Portugal desperta ainda muitas perguntas. Fomos até a região dos Vinhos Verdes, no norte do país, para aprender tudo sobre eles.

O Vinho Verde é um tipo de vinho?

Em Portugal ficou enraizada a dicotomia entre verdes e maduros. Acontece que, tal como todos os outros, o Vinho Verde é feito de uvas maduras. Seja em que região, lugar, país ou continente for, só se consegue fazer vinhos de uvas maduras.

O Vinho Verde não é, portanto, um tipo de vinho. O que há é a Região Demarcada dos Vinhos Verdes — criada em 1908 —, como no resto do país há outras como Douro, Dão, Alentejo, Bairrada etc. O Vinho Verde é apenas aquele que é produzido e vinificado na região dos Vinhos Verdes. E, mesmo assim, nem todo.

A indicação Vinho Verde diz respeito apenas aos vinhos aprovados como Denominação de Origem (DO Vinho Verde), sendo que a região produz os vinhos com Indicação Geográfica Minho (IG Minho), igualmente produzidos e vinificados na Região Demarcada dos Vinhos Verdes.

Acontece que, pelas características específicas da região e pelas condições históricas de viticultura, os vinhos da área que abrange o Entre-Douro-e-Minho sempre se distinguiram dos demais, pelo seu pendor fresco, frutado, aromático e pela acidez viva. Não só os vinhos como, de resto, também todas as outras culturas, vegetação e paisagem, onde o verde é sempre a cor dominante. Daí o nome adotado para a região vitivinícola.

A região só tem vinhos brancos?

Tem brancos, tintos, rosados, espumantes e aguardentes, tal como em geral todas as outras regiões. De fato, a produção de vinhos brancos é hoje dominante. Graças à qualidade dos vinhos e das suas castas características, que tem feito multiplicar a procura, tanto em Portugal como nos mais variados destinos de exportação. Mas nem sempre foi assim.

Até meados do século passado, a produção de tintos era dominante, e a dos brancos, apenas residual. Os tintos do Alto Minho foram os primeiros a serem exportados, havendo já no início do século XX, no porto de Viana do Castelo, uma feitoria dedicada à sua expedição.

Quinta da Aveleda: os Vinhos Verdes têm condições ideais para uma boa evolução em garrafa — Foto: Rui Oliveira
Quinta da Aveleda: os Vinhos Verdes têm condições ideais para uma boa evolução em garrafa — Foto: Rui Oliveira

O Vinho Verde tem gás?

Não, definitivamente, não! A ideia vem dos tempos, não muito longínquos, em que as adegas rudimentares e o conhecimento enológico empírico dos produtores faziam que não dominassem o processo fermentativo e os vinhos fossem em regra engarrafados com defeitos.

Com os primeiros calores da primavera, as bactérias lácticas atacavam as ácidas, dando origem a um segundo processo fermentativo, a chamada maloláctica, que basicamente desacidifica os vinhos, tornando-os mais macios. Ora, como o processo de fermentação desenvolve calor e dióxido de carbono, o gás libertado ficava retido na garrafa, dando origem ao tal efeito-agulha, a libertação de bolhas gasosas.

Porque eram em regra muito mais ácidos — e então carentes também de grau alcoólico —, o fenômeno era característico dos vinhos da região. Ainda por cima com a vantagem de que os tornava muito mais agradáveis, já que não só amaciava a acidez ríspida, tornando-os mais equilibrados, como contribuía com as sensações de frescura e crocância que resultam da libertação das bolhas gasosas.

O Vinho Verde só se produz no Minho?

Embora seja costume associar o Vinho Verde ao Minho, na verdade a região vitivinícola abrange uma área geográfica bem mais alargada, que vai para além do Entre-Douro-e-Minho, estendendo-se até para sul do Rio Douro.

Além dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto, a Região Demarcada dos Vinhos Verdes abrange também alguns concelhos dos distritos de Vila Real (Mondim de Basto e Ribeira da Pena), Viseu (Cinfães e Resende) e Aveiro (Castelo de Paiva, Arouca e Vale de Cambra).

São ao todo nove as sub-regiões abrangidas pela classificação de Vinho Verde: Monção/Melgaço, Lima, Cávado, Ave, Basto, Amarante, Sousa, Baião e Paiva. Os vinhos do resto do território recebem a indicação geográfica Minho.

Com os limites estabelecidos desde 1908, a região dos Vinhos Verdes é (ao lado da do Dão, reconhecida na mesma data) a segunda mais antiga de Portugal. A primeira é a do Douro, que foi criada em 1756.

Os Vinhos Verdes são para beber frescos?

Um Verde geladinho, por favor! O pedido é frequente, mas essa é também a forma mais vulgar de mostrar que não se é um grande conhecedor. A temperatura é fundamental para se apreciar as qualidades de um vinho, e o excesso de frio (ou de calor) tem o efeito de as adulterar ou mascarar. Portanto, geladinho, nem pensar!

A temperatura é essencial para garantir que as qualidades de um vinho tenham o devido destaque. E a primeira regra é o bom senso. Ou seja, não há padrões rígidos, devendo a temperatura ser gerida em função das circunstâncias, do estilo de vinho e do contexto de consumo. Sem fundamentalismos, já que tudo tem apenas um único objetivo: o prazer da bebida.

No caso dos Verdes, que são vinhos frescos por natureza, a regra é servir um pouco mais frescos, para potencializar as suas qualidades naturais. Mas há hoje Verdes de vários estilos e para todas as ocasiões. Se o vinho se destacar mais pelo corpo e estrutura do que pela fruta e pela jovialidade, convém subir um pouco a temperatura.

Num intervalo entre os oito e os 12 graus centígrados, teremos balizada a temperatura ideal para os brancos da região, enquanto os tintos tenderão a tornar-se rugosos e adstringentes com temperaturas acima dos 15-16 graus. Já os rosados estarão bem pelos patamares mais altos dos brancos e os inferiores dos tintos, enquanto para os espumantes se pedem as temperaturas mais baixas, não devendo nunca exceder os nove graus.

Mas há também que ter em conta que, mal salta a rolha, as temperaturas tendem a subir um pouco. Daí que, em caso de dúvida, é prudente optar sempre por um ou dois graus a menos. Até porque muito mais facilmente se faz subir do que baixar a temperatura de um vinho.

Os Vinhos Verdes são para consumir jovens?

Claro que não, e cada vez menos. Hoje é absolutamente comum encontrarmos Vinhos Verdes encantadores com mais de cinco anos. Perfeitos na frescura e na estrutura, requintados nos aromas e sabores. Vinhos que aparecem já nas cartas dos melhores restaurantes com indicação do ano de colheita, sendo como tal mais valorizados.

E até pelas castas e características naturais da região — acidez natural, grau moderado e maturações lentas — os Vinhos Verdes têm condições ideais para uma boa evolução em garrafa. Experimente-os, por exemplo, com um coelho ou cabrito assados e verá que não foi tempo perdido. Os Verdes ganham com a idade. E muito.

A 10ª edição do Vinhos de Portugal é uma realização dos jornais O GLOBO, Público e Valor em parceria com a ViniPortugal, com participação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, apoio das Comissões Vitivinícolas do Alentejo, Lisboa, Dão, Tejo, Vinhos Verdes e Península de Setúbal, Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, TAP Air Portugal e Lexus Rio de Janeiro, água oficial Águas Prata, hotel oficial Fairmont Rio (RJ), local oficial Jockey Club Brasileiro (RJ), rádio oficial CBN e curadoria Out of Paper. A edição de São Paulo conta com a Cidade de São Paulo como cidade anfitriã e SP Negócios como apoio institucional.

Texto originalmente publicado na revista Singular

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