'As pessoas gritavam que tinha sido a polícia, mas eu sabia que não'

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Neste primeiro episódio, o fotojornalista Domingos Peixoto, de 59 anos, relembra os acontecimentos que resultaram em um dos mais importantes flagrantes fotográficos de seus mais de 30 anos de carreira: a morte do cinegrafista Santiago Andrade, em 6 de fevereiro de 2014.

A sequência de imagens capturada por Domingos mostra o momento exato em que manifestantes, durante um protesto no Centro do Rio, acendem um rojão que acerta o cinegrafista na cabeça, resultando na morte do profissional, quatro dias depois, aos 50 anos de idade.

Em seu depoimento, o fotógrafo revela que já manifestava preocupação em relação à segurança durante a cobertura dos protestos e que pressentia que algum acidente poderia acontecer durante as manifestações.

– Chegou um determinado momento em que eu estava me preocupando muito com essa questão da segurança.

Domingos conta que, no dia em que fez a foto, o protesto saiu da Candelária com destino à Central do Brasil. Ele recorda que a estação foi invadida por manifestantes, que abriram as catracas e liberaram a passagem para usuários dos trens, o que provocou a intervenção da Polícia Militar.

– Eu pressentia que em algum momento isso poderia acontecer. Quando você faz uma fotografia, e eu já tenho uma certa experiência de vida profissional, a gente sabe o desdobramento que vai ter aquela imagem – conclui Domingos.

PERFIL

Nascido na Baixada Fluminense, Domingos Peixoto tem 59 anos, 33 deles dedicados à fotografia. Em sua carreira, conquistou importantes prêmios de fotojornalismo, entre os quais se destacam o Rei da Espanha – por duas vezes, uma delas com as fotos que retratam a morte do cinegrafista Santiago, sob o título de “Crime à liberdade de imprensa em 2014” – Prêmio Esso, Libero Badaró, Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, Petrobras, entre outros. É o 11º jornalista que mais conquistou prêmios na história do jornalismo brasileiro.