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Esportes Vasco

Vasco: confira a seleção da década, de 2010 até 2019

São Januário obteve 1 Copa do Brasil e 2 Cariocas no período, além de um vice brasileiro
Juninho, Dedé e Diego Souza estão entre os melhores da década do Vasco Foto: Editoria de Arte
Juninho, Dedé e Diego Souza estão entre os melhores da década do Vasco Foto: Editoria de Arte

Os anos dez do século XXI estão acabando e o jornal O GLOBO decidiu perguntar aos setoristas: qual é a seleção dos quatro grandes do Rio no período? Responsável pela cobertura do Vasco, Bruno Marinho montou sua equipe, debateu com os vascaínos da Redação e, depois de muita discussão, chegou a esta lista.

O time mostra um pouco do que foi a década vascaína: um período de muito orgulho no início da década, que sofreu duros golpes com os rebaixamentos em 2013 e em 2015. Quem surge nesse onze ideal são os jogadores que mostraram identificação com a camisa, raça e a capacidade de encantar, mesmo nos momentos mais difíceis.

Fernando Prass

Goleiro (2009-2012)

Apelidado de "Muralha da Colina", o goleiro teve papel fundamental na conquista do último grande título do Vasco. Na final da Copa do Brasil contra o Coritiba, no Couto Pereira, fez defesas importantes quando o time da casa fazia pressão. Defendeu o Vasco de 2009 a 2012, quando se transferiu para o Palmeiras lamentando a crise financeira do clube de São Januário. A identificação com o Vasco nunca se perdeu desde então e até hoje é lembrado com carinho pelos torcedores. Martín Silva jogou mais pelo Vasco no período, mas a falta de títulos e o rebaixamento em 2015 pesam contra o goleiro uruguaio e colocam Prass na seleção.

Fagner

Lateral-direito (2009-2012 e 2013)

Era apenas um jovem promissor quando chegou ao Vasco, em 2009. No ano seguinte, conseguiu se firmar e foi importante nas campanhas vascaínas seguintes: o título da Copa do Brasil e o vice-campeonato brasileiro, ambos em 2011. Foi negociado em 2012 com o Wolfsburg, da Alemanha. Retornou emprestado em 2013, mas não teve boas atuações na campanha que culminou com o rebaixamento do time para a Série B. Isso acabou diminuindo a relação dele com o clube, mas o que fez na primeira passagem não foi apagado.

Dedé

Zagueiro (2009-2013)

Ganhou o apelido de "Mito" da torcida do Vasco. De início, parecia até uma certa ironia com o zagueiro, então desconhecido, meio atrapalhado, que foi contratado depois de se destacar pelo Volta Redonda. Até trocadilhos com o apelido e o personagem do programa "Trapalhões" fizeram com o jogador no início. Mas depois, Dedé fez jus à fama. Entre 2011 e 2012, o nível das atuações assombrou o futebol brasileiro, com direito a partidas memoráveis contra Neymar e Vagner Love. Sua força física, capacidade de recuperação e precisão nos desarmes eram bem acima da média. No auge, ele chegou a cobrar faltas com categoria pelo time de São Januário e foi convocado para a seleção brasileira. Tanto talento fez com que o Cruzeiro investisse pesado para contratá-lo em 2013.

O capitão Leandro Castan é o melhor jogador do elenco atual do Vasco Foto: Rafael Ribeiro/Vasco/Divulgação
O capitão Leandro Castan é o melhor jogador do elenco atual do Vasco Foto: Rafael Ribeiro/Vasco/Divulgação

Leandro Castan

Zagueiro (2018-)

Capitão do Vasco atualmente, é disparado o melhor jogador do elenco comandado por Vanderlei Luxemburgo. Em São Januário desde 2018, conseguiu dar a volta por cima depois de um tumor no cérebro interromper sua carreira. Sua liderança e constância nas atuações colocam Castan entre os melhores dos anos 10. É um dos responsáveis pela campanha regular do time da Colina em 2019 e pela fuga do rebaixamento em 2018. Para completar, vestiu a camisa na campanha de reestruturação que o Vasco tenta implementar.

Felipe

Lateral-esquerdo e meia (1996-2002 e 2010-2012)

O maestro retornou ao Vasco em 2010 para ganhar a Copa do Brasil de 2011 e se consolidar como o jogador que mais conquistou títulos com a camisa cruz-maltina - nada menos que sete, dois brasileiros, uma Libertadores, uma Mercosul, um Estadual, um Rio-São Paulo e a própria Copa do Brasil. Atuou na maior parte do tempo como meia, mas quando foi preciso recuou para a posição que o consagrou, a lateral esquerda. Teve grandes atuações pela equipe até 2012, mas no último ano colecionou alguns episódios de atrito com o técnico Cristóvão, que dificilmente o escalava ao lado de Juninho e que muitas vezes preferiu o camisa 8 como titular. Deixou o clube em dezembro na debandada decorrente da crise financeira em São Januário, se transferindo para o Fluminense.

Allan

Meio-campista (2009-2012)

O volante chegou ao Vasco para atuar pelos juniores, vindo do Madureira, e a intensidade sempre foi uma marca registrada. Com qualidade com a bola no pé e muita força física, atuou de volante, lateral-direito e meia, quando preciso. Em São Januário, fez amizade com Philippe Coutinho, relacionamento que nutre até hoje. O time de São Januário sentiu demais sua saída no meio de 2012, quando foi vendido para a Udinese, da Itália. Era um jogador dos mais queridos pelos torcedores.

Juninho

Meio-campista (1995-2001, 2011-2012 e 2013)

O camisa 8 retornou para o Vasco no segundo semestre de 2011, depois de o time ser campeão da Copa do Brasil, e teve participação importante na campanha do vice-campeonato brasileiro. Sua vinda foi uma conquista do presidente Roberto Dinamite, que desde 2009 tentava repatriar o "Reizinho". Juninho postergou o retorno a São Januário, e quando fez, chamou a atenção por fazer um contrato com o clube em que recebia um salário bem abaixo dos padrões do futebol e estabelecia prêmios em caso de metas conquistadas. Segundo ele, a última coisa que queria na reta final da carreira era "roubar o clube". A excelência nas cobranças de falta, marca registrada, apareceu logo na partida de reestreia pelo Vasco - sobre o Corinthians, no Pacaembu. Em 2012, foi um dos melhores jogadores do time na Libertadores - a equipe caiu nas quartas de final para o Corinthians. Ele deixou o Vasco para atuar nos Estados Unidos no começo de 2013 e retornou no meio do ano. Apesar dos esforços, acabou rebaixado com a equipe no fim daquela temporada.

Yago Pikachu tem dupla função no Vasco: lateral e ponta Foto: Marcelo Theobald
Yago Pikachu tem dupla função no Vasco: lateral e ponta Foto: Marcelo Theobald

Yago Pikachu

Meia e lateral-direito (2016-)

O lateral-direito que também atua aberto mais à frente é uma das referências técnicas do Vasco atualmente. É o cobrador oficial de pênaltis e há duas temporadas é o principal goleador da equipe. Contratado para jogar a Série B em 2016, levou um ano para se firmar. Começou a ganhar confiança em 2017 e desde então ganhou o carinho da torcida. Não é o jogador dos sonhos de muitos, mas aos poucos mostrou que merece estar na seleção dos anos 10. Afinal, são 196 partidas oficiais e 36 gols marcados. Não é pouca coisa. Tem no currículo o título do Campeonato Estadual de 2016.

Diego Souza

Meia (2011-2012)

A torcida do Vasco até hoje não esqueceu o gol que o camisa 10 perdeu cara a cara com Cássio nas quartas de final da Libertadores de 2012. Muita gente acredita que o destino do clube de São Januário, do Corinthians, até da seleção brasileira seriam diferentes se aquela bola entrasse. O pior é que podem estar certos. Mas o fato é que, apesar do lance fatídico, Diego Souza marcou o Vasco positivamente. Foi uma passagem curta - chegou em 2011 e saiu em meados de 2012, pouco depois do lance fatídico. Mas as atuações foram fizeram diferença. O jogador foi um dos principais responsáveis pelo título da Copa do Brasil de 2011 e emplacou uma sequência de belos jogos e gols no restante da temporada. A identificação com a torcida veio rapidamente, sendo ele a locomotiva que puxava o Trem Bala da Colina, comemoração que marcou o período vitorioso. Mesmo já em declínio na carreira atualmente, ainda desperta a saudade de um ou outro torcedor. Diego Souza fez história, com ou sem o gol sobre Cássio.

Nenê

Meia (2015-2018)

O meia faz parte da lista, escalado pela esquerda, setor que dominou durante sua passagem pela Colina, entre 2015 e 2018. Contratado com a difícil missão de evitar o rebaixamento do Vasco quando o time era o lanterna, conseguiu impor sensível melhora no desempenho da equipe, ainda que não tenha impedido a queda. Desde o momento que chegou até sua saída, foi o dono da equipe: camisa 10, cobrador de falta, de pênalti. Nas bolas paradas, levou muito perigo e garantiu resultados em uma das fases mais complicadas do clube de São Januário. Foi quem chegou mais perto de se tornar um ídolo do Vasco, o que teria acontecido se o título mais importante conquistado fosse algo maior do que o Campeonato Estadual de 2016. A personalidade difícil foi uma marca no período, gerou atritos internos e acabou desgastando a relação com a torcida nos meses que antecederam sua saída para o São Paulo.

Em 2012, Alecsandro fez 25 gols, número do qual nenhum outro atacante que jogou no Vasco depois dele se aproximou Foto: Sergio Moraes / REUTERS
Em 2012, Alecsandro fez 25 gols, número do qual nenhum outro atacante que jogou no Vasco depois dele se aproximou Foto: Sergio Moraes / REUTERS

Alecsandro

Atacante (2011-2012)

Alecgol nunca foi unanimidade entre os vascaínos e houve quem defendesse até Talles Magno nessa posição, mas, rancores à parte, sua passagem pelo Vasco merece ser lembrada. O atacante defendeu o time de São Januário por duas temporadas e é o jogador da posição com mais gols no século: 38. Ele fez gols importantes na campanha do título da Copa do Brasil de 2011. No ano seguinte, marcou 25 gols em uma temporada, número que nenhum outro atacante que jogou pelo Vasco depois dele conseguiu sequer se aproximar. Tinha um estilo meio trombador, de pouca técnica, mas muita precisão nas cabeçadas. Talvez o gol vascaíno mais bonito dos anos 10 tenha sido dele: pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2012, ele acertou uma bicicleta de cinema, no ângulo, na vitória do Vasco por 1 a 0 sobre a Portuguesa.

Ricardo Gomes

Técnico (2011)

Foi quem recolocou o Vasco no caminho das conquistas depois de anos, ao vencer a Copa do Brasil de 2011. Assumiu um grupo que teve péssimo início de temporada e conseguiu rapidamente dar entrosamento e padrão de jogo à equipe com as entradas de Diego Souza e Alecsandro. O trabalho só não foi mais duradouro porque, no fim do primeiro turno do Brasileiro, durante o clássico contra o Flamengo, sofreu um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico. O episódio o deixou com sequelas e fora do futebol por quase quatro anos. Cristóvão Borges, que era seu auxiliar, assumiu no seu lugar e deu sequência ao trabalho no Vasco até 2012. A relação de carinho com o clube de São Januário e sua torcida, que deram muito apoio ao treinador na época do acidente, permanece até os dias de hoje.