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‘Se você está buscando um significado nas entrelinhas, então você provavelmente não entendeu”, dizem alguns dos enigmáticos versos do clássico “Majestic” da banda Wax Fang, uma das canções que Kyrie Irving mais gosta de ouvir ao entrar em quadra na NBA. Similares a essas linhas, uma ideia de caos na beleza e, ao mesmo tempo, de certo mistério rondam a carreira e a personalidade de um dos astros mais polêmicos da história da liga, que une os finalistas Boston Celtics e Dallas Mavericks por um mesmo fio. Hoje, às 21h, o armador é a grande esperança dos Mavs de empatar a série após a vitória por 107 a 89 dos Celtics no jogo 1.

Ex-jogador dos Celtics, numa relação que virou brutalmente do amor para o ódio, Irving foi recebido com vaias no TD Garden, como é de praxe quando pisa ali. As memórias, afinal, estão vivas: o armador deixou os Celtics meses depois de prometer que renovaria seu contrato. Acabou partindo para montar um supertime com Kevin Durant no Brooklyn Nets, que também ruiu. Desde então, trocou farpas e momentos ásperos com a torcida dos Celtics, com direito a um episódio de dedo do meio e outro, mais simbólico, em que pisou no logo da franquia.

— Nesta altura, eu já estou acostumado. Nos playoffs, na temporada regular, é sempre a mesma coisa. Pensei até que seria mais barulhento, mas estou esperando a mesma coisa no jogo 2, o público tentando me tirar do sério — comentou ele, numa declarações das menos bélicas que fez contra o ex-time nos últimos anos.

Números de Kyrie Irving — Foto: Editoria de Arte
Números de Kyrie Irving — Foto: Editoria de Arte
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Personalidade complexa

A equipe de Boston foi a casa de Kyrie num dos momentos mais importantes de sua carreira, quando, em busca de protagonismo e de liderar um elenco, resolveu deixar o Cleveland Cavaliers, franquia que o draftou e pela qual conquistou o título da NBA em 2015/16, ao lado de LeBron James. A dupla fez história em Ohio, primeira a frear a hegemonia do Golden State Warriors, impedindo um bicampeonato de Steph Curry e companhia.

Em Boston, Irving atuou ao lado de Jayson Tatum e Jaylen Brown, hoje astros da franquia, quando eles ainda eram jovens talentos. Viveu bons momentos na primeira temporada, em 2017/18, mas uma lesão no joelho esquerdo o tirou dos playoffs, nos quais os Celtics foram à decisão da Conferência Leste justamente contra os Cavaliers. Na pós-temporada seguinte, caiu com o time na semifinal do Leste, contra o Milwaukee Bucks.

Kyrie Irving com a camisa do Boston Celtics — Foto: Maddie Meyer/Getty Images/AFP
Kyrie Irving com a camisa do Boston Celtics — Foto: Maddie Meyer/Getty Images/AFP

Kyrie é visto como uma estrela de talento raro desde que entrou na liga. Escolha número 1 do draft de 2011, que tinha nomes como Klay Thompson, Jimmy Butler e Kawhi Leonard, o armador da Universidade de Duke conseguiu fazer uma difícil transição: levar as habilidades do basquete de rua para as ultracompetitivas quadras da NBA. Hoje, aos 32 anos, segue mostrando aquilo que o fez famoso: os dribles e o controle de bola mágicos. O armador aparece em todas as listas de melhores dribladores da História, e há muitos que o colocam no topo da turma, à frente até de Allen Iverson.

Depois da conturbada saída de Boston, a carreira de Kyrie passou por momentos de altos e baixos, muito por conta das atitudes fora de quadra do jogador. No Brooklyn Nets, em meio à pandemia da Covid-19, em 2021, recusou-se a ser vacinado. Acabou proibido de entrar nos ginásios em Nova York por conta de lei local e, posteriormente, foi afastado pela própria franquia.

Somou 35 jogos fora naquela temporada, um período de quase três meses sem atuar que ajudou a minar qualquer pretensão daqueles Nets, que chegaram até a juntar James Harden à dupla. Um ano depois, Irving voltou a ser afastado, desta vez por divulgar um filme de conteúdo antissemita e negar uma retratação. O imbróglio envolveu até Adam Silver, comissário da liga.

Teorias da conspiração

A personalidade forte e complicada e alguns posicionamentos, no mínimo, polêmicos, que levantaram várias discussões sobre saúde mental dos atletas, fizeram com que a imagem de Kyrie, por mais talento que ele tivesse, fosse queimada pouco a pouco diante do público e do mercado.

De um lado, estava o garoto criado em Nova Jersey (nascido em Melbourne, na Austrália), que mostrava em quadra um dos estilos de jogo mais bonitos das últimas décadas e protagonizou, com bom humor, a comédia Uncle Drew, personagem criado em comerciais da Pepsi. Um atleta que é fortemente conectado à luta e às origens do povo negro.

Kyrie Irving de máscara em jogo dos Nets durante a pandemia — Foto: KEVORK DJANSEZIAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Kyrie Irving de máscara em jogo dos Nets durante a pandemia — Foto: KEVORK DJANSEZIAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

Do outro, está alguém que acredita e dissemina teorias da conspiração. Elas vão do terraplanismo à crença numa suposta Nova Ordem Mundial que comanda a sociedade. Durante a polêmica do filme antissemita, houve rompimento de contrato com a Nike, que produzia uma linha exclusiva de tênis com o nome de Irving. Logo depois do distrato, ele apareceu em quadra com os dizeres “estou livre. Obrigado, Deus. Eu estou” no tênis.

Cortado de Paris-2024

Coincidência ou não, depois desses anos turbulentos, o armador acabou fora da seleção americana convocada para os Jogos Olímpicos de Paris, para os quais os Estados Unidos, capitaneados por LeBron, levarão força total, com alguns dos maiores talentos da NBA. Irving chegou a figurar na pré-lista de 41 nomes, mas acabou sendo um dos cortados.

— Não me encaixei no time, mas desejo o melhor para os meus irmãos. Eu cresci em um momento em que tínhamos que participar de tryouts com a federação, nos encontrávamos como um grupo, e uns ganhavam o respeito dos outros testando o quinto que se encaixava melhor — lamentou o jogador, medalhista de ouro na edição do Rio, em 2016.

Irving e Luka Doncic, destaques dos Mavericks — Foto: Cooper Neill/Getty Images/AFP
Irving e Luka Doncic, destaques dos Mavericks — Foto: Cooper Neill/Getty Images/AFP

Em Dallas, Irving vive um momento mais tranquilo da carreira. Quando chegou, levantou dúvidas sobre o encaixe com Luka Doncic, estrela da franquia que, assim como ele, tem como característica controlar a posse de bola. Nesta segunda temporada, eles encontraram o equilíbrio necessário: além de levar os Mavs às finais, somaram médias de 33,9 (Doncic) e 25,6 (Kyrie) pontos na temporada regular. Marcaram 37% dos pontos da franquia, terceiro melhor ataque do Oeste.

Mas o adversário na decisão, para além do passado com Irving, é complicadíssimo — e favorito. Sob vaias, o armador vai precisar fazer mais que os 12 pontos do jogo 1 para tentar empatar a série e apimentar ainda mais essa relação caótica.

— É lógico que esse passado cria um clima mais hostil, mais em relação ao próprio jogador do que à equipe. Sem dúvidas, ele está usando isso como motivação. Principalmente nesse jogo 2, depois do primeiro não ter sido muito bom. O ideal seria não pensar nisso, mas se pensar, que seja de uma forma positiva para empatar a série — analisa Guilherme Giovannoni, comentarista dos canais ESPN.

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