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Era réveillon de 2023. Victória Barros, com 13 anos recém-completados, viu o ano virar no aeroporto de Natal (RN), cidade onde nasceu e cresceu. Ao lado da mãe, Maria Luiza, abriu mão das comemorações para iniciar um novo ciclo bem longe do calor do verão potiguar. A festa podia esperar. Aqueles primeiros passos no frio solo francês em 1º de janeiro eram o início do sonho da criança que queria seguir a trajetória da tenista Serena Williams, seu ídolo de infância.

Nada mais apropriado do que dar início à carreira internacional sob a tutoria de Patrick Mouratoglou, ex-técnico da multicampeã americana e que tem em seu time atual os top 15 Coco Gauff, Stefanos Tsitsipas e Holger Rune. Em pouco tempo na famosa academia da Riviera Francesa, sendo treinada por Sliman Taghzouit, os resultados vieram. Victória fez cinco finais de torneios do circuito mundial juvenil da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês), competindo com jogadoras de até 18 anos. Venceu quatro: dois em Limassol e um em Larnaca, todos no Chipre; e o J100 de Dubrovnik, na Croácia. Agora sim, ela podia festejar e saborear o status de ser uma das promessas do tênis mundial.

— É muito legal ter todo mundo me apoiando. Estou trabalhando todos os dias, passo a passo, e cada dia é um dia para colher o fruto. Eu não sabia que isso tudo ia acontecer, mas foi um passo de cada vez, trabalhando muito com a minha equipe e a minha família — diz Victória, que também se inspira em Bia Haddad, melhor tenista brasileira atualmente.

A rápida adaptação da jovem atleta à França não surpreende. As mudanças de cultura e clima fazem parte da curta trajetória de Victória desde muito cedo. Apenas dois anos após ganhar a primeira raquete de tênis de um empresário local e fazer aulas em clubes de Natal, a menina com então 8 anos deixou a capital potiguar rumo ao interior de São Paulo.

Início em institutos

Nada disso caiu do céu, como reforça a mãe Maria Luiza, ex-atleta de beach tennis, modalidade que serviu de porta de entrada para Victória no mundo dos esportes aos 4 anos. Em nome do sonho da filha e ciente de sua habilidade com uma raquete na mão, ela mandou uma carta para o Instituto de Tênis, em Barueri, em 2018. A resposta veio em forme de convite para que a menina fizesse testes, que foram bem-sucedidos e lhe garantiram uma bolsa.

Divorciada do pai de Victória, Sérgio, desde 2014, Maria Luiza levou a filha para Barueri com a ajuda de amigos e rifas. Pediu demissão da empresa onde trabalhava como administradora, e assim começava a promissora carreira da menina.

—Mudei minha vida por ela, para que ela se encontre onde está hoje — diz a mãe, que participa ativamente de cada passo da filha e a ajuda a manter os pés no chão.

O talento de Victória fez outras instituições abrirem os olhos. No ano seguinte, ela se mudou para Curitiba após receber convite do Instituto Ícaro, que deu mais condições financeiras para a tenista se desenvolver e participar de mais torneios. Com apenas 11 anos, Victória disputou seus primeiros torneios europeus, após retornar a São Paulo para outra instituição. Foi quando olheiros de todo o mundo identificaram o potencial da jovem, que se destaca pela técnica e pela força física.

Especialmente após vencer o Open Stade Français, torneio para atletas de até 14 anos jogado nas quadras de Roland Garros, em 2022. Victória tinha apenas 12 anos. E, de quebra, fechou contrato com uma agência esportiva. Atualmente, a menina tem patrocínios de três empresas: Nike, Wilson e Claro, além de contar com bolsa da ITF para correr o circuito. Os contatos abriram as portas do mundo para Victória. A diretora da agência, por exemplo, é amiga de Mouratoglou.

—Ela fez o primeiro contato. Ele veio ao Brasil duas vezes e falou com a Victória, que escolheu treinar na academia dele pela história, por gostar muito da Serena. Criou um elo afetivo — afirma Maria Luiza, lembrando que o primeiro convite do francês, em 2022, foi recusado: —Avaliamos que não era o momento. Ela foi na hora certa.

No início do ano, Mouratoglou publicou um vídeo nas redes sociais da academia com muitos elogios à pupila. “Em primeiro lugar, ela vive para o tênis e está muito motivada no projeto para se tornar uma jogadora top. Ela tem um jogo muito completo e diferente do que vemos no tênis feminino. E por último, ela está feliz em quadra. Não é um trabalho, é uma paixão para ela. Uma de suas principais características é que ela está sorrindo quase o tempo todo quando está em quadra. Vocês ouvirão falar dela muito em breve”, declarou.

Torneios profissionais

Victória também mereceu a atenção de Ivan Ljubicic, ex-técnico de Roger Federer, após conquistar o título sub-14 do Ljubicic Academy Open, em abril de 2023. “Você é uma atleta incrível, fisicamente você é fantástica. Só peço que não perca essa criatividade e que possa jogar esse tênis espetacular”, afirmou à época.

O sorriso é realmente a marca registrada de Victória. Em treinos ou jogos, a menina não o tira do rosto nem nos momentos mais difíceis. Ensinamento da mãe.

— O sorriso é o que faz a gente ser forte nessa difícil caminhada — diz Maria Luiza.

Mas aliado ao sorriso estão a determinação e competitividade natas da menina. São tais características que fazem Victória não se importar em perder datas festivas nem se preocupar com as comemorações dos seus 15 anos, no dia 21 de dezembro — provavelmente, ela estará se preparando para o Australian Open Junior. Só há um foco agora para 84ª do ranking mundial juvenil: ir mais longe.

— Meu plano é jogar os Grandsland Juniors. E tentar jogar todos os torneios da categoria agora — explica ela, que voltou a Paris após a gira sul-americana com uma final em Lima e trabalha para estrear em torneios profissionais: — Estou planejando para ser este ano. Tudo em seu tempo.

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