Martín Fernandez
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GERADO EM: 20/06/2024 - 13:31

Desvalorização da Copa América prejudica seleção brasileira

A desvalorização da Copa América afeta a seleção brasileira, que é prejudicada pela sobreposição do Campeonato Brasileiro. Decisões da CBF e falta de prioridade comprometem o desempenho do time, enquanto a competição é ignorada em meio aos campeonatos estaduais.

Um ano e meio depois da decepção no Catar, a seleção volta a jogar para valer, com a perspectiva de erguer um troféu, ainda que seja o troféu que o futebol brasileiro mais despreza.

A Copa América existe desde 1916, é a competição de seleções mais antiga do mundo, e faz tempo que a Conmebol decidiu organizá-la paralelamente à Euro. Esta edição, a de 2024, foi incluída formalmente no calendário da Fifa em abril do ano passado, portanto vários meses antes de a CBF publicar seu próprio calendário.

Mas a confederação (sempre com a cumplicidade dos clubes) escolheu ignorar tudo isso, privilegiou mais uma vez os campeonatos estaduais e espremeu o Campeonato Brasileiro – que está sendo disputado durante a Copa América e sem os jogadores convocados para o torneio.

Cada vez que você lamenta a ausência de um jogador do seu time na Série A, o presidente de uma federação estadual se recosta na poltrona, abre o sorriso e constata: "No meu campeonato, ele jogou". É essa a escala de prioridades do futebol brasileiro: os estaduais no topo, o resto que se adapte. Enquanto os clubes toparem, sempre será.

Nas próximas quatro semanas conheceremos mais efeitos do crime de lesa-futebol que é sobrepor Campeonato Brasileiro e Copa América. Nesta quinta-feira, na mesma faixa de horário em que a Argentina estreia contra o Canadá, as atenções do Brasil naturalmente estarão nas partidas entre Flamengo e Bahia, Palmeiras e Red Bull Bragantino – todos desfalcados, claro.

Pode não parecer, mas a desvalorização da Copa América respinga na seleção brasileira. Quando ninguém presta atenção na primeira partida de Messi e da eterna rival num campeonato que o Brasil também disputa, é porque a própria seleção não importa tanto assim.

É tão presente essa sensação que uma grande marca – Rexona – não mediu as consequências de contratar Ronaldinho Gaúcho para insultar a seleção e seus atuais jogadores numa campanha publicitária supostamente esperta. O fato de o discurso ser propositalmente falso para atrair atenção e então gerar um "desmentido" só torna tudo mais embaraçoso para autores e alvos.

Este é o resultado das decisões da CBF no pós-Copa. Dorival Júnior é o terceiro técnico em um ano. Antes dele, Ramon Menezes e Fernando Diniz perderam tempo e jogos enquanto a CBF dizia esperar por Carlo Ancelotti. Aliás, se havia mesmo algo assinado com o treinador italiano, é incompreensível que a CBF não tenha feito como o Al-Sadd, do Catar, que foi à Fifa para cobrar Abel Ferreira pela quebra de um suposto pré-contrato.

O discurso do presidente Ednaldo Rodrigues de "aproximar o time da torcida" nunca saiu do papel. Na prática, a seleção só jogou no Brasil quando foi obrigada, nas Eliminatórias. Na semana passada, a CBF informou que a média de público nos jogos em 2024 é de 74 mil pessoas por partida – todas na Europa ou nos EUA. Houve até uma menção orgulhosa ao "aquecimento da economia" de uma cidade do Texas graças ao amistoso entre Brasil e México.

Nada disso, claro, é responsabilidade de Dorival ou de seus jogadores. O Brasil é, junto com a Argentina, o grande favorito a vencer a Copa América. Mas certos problemas, os maiores, não se resolvem nem com títulos.

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