De acordo com pesquisa feita em março deste ano pelo Instituto Plano de Menina - projeto social criado em 2016 que tem como missão capacitar e conectar meninas de periferias a grandes oportunidades - e a marca de cosméticos The Body Shop, o peso é o maior motivo de pressão estética sofrida pelas mulheres no ambiente corporativo. De 1.448 entrevistadas entre 18 e 59 anos, cerca de 88% delas já se sentiram pressionadas no trabalho por não estarem no peso considerado "ideal".
“Olhar para estes padrões dentro do mercado de trabalho e ver o quanto a aparência física é valorizada acima das competências e habilidades é extremamente preocupante e nos traz a mensagem de distração e paralização que o machismo e estereótipos de padrões nos impõe. Precisamos nos fortalecer em relação a estes temas e gerar debates propositivos e agendas de transformação destes comportamentos no mundo corporativo”, diz Vivi Duarte, CEO do Plano de Menina.
No mundo corporativo, a imagem muitas vezes é valorizada tanto quanto as habilidades profissionais, e as mulheres que não se enquadram nos padrões estéticos dominantes podem enfrentar discriminação e marginalização, principalmente quando falamos de peso. Ele foi um dos maiores vieses inconscientes apontados pela pesquisa nos processos de recrutamento e seleção.
“Eu estava fazendo a seletiva de candidatos para uma vaga de comunicação interna na empresa em que trabalho, e ao encontrar a candidata perfeita, o gestor da vaga me retornou que não seguiria com ela pois ela não parecia ser uma menina com 'sangue nos olhos'. Só depois de contratar outra candidata, percebi que essa percepção do gestor foi puramente baseada no fato dela ser obesa”, disse uma recrutadora ouvida durante o estudo.
Diante desses desafios, é crucial que as empresas adotem medidas para promover uma cultura de inclusão e respeito à diversidade no ambiente de trabalho. Paula Pimenta, General Manager LATAM da The Body Shop, afirma que os dados são preocupantes e trazem a mensagem de distração e paralisação que o machismo e os estereótipos impõem. "Precisamos nos fortalecer em relação a estes temas e gerar debates propositivos e agendas de transformação destes comportamentos no mundo corporativo”, diz ela.
Vivi Duarte afirma que, diante dos dados reveladores sobre a persistência desse padrões estéticos no mercado de trabalho, a força da mudança reside na capacidade de nos unirmos e desafiarmos o status quo. "E de promover uma revolução na forma como as mulheres são percebidas e valorizadas no ambiente profissional. Essa é uma transformação urgente para que o mercado acolha cada vez mais meninas e mulheres sem ferir quem são, adoecê-las e impactar o desempenho profissional, uma vez que muitas já enfrentam diversos outros desafios só para chegar nesses espaços".