Por meio das redes sociais, dividi com vocês minha imensa alegria em estar presente no evento Legends in Town (promovido pela XP Inc e Alvarez & Marsal) com a presença marcante de Oprah Winfrey, a apresentadora e empresária mais poderosa do mundo, dona da sua própria rede televisiva.
A educação mudou a vida de Oprah e a minha também. Ela alcançou lugares inatingíveis na ótica de uma sociedade ainda desigual e provou que uma mulher negra retinta pode conquistar muitas coisas – inclusive ser enaltecida como a verdadeira rainha que ela é.
Representatividade
O sentimento de representatividade emanava em cada canto do WTC Golden Hall, na última quarta-feira, 10 de abril de 2024. O quão necessário é se sentir representado já não configura mais como uma novidade. Trata-se, isso sim, de um pensamento e uma prática que devem ser contínuos e frequentes até que, em um futuro equânime, possamos compreender momentos como a visita de Oprah para enaltecer a trajetória da apresentadora talentosa, sem destacar, em primeiro plano, questões raciais.
Voltando ao evento, depois da apresentação dos cantores Luciana Mello e Wilson Simoninha (a dupla cantou uma composição de Jorge Ben Jor), Oprah chegou ao palco para a entrevista conduzida pela atriz Taís Araújo. Referência também nas artes cênicas (a sua performance em A cor púrpura é, para mim, inesquecível), premiada em Hollywood, é sinônimo de inspiração e poder.
Educação e investimento
Para seguirmos construindo e contando histórias inclusivas, temos a responsabilidade de despertar nos jovens o interesse por algo que, muitas vezes, eles mal sabem que existem, a exemplo dos acessos à educação e a oportunidades diversas. Quero elevar vozes, em especial a de pessoas que formam maiorias minorizadas.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, 9,6 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais não foram alfabetizados. Quando fazemos uma análise com recorte de cor ou raça, vemos que 7,4% das pessoas pretas e pardas não passaram pela alfabetização, enquanto no grupo de pessoas brancas, 3,4%.
No quesito investimento, o Brasil emprega apenas US$3 mil por aluno, superando só o México e países da África. Para efeito de comparação, a Suíça investe US$18 mil por estudante. Segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 42 países, o nosso é o terceiro pior país quando o assunto é a área educacional.
O que é sucesso na visão do coletivo?
Poder dirigir nossas vidas com dignidade é, sem dúvida, um caminho para o sucesso. A liberdade é o nosso maior patrimônio e a educação é a porta dessa liberdade. “Seja dona do seu próprio caminho e siga com gratidão. Dessa forma, você nunca estará no lugar errado”, fala Oprah, alguém que, desde cedo, entendeu que tinha um chamado. E eu acredito que todas nós também temos. No Brasil, somos 27% da população, mulheres pretas e pardas que podem mudar realidades – as suas e as de tantos outros.
A abertura majestosa da jornalista Cynthia Martins, atuando como mestre de cerimônia do evento, as presenças de Zica Assis, Fernanda Ribeiro, Jandaraci Araujo, Luana Ozemela, Paula Lima e Kenya Sade e um painel de mulheres que entendem o significado verdadeiro e profundo desse encontro enriqueceram toda a experiência.
Hoje com 70 anos e oriunda de uma família sem recursos, Oprah, que continua ativa e no topo, deixou o palco com a reflexão sobre tudo o que é possível fazer e alcançar quando há oportunidades. Um mar de emoções e sentimentos, uma jornada desafiadora ao ver uma mulher que nos encoraja a continuar batalhando. Yes, we can. Sim, nós podemos.