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Por Yasmin Setubal — Rio de Janeiro

Eu sou vários! Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles”. Difícil prever o que o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900), o maior dos niilistas, acharia do alcance de suas frases com as redes sociais. E, principalmente, do impacto delas em Larissa Farias, de 25 anos. “O post apareceu em meu feed quando eu mais precisava, porque estava sofrendo por não acolher minhas transformações pessoais. Acostumei-me a ser uma pessoa boazinha e adaptável, por isso dói ver que estou me tornando alguém que sabe impor limites”, diz.

Com poucos recursos para investir em sessões de terapia, é na tela do celular que a gestora de marketing carioca encontra um divã para refletir sobre inseguranças e angústias do cotidiano. O movimento é alimentado por páginas que se dedicam a passar orientações e insights sobre autoconhecimento, como “Eu sou o caos” (@soucaos), seguida por mais de 3,1 milhões de pessoas, e “Obvious” (@obvious.cc), perfil com 1,2 milhão. “São conteúdos que em situações de extrema tristeza me fizeram levantar da cama, organizar a mente e arrumar a vida”, afirma Larissa.

Definido como “uma marca de educação e entretenimento”, o perfil “Epstemia” (@epstemia) — criado em 2019 por um coletivo de artistas e que já conta com mais de 748 mil seguidores — é um dos que apostam em levar inspirações de autoconhecimento à comunidade do Instagram. “Nosso processo de criação é muito pautado nas experiências pessoais da nossa equipe, de pessoas próximas e daquelas que nos seguem também. Abordamos os desafios que nos são apresentados ao longo da vida”, explica Caio Batista, idealizador e porta-voz da página.

Na visão do psicanalista Abílio Ribeiro Alves, tudo bem consumirmos conteúdos produzidos por perfis e influenciadores digitais que sugerem reflexões e soluções para determinadas questões emocionais, desde que os encaremos como oráculos. “Muitas vezes, num primeiro momento, o encontro com um conselho, ou uma indicação de como proceder na vida, gera um efeito aplacador de angústia. Entramos nessa tendência do imediatismo. Não elaboramos muito sobre as coisas, ansiamos por respostas rápidas”, pondera o especialista, que reitera a importância de se procurar a ajuda de um profissional. “O problema é que o buraco é sempre mais embaixo. O sofrimento humano, as questões que nos atingem, geralmente têm fontes mais complexas. Esse tipo de intervenção não substitui o processo terapêutico”, conclui.

Caio Batista, por sua vez, defende “que cada um busque o nível de ajuda que precisa para lidar com determinadas situações”.

A fisioterapeuta Izabella de Lucca, de 25 anos, reconhece a importância da terapia, mas diz que, até o momento, as “sessões virtuais” suprem suas necessidades emocionais. “São insights que me servem como uma espécie de ‘chacoalhão’, um aviso para prestar atenção no que estou precisando. Além de sempre aparecerem nos momentos mais oportunos”, conta a paulista de Ribeirão Preto.

A última vez que recebeu acalanto foi há duas semanas, quando se viu amargurada em uma relação tóxica com as próprias redes sociais. “‘Cuidado para não se arrastar para baixo enquanto você arrasta o feed para cima’ foi exatamente o que precisava ler naquele momento. Estava me sentindo mal vendo todas as pessoas que seguia sendo felizes "em seus perfis, viajando, curtindo, enquanto eu estava naquela correria do dia a dia”, relata.

Elis Monteiro, especialista em redes sociais, pontua que não é coincidência — mas algoritmos — aparecer em feed publicações sobre assuntos tratados nos aplicativos de conversa, e tranquiliza ao avisar que não há ninguém nos vigiando. “As mídias sociais trabalham com esses algoritmos, que identificam padrões de comportamento e vendem para agências publicidades. Não há almoço grátis.”

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