G20 no Brasil
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Por — São Paulo

O Estado tem de se responsabilizar pela economia do cuidado, e as empresas privadas também, diz Maria Helena Guarezi, secretária executiva do Ministério das Mulheres. À frente da coordenação do Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres — o primeiro dedicado a gênero no G20 e que se reúne pela primeira vez neste ano —, ela alerta para múltiplas violências contra as mulheres, uma das quais é a marginalização delas na economia.

Criado em 2023, quando a Índia estava à frente do G20, o GT entra em vigor sob a presidência do Brasil e trabalha com os eixos igualdade e autonomia, política de cuidado, além do enfrentamento à violência e no âmbito da justiça climática.

O GT tem uma agenda extensa. Quais são as prioridades?

O Brasil propôs esses temas como prioritários para discutir empoderamento das mulheres. São hoje os mais afeitos a uma economia global que garanta a participação qualitativa das mulheres. A violência contra as mulheres, seja física, verbal, psicológica ou institucional, afeta a participação delas na economia. E não apenas na economia como trabalho, mas em processos decisórios.

As mulheres não estão neles porque há um processo de violência, de apartamento e desigualdade no mundo do trabalho. A questão (da economia) dos cuidados, especialmente, afasta as mulheres desses processos. Precisamos bater a questão dos cuidados como uma questão estruturante.

Precisamos discutir a questão da violência, porque ela também afeta a participação das mulheres neles. E a igualdade no mundo do trabalho também. Temos capacitação, informação, mas há um processo cultural violento com as mulheres. Temos de romper determinadas barreiras.

Como?

O que nós queremos hoje? Na presidência do Brasil e por ser o primeiro ano do GT, queremos que não seja um grupo de trabalho marginal. Que haja um processo de os países dizerem: “É importante que as mulheres participem, que tenhamos esse debate”, mas queremos mais do que isso.

Precisamos de ações que façam com que esse compromisso se efetive na prática, na participação política, de ampliação das mulheres em todo o processo da economia, que é a questão central do G20.

Uma das questões sobre a assimetria de gênero é a economia do cuidado. Faltam políticas de Estado? As mulheres deveriam ser remuneradas por esses serviços?

Quanto à primeira pergunta, sobre se o Estado está fazendo alguma coisa, digo que a nossa vida reflete essa resposta. É tão evidente que a questão do cuidado hoje sustenta a economia do planeta. E o Estado hoje não tem uma política de cuidado. Há algumas coisas pontuais e que nem podemos considerar como de cuidado.

Por exemplo, creche. A creche não pode ser vista como uma política exclusiva do cuidado, é uma política da educação. Mas a creche tem um horário. Há mulheres que trabalham à noite, como na saúde. Não podemos fazer uma creche para as crianças aprenderem no período noturno.

Precisamos ter um instrumento que garanta que essas crianças serão cuidadas, acolhidas. E, principalmente, em um lugar que temos de descobrir juntos como pode ser, em um espaço público e também em um privado.

E, se for em um espaço privado, como vamos remunerar esse cuidado? Como será pago esse serviço? Vamos ter de discutir de forma conjunta. Mas que o Estado tem de garantir a segurança, tem. Seja por normativa, seja por recursos, pagamentos que temos de fazer. E aí diferenciamos a questão do cuidado entre política do cuidado e a economia do cuidado.

No campo da economia do cuidado debatemos todos esses recursos que Estado, sociedade e empresas teremos para lidar com isso. E, no campo da política, que instrumentos vamos colocar à disposição da sociedade para garantir que as pessoas efetivamente sejam cuidadas. Ou debatemos a questão do cuidado ou a sociedade colapsará, porque não haverá mais quem cuide, não haverá condição física de cuidar.

De que maneira isso se relaciona com outras áreas?

As mudanças climáticas, por exemplo, acabam impactando mais as mulheres do Sul Global, que são as mais vulneráveis. Veja o exemplo grotesco que temos. No Rio Grande do Sul, o Estado teve de intervir, porque as mulheres estavam sendo violentadas dentro dos abrigos. Isso mostra como as mulheres são afetadas mais fortemente.

Mas queremos trazer os dois lados da moeda. Mostrar que mulheres e crianças mais vulneráveis são as mais atingidas pelas questões climáticas, mas também dizer para o mundo que temos solução para isso. Queremos mostrar soluções que as mulheres trazem, que são soluções muito diferentes dessas trazidas por esse grupo que pensa a economia.

Como fazer o GT não ficar apenas nas recomendações?

Isso exige uma engenharia de articulação bastante grande porque temos 19 países membros mais União Europeia e União Africana, com culturas e posicionamento político diferentes. Esses processos exigem muito cuidado político para avançar, mas estamos com uma perspectiva muito otimista. Não posso dizer qual será o instrumento e nem se vamos conseguir efetivá-lo, mas esse é o nosso desejo, de ter um instrumento que seja mais que uma recomendação.

Há metas?

Vemos que metas são importantes, mas elas por si só podem não resolver o problema. Têm de vir acompanhadas de processos. E o que queremos é avançar em processos para se chegar às metas. Mas temos algumas resistências dentro do G20.

Do Sul ou Norte Global?

Depende. Em alguns países do Sul, por exemplo, mais do que uma resistência em relação à meta, pode ser que haja uma resistência cultural. Tem outras que são resistências políticas, outras são econômicas. Estamos tentando dialogar em todos esses processos e chegar a um acordo mais próximo daquilo que dê para avançar. Por isso, estamos fazendo articulações com os outros GTs também. (Do Valor)

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