A concessão de crédito consignado, com desconto em folha, para aposentados e pensionistas do INSS no primeiro trimestre de 2024 foi a maior da série histórica do Banco Central do Brasil, iniciada em 2011. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira.
Nos três primeiros meses deste ano, a concessão foi de R$ 29,02 bilhões. No ano passado, neste mesmo intervalo, os empréstimos dos beneficiários do INSS somaram R$ 19,6 bilhões. A alta foi de 47,4%.
Além disso, a taxa média de juros cobrada pelos bancos no empréstimo pessoal consignado para beneficiários do INSS recuou para 22,4% ao ano em março, segundo os dados do BC. Esse é o menor nível desde novembro de 2021, quando o juro médio cobrado na modalidade estava em 21,3% ao ano.
Desde que Carlos Lupi assumiu como ministro da Previdência, houve sete cortes na taxa do consignado dos aposentados. Ele quer seguir os cortes na Selic. O primeiro foi em 13 de março de 2023, quando o percentual baixou de 2,14% ao mês para 1,70%.
Os bancos reagiram e suspenderam a modalidade, o que fez a taxa subir 1,97% ao mês. Depois disso, o teto dos juros vem sendo reduzido gradativamente, apesar da resistência dos bancos.
Na última decisão, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) determinou que a taxa do empréstimo com desconto em folha caísse de 1,72% ao mês para 1,68%.
Até março, a taxa média de juros das operações de crédito consignado estava em 1,7% por mês, de acordo com o balanço do BC.
— Apesar de os bancos falarem que isso (teto) era inviável, o dado mostra que a margem de lucro dos bancos ainda aceita (o teto) e com aumento da demanda de quem precisa desses empréstimos — cita Keone Kojim, economista da Valor Investimentos.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), de forma recorrente, critica o tabelamento de juros, ao citar que a redução do teto ficou em um patamar "economicamente inviável" para as instituições financeiras, além de mencionar eventual redução na oferta dessa modalidade.
O crédito consignado para o INSS teve queda de 3,3% em 2023, na comparação com 2022. Houve recuperação nos últimos meses do ano passado, após queda mais robusta em meados do ano.
— Com a taxa de juros caindo (Selic) e o custo do dinheiro mais baixo, os bancos podem tolerar taxas mais baixas. E a grande vantagem do consignado é que o risco (de inadimplência) baixíssimo, com desconto na fonte (folha do aposentado) — analisa Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio.