Economia
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Por — Rio

Um dos motores da economia em 2023, a agropecuária não conseguirá repetir o desempenho este ano. Problemas climáticos a partir do segundo semestre do ano passado e cotações internacionais com tendência de queda deverão puxar a produção de grãos para baixo.

Na última quinta-feira, tanto a Conab quanto o IBGE pioraram suas estimativas para a safra 2023/2024, que deverá ficar em torno de 300 milhões de toneladas, mas, ainda assim, será a segunda maior da História.

Ano passado, o Brasil colheu mais uma supersafra. A produção recorde – 319,9 milhões de toneladas, segundo a Conab – ajudou a controlar a inflação de alimentos e foi uma das responsáveis pela surpresa positiva com o crescimento econômico. O PIB deve ter crescido em torno de 3,0%, ante as projeções abaixo de 1,0%, dominantes no início de 2023.

Segundo José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, pesquisador do Ipea especializado em economia agrícola, apesar das perspectivas de queda na produção deste ano, o quadro poderá não ser tão ruim assim.

– Esses movimentos conjunturais de um ano para o outro são naturais – afirmou Vieira Filho, destacando tanto a evolução da produção nacional ano a ano quanto a perspectiva de demanda em alta no médio prazo. – A perspectiva internacional é de demanda elevada. No caso do milho, temos o aumento da produção de biodiesel e etanol a partir dele.

El Niño mostra suas garras, segundo IBGE

Segundo o IBGE, a produção deste ano tem sido atingida pelo El Niño, fenômeno climático causado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que leva chuva em excesso para o Centro-Sul e seca e calor para o Centro-Norte.

As chuvas e o calor limitaram o potencial de produção da soja "em boa parte das unidades da federação produtoras", ressaltou o IBGE, ao divulgar os dados mensais da safra na quinta-feira.

Ainda assim, o instituto prevê uma queda de apenas 1% na produção da principal cultura da agricultura nacional. Tanto o IBGE quanto a Conab apontam para uma produção total em torno de 150 milhões de toneladas, o que mantém o Brasil como o maior produtor global.

As exportações da leguminosa seguiram fortes em janeiro. Em quantidade, saltaram 240%, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Serviços (Mdic).

Produção o ano todo depende de 'janelas de plantio'

A produção de milho deverá sofrer mais. Uma das vantagens competitivas da agropecuária do Brasil é que o clima, sem um inverno rigoroso, permite plantar e colher o ano todo, com duas ou três safras, dependendo do ciclo de produção de cada cultura.

Um dos modelos mais usados pelos produtores nacionais é plantar uma safra de milho logo em seguida da colheita da soja. Assim, quando o clima não permite o plantio da soja na época ideal – em torno de outubro –, os produtores acabam plantando menos milho. O milho tem um período no qual precisa ser plantado, chamado de "janela de plantio", para dar tempo de colher antes de entrar a safra seguinte de soja.

Segundo o IBGE, o "atraso no desenvolvimento" da soja já causou um "encurtamento da janela de plantio” do milho. Por isso, as estimativas apontam até para uma queda maior na produção de milho. No caso da Conab, é esperado um tombo de 13,8% na produção.

Nos cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a supersafra deve ter feito o PIB da agropecuária disparar 16,2% em 2023, impulsionando o crescimento agregado de 2,9% – os dados do ano fechado, do IBGE, serão divulgados em 1º de março. Para este ano, o FGV Ibre projeta uma queda de 3,4% para a agropecuária, com um crescimento econômico de 1,4%.

Mais otimista, a equipe de economistas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) projeta retração de 0,8% no PIB da agropecuária em 2024, diante de um crescimento econômico de 1,6%.

Cotação da soja cai 32% em 1 ano

Além do clima, a tendência de queda nas cotações da soja e do milho também não ajuda. Na última terça-feira, a saca de 60 quilos de soja no Brasil estava em R$ 118,82, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq, a escola de agricultura da USP. É 32% abaixo de um ano atrás. No caso do milho, a queda é de 26%, para R$ 62,82.

A tendência de queda é marcada por incertezas sobre o ritmo do crescimento da economia da China, maior demandante dos grãos produzidos em todo o mundo, e pela volta da produção da Argentina ao mercado – o país vizinho é o terceiro produtor global de soja, mas a seca devastou a safra passada por lá.

Quando o preço cai, mesmo que a produção seja boa, a rentabilidade para o produtor é menor. Com menos lucros, ele investe menos e pode até entrar em dificuldades financeiras.

A Elisa Agro, uma das maiores produtoras em lavouras irrigadas no país, teve o pedido de recuperação judicial aceito pelo Judiciário de Goiás na última quarta-feira. Não por acaso, produtores têm cobrado ações do governo, como mais investimentos públicos em seguros e crédito subsidiado.

Vieira Filho, do Ipea, pondera, por outro lado, que a modernização e o avanço tecnológico das últimas décadas diversificaram a agropecuária brasileira – que tem produção relevante de grãos, açúcar, algodão e todo o complexo das carnes. Isso dá mais força ao setor como um todo, diz. No caso das carnes, a soja e o milho servem de insumo, como alimentação animal. Portanto, a queda nas cotações poderá ajudar.

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