A província argentina de La Rioja, no noroeste do país, aprovou, nesta quarta-feira (17), a emissão de uma "quase-moeda" própria, alternativa ao peso, para cobrir parte do pagamento de salários estatais diante dos cortes nas contribuições federais do governo do ultraliberal Javier Milei.
"Somos obrigados a isso pela velocidade, a brutalidade, a crueldade do ajuste que se precipitou em 20 dias", afirmou o governador Ricardo Quintela, da oposição peronista, pouco antes da aprovação da emissão pelo Parlamento provincial.
A população de La Rioja é de 380 mil pessoas, em um país de 46,6 milhões de habitantes. Sua economia é baseada na produção agrícola, mineração, turismo e agroindústria, principalmente de óleos, doces e vinhos.
"Sejam bem-vindas à competição as moedas provinciais", comentou Milei no X (antigo Twitter), da Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial de Davos.
Em La Rioja, 65% do emprego formal pertence ao setor público, segundo estatísticas oficiais.
"E pensar que na campanha me chamaram de louco por propor um esquema com competição livre de moedas e agora a estão promovendo", acrescentou.
Na Argentina, circularam há anos várias quase-moedas provinciais de uso cotidiano desde 2001, quando eclodiu uma grave crise econômica que pôs fim à paridade fixa de um peso igual a um dólar que vigorou durante o regime de "convertibilidade".
Em 2004, quando estavam muito abaixo de seu valor nominal, as quase-moedas foram totalmente absorvidas pelo Estado nacional.
Argentinos vão às ruas contra 'decretaço' de Milei
![Tropa de choque entra em confronto com manifestantes durante protesto contra o decreto do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Z9Wl4nkk1biYYfn1g6L28ughuJ4=/0x0:6370x4247/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/Q/Ok50xWQxqLjA0NH43LOg/105388101-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
![Tropa de choque entra em confronto com manifestantes durante protesto contra o decreto do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/U1oalBP0gwExSKFMNS3J7q_WhAM=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/Q/Ok50xWQxqLjA0NH43LOg/105388101-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
Tropa de choque entra em confronto com manifestantes durante protesto contra o decreto do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
![Manifestante é detido em Buenos Aires. Milei decretou, na semana passada, um megadecreto para mudar ou eliminar 366 regras econômicas — Foto: Luis ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/XxxPD_CKd8VvlI1I5oR5fKdkGeQ=/0x0:7199x4799/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/b/B/3PqkoMRHGQtiP4BObjaQ/105388105-police-detain-a-protester-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union-cgt-agai.jpg)
![Manifestante é detido em Buenos Aires. Milei decretou, na semana passada, um megadecreto para mudar ou eliminar 366 regras econômicas — Foto: Luis ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/JHKJ5MI5yZkXHAPUaDy0OeNk9tw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/b/B/3PqkoMRHGQtiP4BObjaQ/105388105-police-detain-a-protester-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union-cgt-agai.jpg)
Manifestante é detido em Buenos Aires. Milei decretou, na semana passada, um megadecreto para mudar ou eliminar 366 regras econômicas — Foto: Luis ROBAYO / AFP
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![Houve tumulto durante a dispersão da multidão, na tarde desta quarta-feira, e agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/NEaIDfCPtxVhAYtFl28qBnC_o1E=/0x0:8256x5504/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/G/S4Z21TSCeizBahLxF3HA/105388113-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
![Houve tumulto durante a dispersão da multidão, na tarde desta quarta-feira, e agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/UviTNUHD6ISHfLmTyYfGJdgd6ic=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/G/S4Z21TSCeizBahLxF3HA/105388113-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
Houve tumulto durante a dispersão da multidão, na tarde desta quarta-feira, e agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
![Membros de sindicatos protestam contra o decreto de emergência do presidente Javier Milei durante uma manifestação convocada pela União dos Trabalhadores da Argentina (CGT) em frente ao Palácio da Justiça, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/yb1VWCNUKX5dZijtrEg9uC4UtgE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/B/C/3o1bdFRraEX2NjB0MtYQ/105387695-members-of-labor-unions-protest-against-president-javier-mileis-emergency-decree-during-a.jpg)
Membros de sindicatos protestam contra o decreto de emergência do presidente Javier Milei durante uma manifestação convocada pela União dos Trabalhadores da Argentina (CGT) em frente ao Palácio da Justiça, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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![Movimentos sindicais e organizações argentinas tomam as ruas de Buenos Aires para protestar contra 'decretaço' de Milei — Foto: Luis Robayo / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/p_fyGx4XCYpWHIVy_FZVkrlVKJA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Q/N/u8GN98TESsmdWeL93gEQ/105387683-members-of-labor-unions-protest-against-president-javier-mileis-emergency-decree-during-a.jpg)
Movimentos sindicais e organizações argentinas tomam as ruas de Buenos Aires para protestar contra 'decretaço' de Milei — Foto: Luis Robayo / AFP
![A marcha reúne as principais federações trabalhistas do país — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ikv6QDjITWW4zFH6UpuBp3AG_nc=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/P/N/Ye5rkgTZAU9jAVpue7rQ/105387241-in-this-aerial-view-members-of-labor-unions-protest-against-president-javier-mileis-emerg.jpg)
A marcha reúne as principais federações trabalhistas do país — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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![Protesto ocorre duas semanas após o governo impor um protocolo que restringe o direito de manifestação ao impedir o fechamento de vias públicas e punir os participantes com ações na Justiça e suspensão de benefícios sociais — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Wt8z5VqpFqyFnuMamVVnUkUPwbE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/X/8zcf5AT8OJZEHTaUmokg/105387309-a-woman-walks-next-to-members-of-the-argentine-national-gendarmerie-gna-as-members-of-labo.jpg)
Protesto ocorre duas semanas após o governo impor um protocolo que restringe o direito de manifestação ao impedir o fechamento de vias públicas e punir os participantes com ações na Justiça e suspensão de benefícios sociais — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
![Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/1WRUBEpQGBDeOFUKVXVhYOLPBtI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/a/H/NHgo7XReWEY2edRW7Irw/105387038-members-of-the-construction-workers-union-uocra-protest-against-president-javier-mileis.jpg)
Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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![Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/E_9mk5y6MJybgk68XntPdSFiREM=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/f/M/94YXkMQ6qJy61PKoBsrg/105387036-members-of-the-construction-workers-union-uocra-protest-against-president-javier-mileis.jpg)
Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
As quase-moedas emitidas agora "de forma alguma serão resgatadas pelo governo nacional", alertou desta vez Milei, que iniciou um ajuste draconiano nos gastos equivalente a 5% do PIB para 2024, incluindo um corte nas transferências diretas de fundos para as províncias.
A pedido do governador, o Legislativo de La Rioja autorizou a emissão do equivalente a 22,5 bilhões de pesos (135,6 milhões de reais no câmbio oficial atual) na quase-moeda bocade (bônus de cancelamento de dívida), para quitar 30% dos salários estatais.
O início da circulação deste instrumento dependerá da demora em sua impressão e dos acordos com entidades privadas para sua aceitação.
O governo de La Rioja justifica a emissão dos bocades na falta de resposta do governo de Milei à reivindicação de uma dívida vinculada a impostos federais de cerca de 9,3 bilhões de pesos (56 milhões de reais), uma disputa entre o Estado e a província, que já está na Suprema Corte.