Economia
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Em mais um sinal de recuperação do mercado de trabalho, empresas como o Grupo Pão de Açúcar, Amazon e Americanas já absorveram parte relevante de mão de obra contratada temporariamente no fim do ano passado. Com a taxa de desemprego no menor patamar desde fevereiro de 2015 (7,5%), a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) estima que a parcela de efetivados fique em torno de 22%, acima dos 20% do ano passado.

Normalmente, a temporada de admissões temporárias começa em setembro, com o comércio e indústria se preparando para datas como Black Friday e Natal.

Para a demanda de fim de ano, o Grupo Pão de Açúcar contratou cerca de 2 mil pessoas temporariamente, concentradas na Baixada Santista, em São Paulo. Dessas, 80% foram efetivadas para trabalhar no caixa, no setor de perec��veis e na mercearia.

O número é o maior dos últimos três anos e, segundo a empresa, as contratações são para atender ao aumento da demanda, principalmente no período de férias.

Mais de 20% dos temporários de Natal devem permanecer nas lojas — Foto: Thomas Barwick/Getty Images
Mais de 20% dos temporários de Natal devem permanecer nas lojas — Foto: Thomas Barwick/Getty Images

A Amazon recrutou 6 mil temporários em outubro para auxiliar nas operações dos centros de distribuição e estações de entrega. Mil foram efetivados. Antes da temporada de compras, a empresa contava com 10 mil funcionários. Em janeiro, são mais de 11 mil colaboradores:

— São pessoas que se mostraram dispostas a aprender e desenvolver habilidades. A Amazon é porta de entrada para jovens que desejam iniciar no mercado de trabalho e aprender sobre logística e operações de entregas — diz Fabiano Arroyo, líder de RH na Amazon Brasil.

A companhia não informa se a taxa de efetivados foi maior em 2023 em relação aos anos anteriores, mas reconhece que tem conseguido “ampliar o negócio de forma gradual”.

A previsão da Asserttem é que o ano de 2023 tenha encerrado em patamar similar ou até superior à maior taxa de efetivação já registrada na série, que é de 22%, em 2021. Caso supere, deverá ser o percentual mais alto da série histórica, iniciada em 2014.

Uma das contratadas no fim do ano passado foi Camila dos Santos Bastos, de 29 anos, que começou a trabalhar como operadora de loja na Americanas do Botafogo Praia Shopping no dia 11 de dezembro. Após três anos desempregada, Camila foi efetivada no fim do mês passado e já está fazendo planos para o futuro:

— Agora quero fazer um curso de segurança e entrar na autoescola — afirma.

Segundo a Asserttem, a indústria foi a que mais contratou (60%), seguida dos serviços (30%) e do comércio (10%).

Perfil diferente

De acordo com Glaucus Botinha, diretor da associação, o perfil de temporários contratados têm mudado, com a indústria absorvendo mais trabalhadores com o avanço do comércio eletrônico. Atualmente, o setor fornecedor de insumos é o principal contratante da mão de obra temporária no Brasil.

Ele afirma que o ano começou com boas perspectivas no mercado de trabalho, como continuação da melhora do ambiente macroeconômico observado no ano anterior, diante da queda do desemprego e dos juros:

— A safra agrícola é positiva para 2024, o setor de turismo e serviços está tendo um verão movimentado, com muitas viagens e demanda por serviços de hotelaria, e isso tem se refletido em oportunidade para aproveitamento de temporários.

Na Americanas, que está em processo de recuperação judicial, entre os 12 mil temporários contratados temporariamente no fim do ano passado, 1.390 pessoas — ou pouco mais de 11% do total — foram efetivadas no início de 2024. O percentual de efetivados, porém, ainda é cerca de 30% menor do que o observado nos primeiros dias de 2023.

O vice-presidente de Gente da Americanas, Leonardo Ferreira, afirma que a redução na taxa de admissão acontece diante de uma estrutura de lojas mais otimizada e ajustada às necessidades da empresa. A empresa, em crise, demitiu mais de dez mil funcionários no último ano:

— Outro ponto é que quanto menor o turnover, menos você necessita da recomposição do quadro. Temos feito um trabalho de retenção do time de operação de loja — diz.

Os dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) para janeiro mostram um cenário melhor na comparação com 2023. A expectativa é que mais 3.497 pessoas sejam admitidas. No ano passado, o saldo ficou negativo em 5.195 pessoas, ou seja, houve mais desligamentos que efetivações.

Centro de distribuição da Amazon, em São João de Meriti. — Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo
Centro de distribuição da Amazon, em São João de Meriti. — Foto: Rebecca Maria / Agência O Globo

Economia mais fraca

De acordo com Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, apesar das melhoria recente, a economia no início de 2024 ainda impede resultados melhores para a manutenção de trabalhadores temporários:

— O Brasil estava em uma trajetória de crescimento, com queda nos juros, e o mercado de trabalho respondeu, mas o endividamento das famílias segue alto, assim como o preço final dos produtos. Os preços estão estáveis, mas os valores na gôndola ainda não são baratos.

A CNC está menos otimista que a Assertten, espera que apenas 16 mil dos 250 mil temporários sejam mantidos. Mas o mercado de trabalho tem surpreendido positivamente. No início do ano passado, esperava-se que a taxa de desemprego ficasse acima de 8% no fim de 2023. Em novembro, o índice ficou em 7,5%.

Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria, afirma que a expectativa é que, em 2024, a economia cresça menos, o que limita a geração de vagas:

— Devemos ver uma perda de tração da economia até o fim do segundo trimestre. A desaceleração da economia global, o menor impulso fiscal e a ausência de crescimento mais forte do setor agropecuário justificam essa expectativa, tanto da atividade quanto do mercado de trabalho — afirma. — A gente não deve ver níveis de criação de postos na mesma velocidade que ocorreu no pós-pandemia.

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