Economia
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Por — Rio

O dólar blue, negociado no mercado paralelo na Argentina, voltou a superar mil pesos nesta terça-feira, após a vitória de Javier Milei nas eleições de domingo. A Bolsa, por sua vez, saltou mais de 20%, impulsionada pelo forte avanço de empresas estatais. Ontem era feriado no país e o mercado acionário não funcionou.

Embora os bancos tenham tomado medidas antes do pleito para garantir que teriam dinheiro suficiente, executivos do setor disseram a órgãos reguladores, em conversas privadas, que podem precisar de ajuda adicional para reforçar o sistema, segundo a Bloomberg.

Muitas cuevas, pontos de venda de dólares no mercado paralelo, não funcionaram nos últimos dias, à espera do resultado das eleições. Hoje, as negociações voltaram com força.

O dólar blue encerrou a 1.025 pesos para compra e 1.075 pesos para venda. O índice Merval, por sua vez, subiu 22,84%.

Logo nas primeiras horas da manhã, o governo de transição baixou decreto instituindo uma mudança na fórmula que determina o câmbio para exportadores. A Argentina tem mais de uma dezena de cotações de dólar.

O valor do dólar exportação foi elevado para 614 pesos, uma valorização de pouco mais de 20%. A determinação ocorreu ainda na noite de segunda-feira após o ministro da Economia e candidato derrotado pela União pela Pátria, Sergio Massa, ter se reunido com sua equipe para definir a transição.

Até sexta-feira passada, o câmbio usado em vendas ao exterior era definido por uma fórmula que combinava dólar oficial (70% do valor) e dólar usado em contratos de liquidação (30%). Isso fazia com que a moeda americana para exportadores saísse por 508 pesos.

Atração de divisas para o país

A partir desta terça-feira, a fórmula será 50%/50%. Esse cálculo será mantido até ao menos 10 de dezembro, quando Milei assume a presidência da Argentina.

A ideia por trás da mudança é atrair divisas para o país. A Argentina vive uma profunda crise com escassez de dólares e inflação que supera 100% em 12 meses.

No seu discurso após a vitória, Milei disse que pretende seguir com seu plano de privatizar estatais, fechar o banco central e dolarizar a economia, mas analistas são céticos quanto à viabilidade das duas últimas medidas.

No caso das privatizações, os investidores apoiam a pauta liberal. Na segunda-feira, quando o mercado em Buenos Aires estava fechado, as ADRs da petrolífera estatal YPF negociadas em Nova York, por exemplo, saltaram 40%. ADRs são recibos de ações.

Nesta terça, as ações das estatais continuaram impulsionando a Bolsa portenha. Os papéis da YPF, por exemplo, subiram 38,62%.

Difícil execução

O diretor da consultoria argentina Analytica, Claudio Caprarulo, destaca que o movimento de alta do dólar paralelo na Argentina já era esperado qualquer que fosse o candidato eleito.

No caso da vitória de Milei, o movimento tendia a ganhar mais força pela proposta de dolarização da economia defendida pelo presidente eleito. Para Caprarulo, a chave do movimento do câmbio até o dia da posse da posse de Milei, em 10 de dezembro, serão as expectativas dos agentes de mercado.

— Neste sentido, as suas declarações e os detalhes do seu plano de governo serão decisivos. Além disso, há um banco central que tem poucos dólares e exportadores com baixos incentivos para liquidar as vendas.

Caprarulo acredita em uma valorização menor da Bolsa no curto prazo, pelo fato das propostas de Milei apresentarem "inconsistências", com pouca possibilidade de se concretizarem.

— Para o setor privado, as privatizações são sempre bem vistas porque, para além de predominar muitas vezes uma visão negativa relativamente às qualidades do Estado como administrador, são também uma oportunidade de negócio — disse o diretor.

O diretor da Analytica avalia que as principais propostas econômicas defendidas por Milei terão dificuldades de avançarem no Congresso. No caso da dolarização, o analista destaca a falta de reservas no país.

— Resta saber se em algum momento as condições estarão reunidas para que Milei possa avançar com esse plano. Em todo caso, tanto a história argentina como a de outros países mostram que não é um caminho benéfico. A inflação pode ser reduzida sem perder a moeda nacional e a possibilidade de conduzir a política monetária, por exemplo como fez o Brasil. A sua proposta de eliminar o Banco Central vai na mesma direção, não é algo que se possa fazer de um dia para o outro e ao mesmo tempo não é nada aconselhável fazê-lo.

O analista da Empiricus Research, Matheus Spiess, ressalta que Milei precisou moderar o discurso desde a vitória nas primárias em busca de apoio político. Ainda assim, Spiess prevê que dificilmente propostas mais radicais sejam aprovadas no país.

— Não sabemos se o projeto de dolarização irá adiante e o próprio Congresso é muito plural, com forte presença do peronismo. Será difícil construir esse consenso para algumas propostas mais arrojadas. Alguma institucionalidade, em especial as relações da Argentina com o resto do mundo, deve impedir que determinadas propostas mais radicais passem — disse.

O analista acredita que a tendência é de um dólar mais valorizado, enquanto não houver maior clareza sobre para onde o governo quer caminhar e os próprios nomes que o formarão.

Na avaliação do vice-presidente de crédito da agência de classificação de risco Moody’s Investors Service, Jaime Reusche, embora Milei tenha proposto medidas fortes durante a sua campanha que poderiam eventualmente resolver os graves desequilíbrios que atualmente paralisam a atividade econômica do país, as iniciativas reduzem o poder de compra.

— Estas medidas, se adotadas conforme descrito, causariam um ajuste econômico abrupto e profundo, colapsando o mercado interno

Reusche também destaca que um Congresso dividido e as pressões sociais também influenciarão a capacidade do novo presidente de implementar políticas corretivas.

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