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Por — Rio

Você já entrou em uma loja e estava tocando a sua música favorita? Não foi por acaso. Empresas de varejo estão investindo em curadoria musical e playlists específicas para aumentar a retenção de clientes e melhorar a experiência de compra nos pontos de venda, em um momento em que o e-commerce avança e o varejo físico tenta se reinventar.

Algumas dessas varejistas são assessoradas por empresas como a 2id, uma agência de music branding que atende mais de 80 marcas em mais de dez mil pontos de venda. Ela estuda o perfil das marcas, com entrevistas de funcionários e donos, visitas a lojas, reuniões com a equipe de marketing e até imersões no dia a dia da varejista para determinar o DNA da marca e entender como ela pode dialogar com o público-alvo por meio do que antigamente era chamado de música ambiente.

A partir disso, são elaboradas playlists personalizadas, cujo objetivo principal é casar com a personalidade do tipo de cliente da marca e animá-lo para as compras. Veja mais abaixo, no fim desta reportagem, a playlist de algumas lojas e marcas.

O CEO da 2id, Danrley Calabrezi, conta que na Chilli Beans, por exemplo, que patrocina festivais de música e anunciou uma linha em parceria com o DJ Alok, os pontos de venda apostam em trilha sonora eletrônica em volume mais alto, como se os clientes estivessem se sentindo em um show enquanto experimentam óculos escuros.

Enquanto isso, no Starbucks, onde a mistura dos tons terrosos e verde musgo da decoração busca sensação de conforto e certa sofisticação, a música é mais suave, com folk e indie pop. No restaurante de comida japonesa Gendai, que é mais descolado, os clientes saboreiam sushis num ambiente moderno, ao som de pop nacional e internacional.

Calabrezi explica que algumas marcas têm sua base de fãs, que pagam caro pelas roupas e aguardam ansiosos os lançamentos, mas outras são mais distantes e podem usar a música para criar uma experiência positiva nas lojas e construir a conexão com novos clientes, impulsionando as vendas.

— Uma das estratégias para dialogar com o cliente é a familiaridade, que pode transportá-lo para um lado mais afetivo. Ele pode ouvir uma música e lembrar de um familiar ou de uma ocasião. Uma música mais lenta aumenta o tempo de permanência do cliente na loja, fazendo com que ele tenha mais contato com os vendedores, enquanto a música mais rápida faz pensar menos e tomar decisões mais por impulso — conta.

Na Farm, a prioridade é a música nacional, reforçando a identidade brasileira da marca, com roupas coloridas e estampas florais. Diego Francisco, diretor de Marketing da Farm diz que a ideia é criar um ambiente agradável e acolhedor:

— Para nós, a música também é pilar de identidade. Tem essa capacidade de reforçar o momento da marca, as mensagens que queremos passar nas coleções. Ao passar por uma loja da Farm, você sabe exatamente onde está. É um diferencial importante.

Já na Vivo, que é assessorada pela Tecla Music, a estratégia varia: quando a loja está mais vazia e quer atrair clientes, a música é animada, com hits de Ivete Sangalo, conta o gerente de curadoria da agência, Jean Tranjan. Mas quando há muitos clientes com queixas, querendo resolver burocracias de telefone, a trilha sonora fica mais calma, com MPB e artistas como Caetano Veloso e Djavan.

A Tecla atende outras 70 marcas, como Arezzo e Vans e os restaurantes Outback e Mamma Jamma.

— A chegada das plataformas de streaming no Brasil também abriu a porta para as marcas entrarem em contato com os seus consumidores diretamente, com playlists próprias. Reforça muito o laço da marca com os clientes porque você extrapola o momento de estar na loja. Você pode ouvir a playlist da Arezzo ou da Shoulder quando quiser — diz Eduardo Boorhem, executivo da Tecla Music.

A música da loja pode parecer detalhe e talvez até passe despercebida, mas se for ruim ou descolada do perfil do cliente ou do ambiente — como pop no último volume no provador, pode afastar o consumidor. Há seis anos, um cliente entrou em uma loja de uma rede especializada em pets e, enquanto buscava produtos para seu animal de estimação, ouviu uma música cuja letra falava sobre matar passarinhos e fez um escarcéu.

A partir daí, a rede buscou a assessoria da 2id. Agora, só toca música brasileira, privilegiando vozes femininas e instrumentais com cordas, diz Calabrezi.

Para Ulysses Reis, professor de varejo na FGV, a música tem capacidade de criar uma identidade de marca e melhorar a experiência do consumidor no ponto de venda:

— O comportamento do consumidor mudou nos últimos anos, e a maioria das pessoas prefere comprar on-line. Agora, a loja tem que ser muito voltada para a experiência de comprar, a pessoa se sentir bem, poder tocar nos produtos. O cliente está mais exigente.

Quer conferir algumas playlists de lojas e marcas? Clique no nome da empresa abaixo e ouça a seleção musical no Spotify.

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